RUGGEROPrecisava desvendar essa charada antes
que fosse muito tarde. Delicadamente
acariciei seu rosto e como se sentindo
meus dedos, ela se virou no sono e com
confiança se encaixou no buraco entre
meus ombros. Eu soube que estava
ferrado porque tudo se encaixou como
um quebra cabeças naquele instante:
tinha me apaixonado por karol .
Pela manhã, arrumei-me para
trabalhar e esperei karol acordar.
Eram quase nove da manhã quando a
campainha tocou e pensei em Albert,
que estava a minha espera. Avisei que
esperaria por ela, mas já deveria ter
partido há alguns muitos minutos.
— Ainda é tão valente sem seus
seguranças? – diz Gastón sevilla
avançando sobre mim no momento em
que abri a porta.
— Que porra está fazendo aqui, saia
agora! – respondo, segurando-o pela
lapela de seu blazer e o empurrando
para fora. Olho para trás, com medo de
Karol surgir e encontrar seu irmão no
meio da minha sala.
— Você achava que eu não saberia o
motivo? – Ele responde, ainda tentando
fazer força contra mim, mas sou mais
forte que ele e consigo segurar seus
braços e empurrá-lo para fora.
— Saia daqui, já disse!
Um barulho acontece atrás de mim e
sei que Gastón viu karol . Quero
avançar sobre ele, quebrar cada osso no
corpo desse homem se ele tentar magoar karol
— É tudo culpa dessa puta! Que você
falou para ele, irmãzinha? Esse bosta
está ferrando com as minhas coisas e
tenho certeza que foi você! – Gastón
responde, apontando para karol
— Irmãzinha? – Ela pergunta confusa
e me olha sem entender – o que está
acontecendo aqui?
— Não se faça de idiota, karol .
Você é tão rancorosa como aqueles dois.
Eu deixei vocês em paz, porra. Quero
ser deixado em paz.
— Que merda você está falando?
Quem é você?
— Você não sabe mesmo? Não se
lembra de mim? – ele pergunta para
Karol .
— Eu não faço ideia de quem é você
e nem do que está acontecendo aqui – eu
o empurro mais, tentando tampar o
campo de visão de Gastón , para que ele
nem mesmo olhe em direção a karol .
— Saia! Vou chamar a polícia, não é
o que você quer não é, Gastón ? – Falo
com raiva e ele deixa de encarar karol
para me dar um olhar de ódio.
— Gastón ? Quem é você? – ela
pergunta.
— Sou seu irmão, karol . E
aparentemente aqueles idiotas me
apagaram da vida deles como queriam,
já que você não sabe quem sou eu.
— Isso é impossível, eu saberia...
— karol ... – falo, alertando-a.
— Não, eu...
— Ele não é boa pessoa. Vá para o
quarto.
— Você sabe o que está acontecendo?
— Sei – respondo simplesmente. Para
Karol é o suficiente e ela sobe as
escadas como eu pedi. Será que ela vai
confiar em mim do mesmo jeito quando
saber a verdade?
— Vai me esconder da minha irmã? –
Gastón pergunta em um tom jocoso.
— Vai à merda, Gastón . Você foi pego.
Vai se arrepender se chegar perto dela
novamente.
— E quem vai fazer isso?
— Vou te parar de um jeito ou de
outro. Agora vai, antes que não fiquemos
apenas nas ameaças — Solto Gastón ,
empurrando-o porta afora. Ele ajeita seu terno com calma e me olha com ódio.
— Não sabe com quem se meteu,
principezinho – Gastón fala antes
de virar as costas e ir embora.
Assim que a porta bate, corro para
cima, para achar karol sentada na
cama, com olhar preocupado. Ela me vê
na porta e corre para mim, pulando nos
meus braços. Era a hora da verdade, e
estava morrendo de medo do que
aconteceria depois.
— Está tudo bem? Aquele homem
parecia perigoso. Ele já foi embora?
Quem é ele?
— Se chama Gastón , e como
ele mesmo disse, é seu irmão – falo
simplesmente e ela se solta, afastando-
se de mim e me encarando confusa.
Karol se senta na cama e por mais que
quisesse abraçá-la e consolá-la,
precisava explicar com detalhes,
olhando em seus olhos.
— Como assim meu irmão? Não faz
sentido algum.
— Sua família escondeu a existência
dele por medo de você ter qualquer tipo
de relação com ele.
— Por quê?
— Porque ele é violento, o afastaram
quando você nasceu. Vocês viveram
vidas separadas.
— Você me investigou pelo acordo? –
Ela pergunta, respirando pesadamente.
Parecia conformada que eu tenha tido
que investigá-la e percebi que esse era o
momento que eu a faria ir embora. Eu
precisava contar a verdade. Ajoelhei-me
à sua frente, tentando ter toda sua
atenção enquanto dizia as palavras que
iriam cimentar nosso relacionamento.
— Nós fizemos o acordo por causa
do seu irmão. Eu o investiguei, não
você.
— Como... como assim?
— Seus pais casaram e tiveram um
filho. Eles tinham a sua idade mais ou
menos, mas viviam uma rotina intensa e
não conseguiam ter tempo de dar
atenção para o menino. Deixaram o bebê
com sua avó enquanto seguiam com suas
carreiras na cidade.
Karol se levantou e caminhou pelo
quarto, como se não conseguisse
absorver a história. Eu esperava um
ataque de fúria, mas ela parecia mais
interessada nos fatos.
— Não é verdade.
— Eles tinham uma rotina cheia e
passavam cada vez menos tempo com a
criança... – continuei, apesar de seu
protesto.
— Meus pais foram os melhores pais
do mundo, isso não faz sentido. Eles
nunca abandonariam ninguém.
— Talvez sua criação seja reflexo do
que eles aprenderam com a de Gastón ,
Karol . Nessa época eles praticamente
ignoraram o garoto, que cresceu mimado
e sem limites. Sua vó morreu e um
desconhecido de 16 anos foi morar com
eles. Você tinha acabado de nascer.
— Isso é impossível...
— Ele roubava dinheiro, sumia e
aparecia dias depois, começou a usar
drogas. Ele não reconhecia a autoridade
dos seus pais porque ele não conviveu
com eles. A morte da sua vó o deixou
revoltado. Um dia ele jogou na cara da
sua mãe sobre como eles pareciam amar
a menininha deles, mas nunca deram
atenção para ele. Essa discussão foi
longe demais e quando seu pai chegou,
encontrou sua mãe com as costelas
quebradas e com marcas de sufocamento
no pescoço. Você tinha manchas roxas
pelo corpo, como se também tivesse
sido ferida.
— Não, isso é absurdo, eu não posso
acreditar... – ela diz em choque.
— Seu pai nunca contou a verdade para a polícia. Falou que tinha sido um
invasor e que ele tinha levado alguns
eletrodomésticos. No mesmo dia, ele
caçou seu irmão, emancipou ele e disse
que nunca mais queria vê-lo perto da sua
mãe ou de você. Em troca, o matriculou
em um colégio interno e deixou dinheiro
suficiente para pagar a faculdade.
Eu levantei e me aproximei de
Karol , puxando-a para a cama, onde a
aconcheguei em meu colo, passando a
mão em seus cabelos.
— Essa história é tão absurda... meus
pais não abandonariam um filho. Eu
saberia, eles não teriam escondido de
mim.
— Era melhor. Gastón se tornou um
homem violento, não sei se é esse o
motivo, mas nunca gostaria dele perto de
uma filha minha. Ele soube se aproveitar
da educação que seus pais deixaram e se
tornou um engenheiro químico. O
problema é que enquanto ainda estava na
faculdade, ele aproveitou o acesso das
coisas e começou a produzir drogas
caseiras e “aditivar” outras.
— Ele é perigoso?
— Ele é violento. Várias mulheres
deram queixa de violência e estupro,
mas ele tem amigos influentes. Gente
que ele conheceu nessa época e a quem
agora Gastón deve favores.
— Por que você está atrás dele,
Ruggero ?
— Ele prejudicou alguém que eu
amava, karol . Ele é violento, mas ele
não tem nada a ver com esses chefões de
drogas, ele é um peixe pequeno que vai
ser preso a qualquer momento por
deslizes como esse que ele cometeu
agora, vindo falar com você. Eles
escondem os erros de Gastón enquanto
isso não coloca o negócio deles em
perigo, mas é exatamente o que ele está
fazendo agora.
— Ruggero , eu sou uma peça desse seu
jogo, não é? – Ela perguntou, afastando-
se de mim, levantando-se no mesmo
momento em que aumentava o tom de
voz – qual é o meu papel, Ruggero ? É por
isso que eu estou aqui?
— Sim, você está aqui pelo seu irmão
– suspirei e encarei o chão, fugindo de
seu olhar. Como podia explicar para
Karol que ela deixou de ser uma parte
do meu plano assim que ela dançou para
mim no Le Petit? Ela não era mais uma
peça, era meu jogo inteiro, minha
obsessão desde o primeiro momento em
que coloquei os olhos nela.
— Por quê?
— Porque ele acharia que a culpa do
que estou fazendo seria por você, e ele
não iria atrás do verdadeiro motivo.
Não tentaria encobrir provas que
preciso para condená-lo.
— Você me jogou para a linha de
frente para encobrir a história real? Se
esse idiota, esse estuprador, quiser se
vingar de alguém, essa pessoa serei eu,
é isso que você fez?
— Queria contar que vocês se conheciam, que ele acharia que era algo
entre nós dois, não a verdade.
— E se não fosse assim, eu que me
ferrava, é isso?
Eu tinha feito isso, mas não era o que
eu queria. Merda, Agustín tinha razão em
dizer que eu estava envolvendo
inocentes, mas não queria pensar a
respeito na época. Eu me arrependo de
tê-la colocado nessa posição, mas eu
não sabia como corrigir as coisas.
— Sim, eu fiz, mas eu não te
conhecia... eu... karol . Sinto muito.
Karol me encarou como se estivesse
me vendo pela primeira vez. Eu destruí
sua confiança, destruí o que tínhamos.
Ela me deixou sozinho no quarto. Tinha
certeza que ela iria embora, e eu merecia isso.
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a bailarina do ceo
FanfictionO que você faria se sua vida estivesse em risco? karol sevilla é uma talentosa bailarina que paga as contas como garçonete de uma boate de stripper. Empurrada até as últimas consequências, depois de se descobrir doente, ela se torna uma dançarina n...