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Capítulo 32 – Plantando o Futuro

O desfile no morro, além de marcar um dos momentos mais emocionantes da vida de Mirella e Gabriel, deixou algo mais profundo em Mirella: a percepção de que o sonho não precisava ser apenas dela. Durante o evento, ela percebeu o brilho nos olhos de algumas jovens da favela, fascinadas pela passarela, pelas roupas e pelo universo da moda.

Mirella sabia que o talento podia surgir de qualquer lugar e que as dificuldades do morro não precisavam ser uma barreira para a realização de sonhos.

Oportunidades na moda.

Dois dias após o desfile, Mirella reuniu as jovens que demonstraram interesse em aprender sobre moda. Elas eram cinco: Camila, de 19 anos; Juliana, de 21; Rafaela, de 18; Sara, de 20; e Tainá, de 22. Todas viviam no morro e compartilhavam histórias de luta e superação.

— Quero que saibam que vejo potencial em vocês — Mirella começou, com um sorriso encorajador. — A moda não é apenas glamour, é trabalho, disciplina e, acima de tudo, paixão. Se vocês estiverem dispostas a aprender, posso abrir as portas para vocês em Paris.

Os olhos das jovens se arregalaram. Paris era um sonho distante, quase inacessível.

— Paris? Você tá falando sério, Mirella? — perguntou Camila, com a voz trêmula de emoção.

— Mais sério do que nunca. Quero que vocês aprendam com os melhores. Meu mentor, Arnaud, já foi informado sobre vocês e está disposto a ensinar tudo o que sabe.

As jovens se entreolharam, ainda incrédulas, antes de concordarem com entusiasmo.

Preparando a mudança.

Mirella trabalhou incansavelmente para organizar os documentos e as viagens das cinco. Entre as aulas intensivas de francês e workshops básicos de costura e design que ela mesma ministrava, as semanas passaram rapidamente.

Enquanto isso, Gabriel a apoiava em tudo, embora estivesse ocupado com a organização do casamento e a administração do morro.

— Você tá criando um legado, Mirella. Isso é lindo de ver — disse ele, enquanto a observava ensinar Camila a manejar uma máquina de costura.

— E você tá me ajudando a construir isso — respondeu ela, com um sorriso.

Em menos de dois meses, as jovens embarcaram para Paris. Foi um momento emocionante, com lágrimas e abraços no aeroporto. Elas partiram com esperança no coração, prontas para transformar suas vidas.

Um hospital no morro.

A ideia de construir um hospital no morro surgiu durante uma conversa casual entre Mirella e Gabriel, enquanto observavam Ana brincar com Benício e Aylla.

— Esse lugar precisa de mais do que remédios improvisados e atendimento emergencial — disse Mirella, pensativa.

— Concordo. A gente tem os recursos agora, e eu conheço gente que pode ajudar com a construção. Só precisamos de médicos e de alguém pra liderar isso.

Mirella lembrou de algumas amigas da época da faculdade de medicina. Embora ela mesma não tivesse seguido a carreira, muitas de suas colegas eram médicas renomadas e poderiam se interessar em ajudar.

Ela começou a fazer ligações, explicando a situação e a necessidade de atendimento médico constante para os moradores do morro. Para sua alegria, três delas aceitaram o desafio: Carolina, especialista em clínica geral; Beatriz, pediatra; e Amanda, obstetra.

Com o apoio financeiro de Gabriel e a ajuda técnica de algumas ONGs, o hospital começou a ser construído. Em menos de seis meses, ele estava pronto para abrir as portas.

A primeira semana do hospital.

A inauguração do hospital foi um evento grandioso no morro. Mirella e Gabriel estavam radiantes, cercados pela comunidade que os aplaudia com gratidão.

— Isso é mais do que um prédio, é esperança para o nosso povo — disse Gabriel, emocionado, durante a cerimônia de abertura.

Os primeiros dias foram intensos. Beatriz, a pediatra, logo se tornou uma figura adorada pelas mães do morro, que finalmente tinham um lugar seguro para levar seus filhos. Amanda atendia gestantes com cuidado e carinho, enquanto Carolina gerenciava os casos gerais, desde febres até emergências.

O hospital também trouxe empregos para os moradores. Auxiliares de enfermagem, recepcionistas e pessoal de limpeza foram contratados, gerando uma nova dinâmica no morro.

O casamento em planejamento.

Enquanto o hospital começava a funcionar a todo vapor, Mirella e Gabriel seguiam com os preparativos para o casamento. A data já estava marcada para dali a três meses, e o evento seria no morro, ao ar livre, com uma vista deslumbrante da cidade.

— Quero que seja simples, mas especial — disse Mirella, enquanto olhava catálogos de decoração.

— Você merece o mundo, meu amor. Se depender de mim, vai ser inesquecível — respondeu Gabriel, dando-lhe um beijo na testa.

Ana estava animada com a ideia do casamento e se ofereceu para ser a "ajudante oficial".

— Posso carregar as alianças? Por favor! — pediu, com os olhos brilhando.

— Claro, meu anjo — respondeu Gabriel, rindo.

As crianças e a harmonia familiar.

Benício e Aylla continuavam crescendo como irmãos de alma, inseparáveis. Com dois anos, estavam naquela fase de descobrir o mundo, enchendo a casa de risadas e pequenas travessuras.

Ana, por outro lado, era como uma pequena mãe para eles. Sempre atenta, ajudava Mirella a cuidar dos dois e até brincava de professora, ensinando o alfabeto e números.

— Você tem uma ajudante incrível aqui em casa — Laura comentou certa vez, enquanto via Ana ensinando Benício a contar.

— Eu sei. Ela é um presente — respondeu Mirella, emocionada.

Um futuro cheio de esperança.

Com o hospital funcionando, jovens do morro em Paris aprendendo sobre moda e o casamento se aproximando, a vida parecia finalmente entrar nos eixos. Mirella e Gabriel, apesar de todos os desafios que enfrentaram, estavam construindo um futuro sólido não apenas para eles, mas para toda a comunidade.

Ainda assim, sabiam que a paz exigia vigilância constante. O morro, agora mais forte do que nunca, era um lugar onde o amor, a solidariedade e a esperança cresciam lado a lado, alimentados pela força de quem acreditava em um amanhã melhor.

 O Dono Da Porra TodaOnde histórias criam vida. Descubra agora