6 * Eu? Morando no palácio?

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— O que eu faço? — Nathan debruçou-se sobre o batente da janela e observou uma mistura de nuvens brancas e cinzas adornarem o céu azul.

Tamborilou os dedos na madeira e passou os olhos inquietos pela pouca movimentação lá embaixo.

Sua companhia ignorou totalmente seu desabafo, porém ele não se importou, continuando a falar.

— Preciso de um bom plano para me reaproximar da Daisy. — Deixou o corpo cair em uma poltrona e encarou o teto. — Deus meu! Preciso de uma luz.

Relembrou do tempo que eram amigos e das coisas que faziam a moça feliz, mas não teve certeza se ela ainda tinha os mesmos gostos, poderia ter mudado naqueles últimos anos.

— Ideias? — Abaixou o olhar para sua ouvinte silenciosa. — É, imaginei que não.

Soltou o ar com força, apoiando os cotovelos nos joelhos e descansando o rosto nas mãos, as escorregando pelo cabelo.

— Titio triste? — Lily deixou seu desenho de lado, finalmente dando atenção ao tio.

Os pais dela tinham tido um compromisso e, levando em conta a falta da babá por um motivo maior, Nathan se ofereceu prontamente para cuidar da sobrinha, dado o fato de não ter nada de trabalho para aquela manhã.

Erguendo o olhar, ofereceu um sorriso para a menina.

— Não, pequena. Só preciso resolver um dilema.

— Di... ema? — tentou repetir a palavra, mas falhou, fazendo ele esconder o riso.

— Dilema — corrigiu. — Um problema bem difícil, Lil.

A garotinha fez uma expressão de entendimento, mas Nathan não tinha certeza se ela realmente compreendeu suas palavras.

Com uma folha de papel na mão, Lily se aproximou do homem e fez uma carinha de quem iria pedir algo.

— Titio... — Apoiou-se nos joelhos dele, piscando os olhos repetidas vezes. — Passarinho.

Deu um passo para trás e estendeu a folha na frente do corpo, na direção dele. Nathan entendeu o pedido, tomando a folha de suas mãoszinhas, deslizou para fora da poltrona e se sentou sobre o tapete rosa do quarto da menina. Sob o olhar atento da sobrinha, dobrou o papel algumas vezes, transformando-o, por fim, em um tsuru.

Ele sorriu, entregando o bichinho para ela. Foi impossível não lembrar de quando conheceu Daisy e a mesma ficou igualmente encantada por aquela arte.

Obedecendo o pedido de Lily, fez mais alguns origamis de bichos para completar a, como a pequena disse, fazendinha. Quando terminou ficou observando a sobrinha se divertir com suas brincadeiras de criança.

Pegou uma das dobraduras e analisou os detalhes, era fascinante como uma simples folha de papel poderia virar algo tão belo, lembrava-o a vida humana, que, quando moldada pelas mãos certas, ganhavam uma aparência nova.

Ele era uma folha de papel sendo moldada por Deus, em algumas dobras nada parecia fazer sentido e vez ou outra se tinha a impressão de que tudo daria errado, entretanto, quando a obra chegasse ao fim, veria como o Criador sabia exatamente o porquê de certas dobras e que em momento algum errou em nenhuma delas. Quando Deus terminasse sua obra na vida de cada um dos seus, o resultado seria a perfeição.

Algum tempo depois ouviram batidas na porta, seguidas das figuras de Eleanor e Samuel sorrindo para os dois. Ambos sentaram-se ao lado deles.

— Como foram as coisas por aqui? — Ellen indagou, encarando o irmão.

— Muito bem, estava com saudades de passar um tempo com a Lil. — Deu de ombros, lançando um olhar para a menina, que brincava tranquila. — E como foi a reunião?

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora