PRÓLOGO

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Uma visão sobre o mundo em 1920

DOIS ANOS SE passaram desde o fim da Grande Guerra. O mundo ainda chora pelas vidas perdidas e lares destruídos durante os longos quatro anos de conflito. Mas, assim como as lágrimas caem de tristeza, um ar de esperança resplandece no coração dos sobreviventes, crédulos de que essa foi a tão imaginada última das guerras, caminhando em direção, finalmente, a tempos de genuína paz e prosperidade.

A antiga colônia Inglesa, os Estados Unidos, cresce de forma desenfreada, tornando-se uma das maiores potências do globo, ameaçando cada vez mais superar sua antiga colonizadora, a Inglaterra.

Ao mesmo tempo, o que antes eram apenas um sonho de consumo, tornava-se cada vez mais possível aos braços da classe-média: os famosos automóveis. Veículos movidos à combustível, construídos com metal pesado e capazes de atingirem altíssimas velocidades, alguns até quarenta quilômetros por hora, tendo seus preços cada vez mais reduzidos.

Infelizmente, apesar de notícias como essa, a realidade estava carregada de uma terrível situação: mais de 50% da população mundial vivia abaixo da linha da pobreza.

Os fazendeiros, que se beneficiaram com a guerra, tendo que produzir muito mais do que era possível, a fim de alimentar seus soldados e a população em geral, agora se viam em crise, com o retorno das indústrias por toda a Europa. Antes, ganhando mais de setecentas libras por ano, não chegavam perto de quatrocentas.

A onda dos movimentos sufragistas que estouraram no mundo inteiro, ao final do século XIX, tornava a ganhar força após o fim da guerra. Seu renascer veio aliado à movimentos socioculturais que visavam maior igualdade e representatividade nos meios. Claro, não à toa que suas vozes eram finalmente ouvidas: eram, acima de tudo, necessárias, visto que muitos dos homens encontraram o fim de suas vidas nas trincheiras. Na Inglaterra, podiam finalmente as mulheres votarem e começarem a ganhar mais força ante a população masculina.

Não só isso, mas também as mulheres começavam a se fazer presentes cada vez mais em ambientes de trabalho que, antes, era estritamente permitida apenas para homens, como nas áreas de advocacia, no empreendedorismo – este, de forma mais aberta e não às escuras, pelo uso de pseudônimos – e, pouco a pouco, na própria polícia.

O jazz ganhava cada vez mais relevância no mundo, com nomes de artistas negros como Duke Elligton e Louis Amstrong sendo reconhecidos e louvados em diversas partes do globo, suas músicas alcançando os ouvidos das populações através do rádio e, de acordo com alguns, em breve pelas imagens em movimento que apareciam nesses novos aparatos tecnológicos chamados televisores.

Infelizmente, ao mesmo tempo em que tantas ações igualitárias aconteciam e se desenvolviam junto à tecnologia, ainda tinham enorme poder a intolerância, preconceito e xenofobia. Murmurava-se no congresso estadunidense uma lei que restringisse o número de imigrantes ao país e cada vez mais atos de violência contra imigrantes são relatados em várias partes da Europa e na América do Norte. Organizações como a Ku Klux Klan se tornavam cada vez mais poderosas, com enorme influência em diversas instituições por todo o mundo.

Os ideais socialistas e anarquistas se tornavam cada vez mais conhecidos, sendo vistos como uma ameaça à democracia e a igualdade. Repercute nos jornais de todo o globo a prisão de Nicola Sacco e Bartolomeu Vanzetti, dois italianos anarquistas acusados de roubo e assassinato na Califórnia.

Era mais do que claro que a maior parte das notícias internacionais rondavam essa nova superpotência norte-americana, e os rumores de que eles se tornariam os mais poderosos no futuro não deixavam de tirar as noites de sono de políticos e economistas, principalmente os ingleses.

Mas, enquanto o mundo tinha seus olhos na América ecertos eventos da Europa, incontáveis rumores e acontecimentos rondavam o quejá foi o centro do mundo e o berço da revolução industrial, a Inglaterra...

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