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KAROL

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KAROL


A mãe de Ruggero  me abraçou até eu
conseguir parar de chorar. Foi um
milagre que ninguém aparecesse na sala
e testemunhasse meu rompante
emocional. Não queria dar explicações
sobre porque estava daquele jeito,
principalmente para Ruggero . “Você está
sendo egoísta”. Repetia as palavras
uma e outra vez na minha cabeça, e
sabia que era verdade.
Eu era resistente porque não queria
que ele me olhasse diferente, que seu
desejo se transformasse em pena, em
incômodo. Apesar de como tudo
começou, Ruggero  era uma pessoa boa,
alguém que deixou meus últimos dias de
vida feliz. Não queria que as coisas
mudassem, queria estar assim até o
último minuto. Ele tinha o direito de
saber, mas minha voz interior sabia que
revelar meu segredo só traria mudanças
para nós dois.
Antonela  caminhou comigo para a
varanda, deixando-me em uma das
cadeiras. Sentia o sol em meu rosto e
minha respiração se acalmava aos

poucos, enquanto Antonela  apertava
minha mão delicadamente. Ruggero  ainda
estava com o pai, mas eu não me
ressentia pelo tempo sozinha que tinha
ganho dentro daquela casa maravilhosa.
— Preciso terminar as coisas lá
dentro, quer ir comigo ou quer ficar
aqui. O sol está gostoso, não é? – ela me
pergunta com um sorriso, falando
comigo como uma criança.
— Estou melhor. Me desculpe pela
cena na sala, nós mal nos conhecemos
e...
— Uma besteira. Você vai ficar bem e
precisa falar com meu filho, mas não
vou me meter mais, vocês são adultos –
ela diz com um pequeno riso – só que
vê-lo feliz. Nunca vi Ruggero  tão leve.
— Estou condenada – suspiro e fecho
os olhos, sentido as palavras.
— Não o deixe no escuro – ela
sussurra – me chame se precisar de algo.
Você e sua cabeça tem muito em que
pensar.
A mãe de Ruggero  me deixa sozinha e
permaneço com meus olhos fechados,
sentindo a luz do sol me energizar. Estou
bem, mas sinto uma dor persistente em
um dos lados da cabeça. Estava me
acostumando a estar sempre sentindo a
sensação. Desde que descobri o maldito
tumor, minha vida tem sido um grande
pote de comprimidos analgésicos e não
entendo como Ruggero  não desconfiou
sobre todos eles. Espreguicei-me na
cadeira da varanda e alguns minutos
depois, uma sombra apareceu sobre
mim, fazendo-me abrir os olhos.
— Quero pedir desculpas – diz Max,
se sentando ao meu lado.
— A pessoa babaca da rodada foi
Cande, não você – a luz do sol dói nos
olhos e aperto as mãos no rosto,
tentando evitar a dor. Ótimo, mais um
incomodo, além da minha cabeça
latejando.
— Você está bem? – ele pergunta com
um tom de voz preocupado.
— Tem um maldito tumor na minha
cabeça, não estou bem – respondo de
forma amarga e ele abre os olhos um
pouco assustado antes de fazer uma
munheca arrependida.
— Eu sabia que ela iria fazer isso e
ainda assim a trouxe.
— Isso é uma lição, acho que não vai
repetir, não é? Ela está fazendo você
passar vergonha atrás de vergonha, mas
continua a trazê-la de um lado para
outro.
— A ideia de conhecer outras
mulheres não tem me animado muito,
acho que estou ficando velho.
— Já pensou que pode estar
começando a ficar incomodado com o
seu comportamento, Max? Será que está
amadurecendo? – respondo com um
sorriso na voz.
— Nunca... talvez esteja pronto para a
fase adulta. Conhecer uma mulher em um
bar e levá-la para minha casa sem strip-
tease ou dança particular.
— A sua sorte, Maximilian, é que é
bonito e rico. Porque você não presta.
— Isso eu sei há muito tempo,
cunhadinha. E por algum motivo as
pessoas confiam em mim. Você confiou
em mim – ele responde sério.
— Deveria contar para Ruggero ... mas
não consigo – respondo suspirando —
contei para sua mãe e ela acha que estou
sendo egoísta.
— Pessoalmente acho o mesmo, mas
você é a dona do segredo.
— O que significa que até você tem
um nível de honra maior que o meu, já
que também acha que estou errada.
— Quem diria, não é?
— Sua mãe também acha e é o certo.
Só não consigo... e de repente ela
começou a falar de uma tMalena mas
disse que o segredo é do seu irmão.
— Você poderia jogar o nome deles
em um site de busca. Está tudo lá – Max
diz, encarando-me sério.
— Isso seria o mesmo que
desrespeitar Ruggero , não? Ele escolheu
não me contar, porque trairia sua
confiança?
— Bem, docinho, a escolha é sua.
Você quer esconder coisas, ele também
não fala muito da vida dele. Nunca
contou. Ruggero  sempre foi assim,
misterioso... Mas isso tudo que você
quer saber aconteceu quando eu ainda
era uma criança. Não lembro se um dia
ele foi diferente. Ruggero  sempre foi desse
jeito.

— Buscá-lo na internet é traição.
— Mas alimentaria sua curiosidade.
Você deveria ser mais ousada... – Max
responde com seu jeito canalha, muito
próximo e levantando sua sobrancelha
com ousadia.
— O que está acontecendo? – Ouço a
voz interrogativa Ruggero a minhas
costas. Ele nos olha confuso e zangado,
parado na porta da casa.
— Sua namorada não é ousada –
responde Max rindo, sem se mexer um
centímetro de perto de mim.
— E porque você está incomodado
com a ousadia dela?
— Porque você também é um chato,
vocês dois são duas pessoas cansativas,
cheios de segredos. Feitos um para o
outro – responde Max como se estivesse
sem paciência. Ele olha para frente da
casa, onde seu carro estava estacionado
e vejo Cande encostada no automóvel,
com o olhar cheio de ódio – bem, agora
vou levar Cande na rodoviária.
— Leve-a em casa, Max. Foi você
que trouxe ela – eu falo e vejo Cande se
aproximando.
— Não preciso que me defenda – ela
diz e olha para o irmão de Ruggero ,
bufando de raiva — Isso não vai ficar
assim, Max.
— Claro que vai, Cande. Para de
idiotices senão nem carona vai ter – ele
responde, caminhando até o carro,
pegando a mala nas mãos dela e
colocando no veículo.

— Eu quero saber o que aconteceu
aqui? – Ruggero  pergunta, encarando os
dois entrarem no carro e partindo.
— Cande falou para sua mãe que eu
era dançarina de boate.
— Que porra... Max vai ouv...
— Ele mesmo a mandou embora – eu
o interrompo — Não diga nada agora
que o rapaz foi um cavalheiro e me
defendeu.
— Você está muito do lado do meu
irmão – ele fala desconfiado – estavam
muito amiguinhos aqui conversando.
— Se você agora sugerir que eu
posso querer algo com ele, te dou um
soco – respondo séria e Ruggero  desvia os
olhos com vergonha.
— Sinto ciúmes de tudo relacionado a
você, karol .
— Seu irmão é praticamente uma
criança. Uma criança mimada e perdida
que faz merda, mas é quase como um
primo pestinha e irritante.
— Sim, ele é. Mas Max precisa
amadurecer.
— Desconfio que vocês querendo
encher o saco não é o melhor caminho –
digo e me viro para ele, tentando
levantar uma bandeira branca – como foi
com seu pai?
— Bem. Ele sempre quer saber como
anda a empresa, apesar de jurar que é
mais feliz aposentado.
Ruggero  sentou ao meu lado, onde Max
estava minutos antes, colocando seus
braços ao meu redor. Ele me dá um
beijo longo e preguiçoso, sorrindo
levemente. É um dos momentos que Dr.
Murray falou. Se fechasse os olhos
quando tudo começasse a desmoronar,
queria estar ali, naquela pequena
lembrança.
— Gostaria de guardar esse momento
para sempre – falo em um fio de voz,
colocando a cabeça no espaço entre os
ombros de Ruggero .
— Já sentindo saudades de nós dois?
– Ele responde baixinho perto do meu
ouvido.
— Foi esquisito o jeito que
começamos, mas preciso confessar que
você é importante. Ruggero ... essas duas
semanas foram especiais, me sinto
diferente, foi...
— Isso é uma despedida? Você vai
me avisar que decidiu fugir com Max? –
ele me interrompe rindo.
— Eu só quero guardar isso para
sempre, você para sempre – respondo
séria e Ruggero  percebe que não quero
brincar a respeito. Ele me encara sério e
me atrai para um beijo forte, como se
entendesse a importância daquilo para
mim.
Me negava a acreditar que estava me
apaixonando, mas Ruggero  era o centro do
meu mundo, a pessoa que me deu os
últimos momentos antes dessa cirurgia
que poderia dar um fim à minha vida.
Seria o topo da minha lista de últimos
desejos se eu tivesse uma. Ruggero  chegou
e mudou tudo, me fez ver algum sentido

a bailarina do ceo Onde histórias criam vida. Descubra agora