capitulo 34

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RUGGERO


Encaro a enfermeira, confuso e, por
alguns segundos, acho que karol
morreu e a dor é insuportável. Ela me
olha confusa e com pena quando
pergunto se ela está viva.
— Oh, não, você entendeu errado. Ela
foi transferida há alguns minutos – a
enfermeira responde enquanto me guia para fora da emergência.
— Como assim ela foi transferida?
Por que ninguém me avisou? Me
identifiquei como contato, fui eu que
cheguei com ela.
— Um médico particular chamado
Shaw Murray assinou a alta – ela diz,
olhando para sua prancheta — Como é
sua noiva, deve saber quem é, certo?
— Por que o oncologista não me
avisou?
—Talvez na recepção você tenha mais
informações... — Ela responde solícita,
me dando de ombros. A enfermeira me
deixa sozinho na recepção e estou
confuso sobre o que fazer em seguida.
Merda. Onde diabos está karol ?
Ainda sem acreditar no sumiço de
Karol , caminho até a sala de espera
onde Max está sentado em uma das
cadeiras, esparramado para os lados,
olhando para seu celular. Ele levanta o
olhar e me vê caminhando em sua
direção e se ajeita na cadeira.
— Conseguiu vê-la?
— karol  não está aqui.
— Como ela não está aqui?
— O médico a levou. Ele deve ter
decidido operá-la. Merda! – falo alto e
as pessoas ao nosso redor nos olham –
nem mesmo sei se ela acordou, se está
bem! A cirurgia é a parte final do
tratamento e esse médico a levou
embora para um hospital que não faço
ideia de onde fica! Me sinto... me sinto
impotente!
Caio na cadeira com as mãos no rosto
e as lágrimas começam a brotar sem
controle. Max me olha, preocupado e se
senta ao meu lado, dando-me leves
tapinhas de consolo nas costas. Meu
irmão me acompanha por alguns minutos
enquanto tento controlar o choro e a
confusão das últimas horas.
— Agustín ? É Max, tudo bem? – ouço
meu irmão falar em seu celular e o olho
confuso, querendo saber o que ele está
fazendo – Preciso de um favorzinho seu,
na verdade, é para o meu irmão...
— O que está fazendo?
— É claro que é para ele, Agustín ! –
ele diz, ignorando minha pergunta –
Estou procurando por karol sevilla. Ela
estava no UCLA Medical Center e foi
transferida. Perdemos seu rastro porque
o doutor...
— Murray – completo.
— Porque o Dr. Murray a levou para
uma cirurgia. Ela fazia tratamento na
área oncológica do Saint Margaret com
esse mesmo médico. Consegue achá-la?
Max se despede e desliga e quero
beijar meu irmão por acionar Agustín . Se
alguém pode achar karol  em tempo
recorde é meu assistente. Ele me dá um
tapinha nas costas, olhando-me
profundamente enquanto seco meus
olhos. Nunca imaginaria que estaria tão
aberto e frágil na frente do meu irmão
mais novo.
— Obrigado.
— Agustín  vai achá-la e vou te levar
até ela, irmão – ele responde – agora
vou te fazer comer alguma coisa
enquanto seu assistente super eficiente
consegue a resposta.
Max me obriga a ir até a lanchonete
do hospital onde devoro um sanduíche.
Não comia desde cedo, quando fui
buscar karol  na casa de suas amigas do
Le Petit. Era quase há uma vida, mas
aconteceu há poucas horas. Quando
estou terminando de comer, a mensagem
de Agustín  chega ao meu celular,
avisando que karol  está no Saint
Margaret. Sei que ele e minha equipe
não deveriam me ajudar em coisas
pessoais, mas daria um aumento para
cada uma das pessoas que me ajudou tão
rápido. Não sei se conseguiria chegar
até ali sem meu irmão caçula.
Uma hora depois, estou sentado na
sala de espera do Saint Margaret, um
andar diferente do que estou acostumado
a levar karol . Descubro, pela pesquisa
de Agustín , que o Dr. Shaw Murray era
um neurologista especializado em
tumores, e não um oncologista como eu
imaginava. Ele e uma equipe de
profissionais especializados faziam um
tratamento experimental com pessoas
com tumores intratáveis de outras
maneiras, praticamente desenganada
para qualquer outra terapia. Ah, karol ,
o que aconteceu com você?
Primeiro, elas faziam um tratamento
com injeções com várias reações
adversas, como o sono fora do normal
que karol  sentia. Depois, vinha a
cirurgia. Três sucessos, duas retiradas
que voltaram a se espalhar e três óbitos.
Oito pacientes e karol  era a nona. Três
mortes. Esse número girava em minha
cabeça, como um sino que não parava de
tocar.
Quando Max e eu chegamos ao
hospital Saint Margaret, o Dr. Murray já
estava no centro de cirurgia. Nenhuma
das enfermeiras quis me confirmar se
era karol  ou não que estava sendo
operada, até que fui ao décimo andar
buscar por carolina , que, depois de alguns
minutos, me informou que efetivamente
era karol  e que o procedimento duraria
por volta de 14 horas.
Meu irmão se tornou minha rocha
desde o minuto em que sentei, decidido
a esperar. Meus pais chegaram ao
hospital algum tempo depois e se
juntaram à minha vigília. Meu coração
dizia aos gritos que talvez tivesse
chegado tarde demais, que não
conseguiria me despedir. Cada vez que
externava isso, Max me olhava de forma
irritante, gritava comigo e me mandava
ter esperanças.
— Ela vai ficar bem, é uma lutadora.
Ela queria isso, tudo sobre vocês era
para chegar nesse momento – meu irmão
fala, dando-me um copo de café. Já é
madrugada, meus olhos ardem de sono,
mas sei que não vou conseguir dormir
até ela sair do centro cirúrgico.
— O que você está dizendo, Max?
— Ela queria o dinheiro para pagar
essa cirurgia. É por isso que ela foi para
o Le Petit, é por isso que vocês dois se
conheceram. Ela tinha um plano e você
fez parte dele. Respeite a decisão dela,
Ruggero .
— Como assim?
— Ela descobriu estar doente e lutou,
filho – disse minha mãe, abraçando-me
pelos ombros, sentando-se ao meu lado
– karol  quis te proteger da doença
dela, mas ela queria voltar. Ela vai
voltar para você, filho. Ninguém faz
tantos planos para terminar em uma sala
de cirurgia.
—Mas se ela... se ela não resistir?
Não quero que nada aconteça com ela –
Sinto minha voz falhando e respiro
fundo – Não posso perder karol , não
quero, eu me nego!
— Quem está sendo egoísta agora,
heim... – Max dá um tapinha camarada
em meu ombro – Você precisa esperar.
Vamos dar uma volta.
— Não quero me afastar daqui, se
eles saírem e eu não estiver aqui, não
vou me perdoar.
— Vou até seu apartamento buscar seu
laptop, trabalhe, faça suas coisas. Você
está desmontando nessa cadeira de
espera, Ruggero .
— Não vou conseguir me concentrar,
é perda de tempo – suspiro – Eu disse
que a amava, Max. Ela nunca me
respondeu, mas eu sei. Sei que sente
algo por mim, sei que essa doença
maldita a segurou por todo esse tempo.
— Vai poder obrigá-la a se declarar,
Ruggero . Vai gritar com ela por tentar te
proteger esse tempo todo, tem esse
direito. E eu aposto que depois dessa
cirurgia, ela vai adorar ouvir seus gritos
– Max responde, rindo — Estar bem o
suficiente para ouvir você zangado será
uma melodia para os ouvidos.
— Obrigado por ser um idiota –
respondo para o meu irmão.
— Não há de quê! – ele responde –
dou bons conselhos aqui e ali na
esperança de ser o padrinho. Talvez
esteja em segundo lugar atrás de Agustín ?
— Não sei o que faria sem vocês –
respondo e olho para meus pais – todos
Vocês.

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