O Dono Da Porra Toda

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Capítulo 7: Protegida a qualquer custo.

Os dias se passavam lentamente, mas Mirella finalmente começava a encontrar um pouco de estabilidade. Longe da mansão dos Moreira, ela descobriu um novo mundo, onde o dinheiro não era a solução pra tudo, mas onde o esforço e a honestidade tinham valor.

Seu trabalho no restaurante do seu Arnaldo, um dos mais frequentados da favela, era cansativo, mas também muito gratificante. Ela aprendia a cuidar do caixa, a servir às mesas e as vezes até ajudava na cozinha. Pela primeira vez, sentia que finalmente ela era dona do próprio destino, que estava construindo algo sólido e por conta própria.

— Mirella, eu não sei o que seria desse lugar sem você. — exclamou seu Arnaldo em tom de brincadeira ao vê-la tentando equilibrar uma bandeja com pratos quentes.
— Ainda estaria de pé com certeza, mas obrigada pelo voto de confiança. — Mirella respondeu sorrindo.

Embora a rotina fosse exaustiva, ela se sentia realizada. Com o dinheiro que estava ganhando, ela começou a comprar roupas e algumas decorações para seu apartamento. E embora as coisas que comprava fossem simples, tinham sua personalidade. Pela primeira vez em muito tempo ela sentiu uma felicidade genuína.

Naquela noite, a favela estava em festa. Um baile estava marcado, e, como de costume prometia ser um evento cheio de música alta, alegria, e encontros inesperados. Laura insistiu para que Mirella fosse.

— Você merece se divertir um pouco! — disse Laura, puxando-a pelo braço.
— Eu não sei... — Mirella hesitou um pouco, mas acabou cedendo.

Ela colocou um vestido simples, mas elegante, e se juntou a Laura no caminho para o baile. A música podia ser ouvida de longe, vibrando como uma promessa de diversão.

No baile, Mirella se sentia um pouco deslocada no início, mas logo foi tomada pela energia contagiante da festa. Ela dançou, conversou com conhecidos e até tomou uns drinks que Laura ofereceu.

Gabriel, por outro lado, observava tudo de longe. Ele não costumava frequentar os bailes, mas como sabia que Mirella estaria lá, ele resolveu aparecer para garantir que tudo ficasse sob controle. Embora tenha tentado disfarçar, ainda sentia um ciúme possessivo em relação a ela, e a segurança dela continuava sendo sua prioridade.

O que ninguém sabia era que aquela noite tão cheia de alegria, traria consigo um campo de tensão e perigo. Entre os rostos da multidão, havia alguém desconhecido que não estava ali para se divertir, era um homem com uma expressão fria e um olhar calculista que se movia entre as pessoas observando o lugar.

Gabo foi o primeiro a perceber algo estranho, ele logo notou o intruso para próximo a um grupo de pessoas enquanto olhava para os lados buscando algo, seus movimentos eram calculados, como se estivesse estudando o ambiente.

— Quem é aquele cara? — gabo perguntou a Cadu que estava do seu lado.

— Não sei. Nunca vi antes.

A inquietação de Gabo aumentou quando percebeu que o homem olhava fixamente para Mirella, que dançava despreocupada junto de Laura.

— Fica de olho, vou me aproximar. — Gabriel disse, afastando-se para se posicionar mais perto de Mirella.

Enquanto isso o intruso começou a se mover, desviando da multidão e se aproximando lentamente de seu alvo. Quando estava a poucos passos de Mirella, gabo finalmente percebeu o que ele carregava na cintura: uma arma.

O mundo pareceu desacelerar. Gabo nem teve tempo para pensar, apenas se jogou em cima do homem no exato momento em que ele sacou a arma e apontou pra Mirella. Ambos caíram e se ouviu um som de tiro, tudo ficou em câmera lenta e logo se viu uma mancha de sangue se formar no chão.

Mirella correu até Gabriel e o ajudou a levantar, o sangue não era dele. Mas sim do intruso que perdia sua vida lentamente. Agora com o caos instalado, o baile estava finalizado, não tinha mais clima para festa. Os meninos cuidaram do corpo do homem segundo as leis da favela.

No apartamento de Mirella estavam Laura e Gabriel, ambos decidiram ficar com ela para garantir sua segurança.

— Tem que ter sido o Heitor. — Mirella falou de repente.

— por quê? — Gabriel que limpava a arma, olhou para ela com os olhos sombrios.

— Ele tem todos os motivos do mundo para me odiar, eu o rejeitei, humilhei e agora ele sabe que estou aqui com você.

Gabriel assentei mas não falou nada, pois embora soubesse que Mirella tinha razão, ele não poderia agir sem ter certeza.

— Se foi ele, vou fazer com que se arrependa. — ele disse com a voz carregada de uma determinação estranha.

— Você não pode se pôr em risco por minha causa. — Mirella falou levantando do sofá e indo até ele.

— Isso não é só por você. Mas por todos nós, mais pessoas poderiam ter se machucado hoje, e eu não vou permitir que ninguém te machuque enquanto eu viver.

Do outro lado da cidade, clara continuava procurando o paradeiro de Mirella. E foi através de um detetive particular que ela soube que a filha estava morando na favela.

Não demorou muito para que ela ligasse para a filha.

— Alô? — Mirella atendeu confusa pois não conhecia aquele número.

— Filha, o que acha que está fazendo? Se escondendo nesse lugar cheio de mortos de fome. — clara falou com voz afiada.

— Para de julgar mãe! Você não sabe nada sobre essas pessoas e nem sobre esse lugar. — Mirella respondeu cansada do julgamento de sua mãe.

— Sei o suficiente para saber que está jogando sua vida fora! Volta pra casa e seja a menina com futuro brilhante que eu criei. — clara falou com a voz tomada pela emoção.

— Não mãe, não vou voltar. Preciso escrever minha vida com minha própria caneta, e enquanto a senhora não se permitir entender que eu cresci e preciso sair das suas asas, acho melhor nos mantermos afastadas. Tchau mãe.

Clara não conseguiu responder e a ligação foi encerrada com Mirella chorando por não ter o apoio de sua mãe em uma simples escolha da vida.

Apesar da tristeza, Mirella sabia que havia feito a escolha certa. Sua nova vida não era fácil, mas era autêntica e a melhor parte era que ela estava vivendo como queria.

A ligação com a mãe dela ficou parecida com o outro capítulo, mas não é a mesma coisa.