CAPÍTULO DEZESSETE: PARA VARSÓVIA

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SORRIDENTE, IVOR SE aproximou do grupo, que o esperava a alguns metros afastado da linha ferroviária, na qual um trem estava sendo carregado com mantimentos, equipamentos e algumas pessoas, tanto voluntários quanto refugiados de zonas mais perigosas, os quais conseguiram uma "carona" no trem para alguns lugares pelo qual ele passaria em seu trajeto até a batalha em Varsóvia.

Após confirmar que haviam conseguido um espaço no trem para se acomodarem, terminaram de arrumar suas coisas e seguiram para o vagão no qual ficariam por cerca de oito horas de viagem. Ali estavam Hans, Nolene, Jacob e Adrian, o policial Ivor tendo saído para outro vagão, resolver algum assunto. Com um sorriso torto no rosto, Hans encarou o ambiente repleto de comida, palha, lonas e um leve cheiro de esterco, e não pôde evitar pensar em como Robert se sentiria naquele lugar.

— "Este lugar é um chiqueiro e me sinto ofendido por ser obrigado a seguir viagem nesta pocilga" – Adrian falou, numa tentativa de imitação da voz de Robert, todos lhe encarando e rindo de leve. Suspirou fundo, sorrindo sem jeito – Ele com certeza falaria algo do tipo.

— É... com certeza – Hans comentou, pousando a mão sobre o ombro de Adrian, que retribuiu o movimento.

O som do apito do trem ecoou por toda estrutura, até todos escutarem. Logo em seguida, puderam ouvir resmungos em polonês no lado de fora, provavelmente alguns capitães dando ordem aos soldados para agilizarem o processo de carregamento e organização dos materiais. O cheiro forte de fumaça alcançou suas narinas, o carvão queimado alimentando o enorme monstro metálico composto de vários vagões, começando a, lentamente, se mover.

Sentiram uma leve força empurrar seus corpos para trás, quando a locomotiva começou a se mover, começando devagar e calmo, enquanto os sons de seus mecanismos ficavam cada vez mais altos. O vagão, infelizmente, não possuía janela, então não puderam observar a cidade que deixavam para trás, a única iluminação provinda de uma pequena lâmpada incandescente no centro. A velocidade ficava cada vez maior e seus corpos começavam a se acostumar com a aceleração do trem.

A porta do vagão se abriu, a luz externa adentrando o lugar, assim como o vento frio lhes castigando de forma impiedosa. Era Ivor, que segurava uma lanterna e, nas costas, um fuzil. Fechou a porta atrás de si, chegando mais perto e se sentando com o grupo. Entregou-lhes algumas colheres e comidas enlatados, os quais abriram e começaram a devorar.

— Consegui com o tenente responsável por essa locomotiva – Ivor comentou, comendo também – Foi o melhor que consegui para nós. Espero que não se incomodem.

— Que nada – Jacob comentou – Antes isso do que nada, não é? Como um amigo meu costumava falar, pior é na guerra.

— Mas a gente está indo para uma guerra... – Nolene murmurou, Jacob soltando um longo "ah...".

— Certo... – Ivor murmurou – Bom, deixa eu falar algumas coisas com vocês – começou, pegando do bolso do agasalho um papel dobrado e, ao desdobrá-lo, revelando um mapa da região – Iremos para esta região aqui de Varsóvia, mais ao sul, a parte mais intensa da batalha. Pelo o que você nos disse, Hans, o local do ritual deve ser em algum lugar nessa floresta por aqui, mais ao leste, quase dois quilômetros distante do ponto em que desceremos. O trem ficará mais ou menos aqui, cerca de quinhentos metros da parte mais recuada da trincheira.

— E se nós tentarmos dar a volta? Podemos descer, vir recuando pelos trilhos e dar a volta nessa região à esquerda – Nolene sugeriu, analisando o mapa.

— Talvez... – Hans murmurou –... mas perderemos muito tempo fazendo esse recuo e não sabemos o quão avançado o Bourn e o Imothep estão.

— Imothep? – Jacob repetiu, sem entender.

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