44 * Refletindo a bondade

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— O Conselho vai me matar, preparada para ficar viúva antes do casamento? — Nathan deu um sorriso nervoso para Daisy.

Ambos seguiam para a sala de reunião, com Vicent caminhando a frente deles.

— Vou fingir que você não disse isso. — Ela o lançou um olhar de repreensão.

— Era brincadeira, Isy — passou o braço pelos ombros dela —, eu sei o que dizer para apaziguar a ira deles.

— Espero que também ache uma solução para os guardas de Elad.

— Estou confiando que Deus vai nos ajudar, só não sei como. — Suspirou ao chegarem, buscando manter a calma que precisava naquela situação.

— Vou ficar orando daqui. — Daisy o deu um abraço rápido antes de se juntar à princesa na espera.

Os homens finalmente entraram na sala, encontrando o Conselho reunido. Eles se levantaram quando a dupla entrou, reverenciando o rei.

Nathan sentou em seu lugar, se esforçando mais do que nunca para manter uma expressão tranquila.

— Convocamos essa reunião pois as notícias não param de correr, majestade — um dos conselheiros explicou. — Nunca imaginaria que os fugitivos de Elad iriam conseguir entrar no nosso reino, reforçamos a segurança assim que o senhor nos comunicou sobre a possibilidade.

— Também fiquei surpreso quando descobri, mas a questão é que eles já estavam aqui quando fizemos isso. — Nathan respirou fundo. — E eu sei onde eles estão.

As exclamações de espanto e confusão encheram o ambiente.

— E por que não nos contou?

— Sinceramente? Não queria os expor a nenhum risco.

— Acha que nós oferecemos risco a eles? — Um dos homens franziu o cenho.

— Não poderia arriscar que alguém os entregasse, sei que não vão concordar comigo em lutar para mantê-los aqui.

— E não concordamos mesmo! — rebateu. — É uma ideia péssima, se os guardas de Elad descobrirem isso estamos em apuros. Diga aonde eles estão e os entregue, é o mais sensato a fazer.

Nathan suspirou, já esperava aquela resposta.

— Pense com cuidado, majestade — o conselheiro começou, em tom suave —, seu pai com certeza não tomaria uma atitude tão imatura.

O rapaz cruzou os braços sobre a mesa e fitou os homens com seriedade. Suscitar a memória do rei Frédéric não surtiu o mesmo efeito no coração agora resoluto do jovem.

— Eu sempre achei que não deveria estar no trono, mas Deus sabia exatamente o que estava fazendo ao me colocar nessa posição. — Seu peito ardia pelo senso de propósito que havia encontrado nas últimas semanas. — Outros reinos "invadidos" por eladianos não possuem a mínima compaixão por aquelas vidas. Eles os mandam de volta por temer aos homens, e se meu pai estivesse governando Salun, faria o mesmo. Mas eu não sou mais guiado pelos princípios do meu pai, sou guiado pela Verdade, que é Cristo. Por isso, em tudo que puder, vou ajudar os eladianos, dentre os quais muitos são meus irmãos.

— Mas e os salunianos? — um dos conselheiros indagou com revolta. — E se houver uma guerra por causa dessas poucas pessoas que não deveriam significar tanto assim para o senhor?

— Quando eu fui coroado não restringi meus esforços para o bem apenas do meu povo, se posso buscar o bem de outros, farei sem hesitar. E sobre uma guerra, não estou disposto a entrar em uma, nosso objetivo é salvá-los de modo pacífico.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora