CAPÍTULO VINTE E DOIS: O FIM E O COMEÇO

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SEGUIU CALMAMENTE E em silêncio pela floresta esbranquiçada. Os byakhees voavam em direção ao infinito, desaparecendo nas espessas nuvens cinzas que cobriam os céus, como se teleportassem para outra dimensão. Continuou seguindo a trilha confusa de pegadas durante alguns minutos, até escutar, ali próximo, uma respiração ofegante. Com um sorriso no rosto, caminhou em direção ao som.

— Ora, o quão afortunado sou, não é mesmo, meu caro professor Hans – Hotep comentou, vendo o professor matemático sentado de costas para o tronco de uma árvore, o mesmo extremamente ofegante, os olhos exaustos, a mente pesada.

Sem muita força, Hans pegou sua pistola e, devagar, apontou-a para Hotep sem muita precisão na mira. A entidade arqueou as sobrancelhas, esperando.

— Não precisa terminar assim, professor Hans. Posso ouvir, posso sentir... a fórmula se impregnou em você de maneira tão profunda quanto no professor Bachmann. Em seu interior resta pouco de ti. Por que desperdiçar, quando podes se tornar muito mais? Posso lhe mostrar um universo de ciências além da concepção humana. Poderes além da compreensão. Pense em quantas pessoas você ajudaria com tamanho conhecimento.

Hans engatilhou a pistola.

— E quantos você e seus irmãos matarão por eu lhes ajudar? Não... nunca...

— Então é isso? Será esse o fim, professor Hans Schucruth?

— Fim? – Hans indagou, soltando um riso – Não, Imothep... talvez seja apenas o meu fim aqui... mas certamente é o começo de sua derrota. Nós, a humanidade, revidamos talvez, pela primeira vez, e custe o que custar... não importa o quanto demore... nós vamos acabar com você, seu filho da puta.

Hans colocou o cano da pistola debaixo de seu queixo e, ainda encarando Hotep nos olhos, puxou o gatilho. O estampido do tiro ecoou por toda floresta, alcançando os ouvidos até mesmo de Ivor, que seguira em disparada tão rápido que apenas se deu conta de que estava sozinho quando parou para respirar um pouco e olhar para trás.

A arma caiu no chão e a cabeça de Hans pendeu para o lado, enquanto o sangue saia pelo buraco de entrada e saída do disparo. Dando de ombros, Hotep voltou a caminhar, até desaparecer em meio aos troncos da floresta.

...

Adrian ficou alguns segundos encarando os restos mortais de Nolene e Jacob jogados no chão da caverna. Sem forças para chorar, apenas pegou seus distintivos, que ainda estavam inteiros, apesar de bastante avariados, e guardou-os no bolso. Seguiu caminhando pelos corredores da caverna até, finalmente, alcançar a saída. Sua cabeça pesava e seus olhos queriam fechar a todo instante, mas seguiu firme, com o que lhe restava de forças, a caminhar pela floresta, na esperança de que, talvez, Ivor e Hans tivessem sobrevivido.

Infelizmente, sua esperança se desfez ao avistar o corpo de Hans, inerte, alguns metros à frente. Ao se aproximar, não demorou a compreender o que acontecera.

— Bom... você morreu do seu jeito, ao menos – Adrian murmurou, bufando – Adeus, Hans...

Mais alguns passos e, então, seus pés vacilaram. Seu corpo caiu sobre o chão de neve e ali ficou, enquanto sentia sua visão ficando cada vez mais turva, até, finalmente, apagar.

...

Duas semanas se passaram desde que tudo aquilo aconteceu.

Os jornais noticiam o fim da batalha de Varsóvia na página principal, contando com a derrota da União Soviética. Na página seguinte, noticiava que dois inspetores da New Scotland Yard haviam sido mortos durante uma missão confidencial, correlacionada com a morte dos professores Paul Gustav Bachmann, Robert Smith e Hans Schucruth.

A Fórmula do Inominável - VENCEDOR WATTYS 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora