30 * Flores secas

369 78 91
                                    

Daisy abotoou o casaco ao mesmo tempo que olhava para fora, se perguntando como o sol podia estar brilhando e mesmo assim um frio cortante a atingir ao abrir a porta.

— Ótimo! — resmungou ao perceber que tinha encaixado os botões na ordem errada.

— Acho que ele está vencendo.

Ela ergueu a cabeça para ver Nathan lhe dirigindo um sorriso zombeteiro.

— Mas não desistirei — a moça brincou, continuando seu trabalho até terminar. — Viu? Vocês não foram melhores que eu botãozinhos!

— E onde esses "botãozinhos" vão? — Nathan perguntou, rindo da amiga.

— Vou passar em casa para ver como as coisas estão. Acredita que a Dora machucou o pé? — A moça soltou o ar. — Ela afirmou em seu recado que não foi nada demais, porém não confio nela, sempre foi teimosa com a própria saúde.

— Vou com você, preciso conversar com a Isabelle e ver como nossos amigos em comum estão.

Isy assentiu e os dois tomaram a carruagem que os levaria aos seus destinos.

— Como foi o jantar? — Nathan perguntou, tentando não parecer tão curioso quanto estava, desde que ela fora para o evento, na noite anterior.

— Muito bom! A Belle e o marido também foram e a noite foi tão agradável, Nate. Eu me diverti bastante.

— Pelo jeito que falou, não resta dúvidas — zombou.

— É que foi bom, de verdade.

— E o sr. Andrews? — perguntou o que realmente queria saber.

— Ah, ele foi gentil, disse que agiu sem pensar e que queria continuar nossas conversas sobre Cristo e tudo o mais. Eu orei tanto por isso, sabe? Quero que o sr. Andrews entenda que Deus é muito bom, e que Ele se importa conosco, por que eu já experimentei e sinto todos os dias o quanto o Senhor se importa. — As faces rosadas denunciavam como ela estava feliz.

Nathan reparou nisso e deixou o mau humor de lado por um instante, sorrindo.

— O que foi? — Daisy franziu a testa, curiosa com a mudança.

— Isso, você — gesticulou, apontando para ela —, é especial. Esse seu jeito de falar de Deus com tanta naturalidade e amor com qualquer pessoa que te dê abertura, realmente me inspira.

A moça piscou algumas vezes, surpresa pelo elogio.

— Eu não faço nada demais, já fui aquela que odiava a Deus e agora que o amo preciso contar para todo mundo quão bom Ele é. Só de pensar como me enganava sobre o Senhor, meu coração dói, não desejo que ninguém viva longe dEle, vou anunciar as boas novas para quem puder, até morrer.

O rei precisou conter outro sorriso.

— Mas não era você que me criticava tanto por investir no sr. Andrews? — ela continuou, ficando séria.

— Não era crítica, só preocupação. — Cruzou os braços.

— Preocupação boba. — Daisy arqueou uma sobrancelha. — Sendo sincera, às vezes acho que não confia em mim.

— Isy, eu confio em você, de verdade. — Ele passou a mão pelo cabelo, num gesto de desconforto. — Olha, não irei mais falar nisso, tudo bem?

— Não, não está tudo bem. Você é péssimo disfarçando o que pensa, Nathan! Diga de uma vez o que realmente te incomoda.

Ele respirou fundo, desviando o olhar para a janela enquanto tentava organizar o que pensava.

— Eu conheço muito bem a amiga que tenho e seu temperamento espontâneo e amável com qualquer ser humano que vê pela frente. Não é algo ruim, no entanto, pode acabar mal se o Jason entender de outra maneira. — Percebendo que ela iria falar algo, levantou a mão, pedindo que o ouvisse. — Não vou pedir para se afastar dele, não teria base ou sequer o direito de pedir isso, só quero que seja clara sobre seus objetivos nessa aproximação, pelo bem dos dois.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora