{8} Hyeon e Isy May

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Era uma tarde fresca de outono, perfeita para um passeio no campo. Nathan, Daisy e Yuna estavam em uma parte da enorme planice ao redor do castelo, acompanhados da Srta. Pathon e da Sra. Taylor, babá de Daisy.

Faz meses que somos amigos e eu ainda não entendi qual a graça de colecionador flores — Nathan espiou por cima do ombro de Daisy, observando a menina fixar um pequeno ramalhete de lilases na folha de seu caderno. — Eu até entendo minha mãe, que tem um jardim cheio de vários tipos de flor, mas elas estão vivas, possuem cor, cheiro e beleza. Já as suas estão mortas! Não faz sentido.

— Elas não estão mortas, Nate, estão eternizadas — corrigiu apaixonadamente, como sempre ficava ao falar de sua coleção. — Eu gosto de deixá-las guardadinhas no meu caderno, todas nomeadas, e a família aumenta toda vez que adiciono uma nova flor. Não é legal?

— Não. — Ele deu risada. — Sinceramente, ainda não faz nenhum sentido.

Ah! E por acaso tudo precisa ser entendido? A vida é assim, tem um monte de coisas que não fazem sentido ou que não entendemos, porém, elas continuam sendo incríveis mesmo assim. Tipo minha coleção de flores, gosto delas presas em uma folha de papel ao invés de cultivar um jardim. — Deu de ombros, parando para escrever "lilases" ao lado das flores que acabara de pregar. — Mas não é por isso que deixo de gostar de contemplá-las vivas também, sua mãe tem um jardim maravilhoso, amo vê-la cuidando com tanto carinho das suas plantinhas, mas não tenho muita paciência para fazer o mesmo.

Nathan sorriu com o jeito intenso — e um tanto esquisito — da amiga. Talvez ela estivesse certa, mas era mais engraçado a ver explicando como sua mente funcionava do que apenas dar-lhe razão.

— Aí está! Tudo sobre seu prazer em matar as pobres plantas está na sua preguiça de cuidar delas.

— Pela milésima vez, eu não as mato! Tenho certeza que elas não se importam nem um pouquinho em fazer parte da minha coleção. — Cruzou os braços, começando a ficar um pouco vermelha, o que ressaltava ainda mais suas sardas.

— Devem se importar sim. Imagine só: trocar a vista da natureza, a brisa do vento e o calor do sol pela monotonia de folhas de papel. O que você iria preferir? — argumentou, com o ar de superioridade de quem acreditava ter ganhado a discussão.

— O que é melhor? Ficar à deriva em um campo, correndo o risco de ser pisoteada, ou estar protegida por alguém que as aprecia, tendo um senso maior de propósito? — Arqueou uma sobrancelha, deixando o garoto mudo. — Pois é, também prefiro ter uma razão para estar nesse mundo à apenas existir, ainda que em um lugar bonito.

— E qual seria a razão de estarmos nesse mundo? — Nathan indagou com curiosidade real.

Daisy piscou algumas vezes, parando para pensar mais seriamente sobre o assunto.

— Talvez para causar algum impacto na vida de alguém, ou quem sabe, transformar nem que seja um pouquinho o mundo. — Abraçou as próprias pernas, sentindo alguma coisa se remexer no seu coração.

— Não, não me parece que seja isso. — Deitou no tecido estendido na grama, colocando os braços sob a cabeça e encarando as nuvens se movendo lentamente no céu azul brilhante daquele dia.

Antes que Daisy pudesse criar alguma resposta que os convencesse, Yuna veio correndo até eles.

— E essa? Você já tem? — direcionou a pergunta a menina, enquanto estendia uma flor para a mesma.

— Já sim, Yu — pegou a flor e viu o semblante da mais nova se frustrar, ela estava determinada a achar uma nova espécie para a coleção da amiga, mas vinha falhando em todas as suas tentativas —, mas não tem problema, eu vou guardar essa também, assim como as outras que você me trouxe, não me importo em ter algumas iguais.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora