CAPÍTULO DOZE: O PESADELO

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COMO BOURN OS sugerira, seguiram para o pacato hotel do distrito e reservaram seus quartos. Pelo preparo do professor Smith, já tinham dinheiro convertido para moeda germânica decidiram alugar três quartos. Em um, ficaram os investigadores Nolene Wilson e Jacob Wood. No segundo, o professor Hans Schucruth ficaria com o médico legista Adrian Fabian e, no terceiro, estava o professor Robert Smith, tendo este último feito questão de pegar o maior e melhor quarto para si.

Nas horas que tiveram para descansar, limparam-se, comeram um pouco, fizeram suas necessidades e, até mesmo, conseguiram tirar um cochilo calmo e reconfortante. Todos, exceto o professor Hans. Sua mente estava exausta, seu corpo lhe pedia por um momento de repouso, mas ele não conseguia. A equação Ahrtsu lhe intrigava cada vez mais à medida em que os microssegundos passavam.

Ele precisava resolver aquilo. Precisava compreender.

...

Jacob cantarolava alguma música de Louis Amstrong se banhando, enquanto Nolene tentava se focar em alguns artigos que pegara na biblioteca antes de sair. Boa parte era sobre o professor Bourn e, visto sua importância durante a Grande Guerra, não foi difícil achar documentos ou reportagens nas quais comentassem sobre o mesmo. Teve grande importância no avanço bélico alemão e foi responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias armamentistas.

— Ufa... que banho! Olha, não é por nada não, mas a gente merecia umas férias, sabia? – Jacob comentou, saindo de roupão. Nolene o encarou de cima a baixo com uma das sobrancelhas arqueadas – Que foi?

— Se está tentando me seduzir... de novo, não vai rolar. Sem saco pra te dar outro fora e muito menos agora.

— Ah, o roupão? Foi mal, é que a gente já passa tanto tempo junto que as vezes parece que você é minha irmã mais velha, a Letitia. Bateu uma saudade dela... eu deveria visitar ela e minha mãe lá nos Estados Unidos mais vezes. Já tem um ano que não as vejo...

— É... fui contigo na última vez... foi divertido. Acharam que eu era sua esposa e queriam te crucificar por ficar com uma mulher branca – comentou, ambos caindo na gargalhada.

Nolene respirou fundo, sem se lembrar da última vez em que tinham gargalhado daquela forma, desde que tudo começou. Jacob percebera o olhar distante dela e, com calma, se aproximou, agachando-se ao lado dela e acariciando seu rosto.

— Assim que a gente acabar essa investigação, vamos viajar e rir pra caramba, tudo bem? – Jacob comentou, Nolene assentindo.

— É... vamos tirar umas merecidas férias quando tudo terminar. Amo você, Jacob. Você é, praticamente, minha única família nesse mundo. Um irmão que a vida me deu e que sou grata por ter ao meu lado, mesmo com suas palhaçadas e burradas – disse. Rindo sem jeito, Jacob se aproximou e ambos se abraçaram.

— Valeu ruivinha... eu também amo você.

— Eu sei... agora vai colocar uma roupa, pra ninguém pensar algo errado.

...

Adrian, o médico legista, notara os olhos inquietos do matemático, mas estava exausto demais para lhe fazer quaisquer perguntas. A viagem lhe sugara muita energia e, infelizmente, rever certas imagens lhe fazia reviver memórias em que batalhava avidamente para esquecer. Assim que comeu e se deitou na cama, seus olhos se fecharam pesadamente.

...

As explosões ao longe lhe forçaram a correr cada vez mais.

As trincheiras inimigas eram um labirinto ímpar, complexo, repleto de pontos sem saída, aberturas subterrâneas, passagens secretas e armadilhas vis.

A Fórmula do Inominável - VENCEDOR WATTYS 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora