Capítulo 33 – Novos Horizontes
Um mês havia se passado desde que as jovens do morro embarcaram para Paris. Mirella, que as acompanhava de longe com o coração cheio de orgulho, passava as noites revisitando as fotos e vídeos que recebia delas. Cada imagem trazia um sorriso no rosto das meninas, aprendendo, explorando, e vivendo experiências que antes pareciam impossíveis.
Camila enviara uma foto segurando um croqui, acompanhada da legenda: "Mirella, consegui! Meu primeiro desenho aprovado pelo Arnaud!" Já Juliana aparecia em um vídeo desfilando por um salão de moda, ainda como aprendiz, mas já com um brilho de confiança nos olhos. Mirella sabia que tinha feito a coisa certa ao dar essa oportunidade.
— Elas estão voando, Gabriel — disse ela, mostrando as mensagens a ele.
— E é tudo graças a você, minha rainha — respondeu ele, abraçando-a de lado. — Você mudou a vida delas.
Uma nova aliança no morro.
Enquanto isso, no hospital recém-inaugurado, o comandante do BOPE, capitão Azevedo, acompanhava de longe as transformações no morro. Ele já havia notado que Gabriel cumprira sua parte do acordo, mantendo a paz e garantindo que os moradores tivessem acesso aos serviços do hospital.
Intrigado com o impacto que isso causava na comunidade, Azevedo decidiu conversar pessoalmente com Gabriel.
— Tem tempo pra uma conversa, Gabriel? — perguntou ele, ao chegar ao morro.
Gabriel o recebeu na sala de reuniões improvisada que tinha montado.
— Sempre, capitão. O que posso fazer pelo senhor?
Azevedo sorriu, algo raro vindo de um homem tão sério.
— Na verdade, acho que o que posso fazer por você. Tenho um filho e um sobrinho que são médicos. Um é geriatra, outro cirurgião. Falei sobre o hospital, e eles se interessaram em ajudar.
Gabriel arqueou uma sobrancelha, surpreso.
— Seria uma honra tê-los aqui. Estamos sempre precisando de mais mãos.
— Eles são excelentes profissionais. Mas aviso logo: são exigentes. Só vieram porque acreditam na causa.
Dias depois, chegaram ao morro Eduardo, o filho de Azevedo, especialista em geriatria, e Davi, o sobrinho, um cirurgião experiente.
O impacto de Eduardo e Davi.
A chegada dos dois médicos foi como um sopro de inovação no hospital. Eduardo se dedicava aos moradores mais velhos, muitos deles com problemas crônicos nunca tratados adequadamente. Ele era paciente, cuidadoso e logo ganhou a confiança de todos.
— Doutor Eduardo, o senhor não acha que meu caso não tem jeito? — perguntou dona Ivone, uma idosa de 72 anos, enquanto ele media sua pressão.
— Enquanto eu estiver aqui, dona Ivone, vamos achar um jeito de melhorar sua qualidade de vida.
Já Lucas, com sua habilidade em cirurgias de alta complexidade, salvou várias vidas em pouco tempo. Um dia, um jovem chegou ao hospital após um acidente no trabalho. A situação era grave, mas Lucas, com calma e precisão, realizou uma cirurgia de emergência que o salvou.
— A comunidade tem sorte de ter você aqui, doutor Lucas — disse Carolina, a médica clínica geral, depois de acompanhá-lo em um procedimento.
— A sorte é minha por poder ajudar — respondeu ele.
Mudanças no caminho de Clara e Arthur.
Enquanto o hospital prosperava, outra mudança silenciosa acontecia. Clara e Arthur, após dois anos de tentativas de reconciliação, decidiram que era hora de seguir caminhos diferentes.
— Acho que insistimos o suficiente, Arthur. Fizemos o possível, mas não somos mais as mesmas pessoas que éramos antes — disse Clara, durante uma conversa tranquila.
— Concordo, Clara. Quero que você seja feliz, mesmo que não seja ao meu lado.
Eles decidiram finalizar o casamento de forma amigável, cada um reconhecendo os erros e os aprendizados que viveram juntos.
Pouco tempo depois, Clara conheceu Miguel, um arquiteto com quem começou a sair. Ele era gentil, atencioso, e trazia um sorriso que ela não sabia que ainda podia ter.
— Ele me faz bem, Mirella — confessou Clara, enquanto tomavam café juntas.
Arthur, por outro lado, começou a sair com uma colega de trabalho chamada Regina, que parecia compreender sua nova fase de vida.
— A vida é feita de recomeços, filha — disse ele a Mirella, em uma de suas visitas ao ateliê dela.
Mirella, embora surpresa com as mudanças, ficou aliviada ao ver os pais felizes em seus novos caminhos.
Os preparativos para o casamento e a nova rotina.
Enquanto o morro seguia em paz e o hospital se tornava uma referência para a comunidade, Gabriel e Mirella estavam ocupados organizando os detalhes finais de seu casamento.
— Você tem certeza de que quer o casamento aqui no morro? — perguntou Clara, ajudando Mirella a escolher os arranjos de flores.
— Absoluta. Este lugar é parte da nossa história. Quero que seja especial para todos que viveram tudo conosco.
Além do casamento, Gabriel e Mirella estavam ansiosos com a construção de sua futura casa. Queriam algo simples, mas acolhedor, que tivesse espaço para as crianças crescerem e para receber amigos e familiares.
— Já pensou na cor da casa? — perguntou Mirella.
— Qualquer cor que você quiser, meu amor.
Entre as reuniões sobre a casa e as idas ao hospital, Mirella também recebia atualizações das jovens em Paris. Elas continuavam se destacando e, em breve, participariam de um desfile organizado por Arnaud.
— Eu sabia que elas iam brilhar — disse Mirella, com os olhos cheios de orgulho ao ler uma mensagem de Tainá.
A rotina das crianças.
Enquanto Mirella e Gabriel lidavam com seus compromissos, Benício e Ana eram a alegria da casa. Benício, agora com dois anos, estavam em uma fase cheia de energia e descobertas.
— Mamãe, olha eu correndo! — gritava Benício, enquanto Mirella ria, tentando acompanhar o ritmo dele.
Ana, por sua vez, com sete anos, estava mais madura e continuava sendo uma irmã dedicada.
— Um dia, eu vou ensinar o Benício e a Aylla a desenhar como eu — disse ela, mostrando um novo desenho para Gabriel.
— Eles vão ter a melhor professora do mundo — respondeu ele, orgulhoso.
O futuro promissor.
A cada dia, a vida no morro mostrava que, mesmo com todos os desafios, era possível construir algo bom e duradouro. Gabriel, com seu acordo com o BOPE e o apoio dos moradores, garantia a paz; Mirella, com seu trabalho no ateliê e no hospital, espalhava esperança e oportunidades.
Enquanto caminhavam juntos para o casamento, a sensação era de que o futuro prometia ainda mais realizações e felicidade para eles e todos ao seu redor.
A paz, tão almejada, finalmente parecia estar se consolidando, e a vida florescia no morro, agora cheio de sonhos realizados e novos horizontes a explorar.
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O Dono Da Porra Toda
RomanceRepostando. Início: 18/07/2021 versão anterior Término: 21/11/2024 nova versão Mundos opostos mas um sentimento mútuo, será que isso basta para romper as barreiras da sociedade que os separam?