{11} Presentes e Deus

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Hoje é um dia lindo, não é, Nate? — Daisy sentou sobre a toalha aberta na areia da praia. — É uma tarde perfeita, não está muito quente, o céu tem um azul brilhante e um monte de nuvens branquinhas salpicadas aqui e ali! Não é mesmo um dia esplêndido?

— Tem razão, é um bom dia — o rapaz se esforçou para ver toda aquela beleza vista pela amiga, mas aos seus olhos era um dia comum.

— Eu amo praia! O barulho das ondas, o cheiro da água salgada e a areia quentinha. — Abraçou as pernas, sentindo a barra molhada do seu vestido cobrir seus pés.

— Praia me lembra sossego, gosto disso — o príncipe expressou sua opinião.

— Verdade. Bom, não é à toa que esse lugar se chama Praia do Descanso — ela disse em tom brincalhão, levando-o a sorrir.

— Sabe — a voz doce da Sra. Taylor ganhou a atenção de ambos —, olhar para essa imensidão azul-esverdeada é como um carinho no meu coração, um lembrete cheio de amor sobre o poder do Criador.

— Do Criador? — Nathan estreitou os olhos, sem saber bem ao que ela se referia.

— É, querido. — Um sorriso amável adornou as feições da senhora. — Deus, foi Ele que criou o universo inteirinho.

— Acha mesmo que existe Deus? — foi Daisy que perguntou. Um ouvinte atento notaria o leve traço de desdém na voz da menina de quatorze anos.

— Tenho certeza, mocinha. — O semblante de Dora Taylor se encheu de seriedade. Ela era uma ouvinte bem atenta.

Daisy voltou o olhar para as ondas quebrando na areia, indo e vindo, assim como os pensamentos que ela tentava, em vão, reprimir.

Nathan notou a nuvem negra pairando sobre a amiga e se apressou a tentar dissipá-la, queria ver os raios de alegria emanando dela outra vez.

— Isy, eu tenho um presente para você. — Tirou uma caixinha do bolso da calça, ganhando a completa atenção dela.

— Não me diga que lembrou! — Juntou as mãos sobre o queixo, ansiosa.

— Você fala disso há semanas, Isy May, teria como eu esquecer?

E ela tinha falado muito mesmo. Era dia 17 de Setembro, data que, em Salun, se celebrava o Dia da Amizade, o feriado favorito de Daisy e, quando ainda tinha as irmãs por perto, era uma ocasião recheada de diversão, além de que todo ano elas trocavam presentes feitos por suas próprias mãos, tornando os objetos extremamente especiais.

Naquela manhã, ela abrira os dois pacotes que Agatha e Annelise mandaram de forma antecipada, para ter certeza que chegariam a tempo. As duas garotas de dezesseis anos estavam estudando em um internato para moças no reino de Estaryn, mas ainda mantinham todo contado possível com a querida irmã mais nova.

Quando Daisy viu os dois caderninhos, um em branco e o outro cheio de narrações das aventuras das irmãs e várias flores que nunca vira antes, seu coração se encheu de amor. Podia até ser uma lady, contudo aquele tipo de presente valia mais que diamantes para sua alma simples.

— E então, o que é? — Estendeu a mão para Nathan e ele entregou o presente, sentindo uma estranha palpitação de expectativa.

Ela tirou a pequena tampa e seus olhos castanhos piscaram algumas vezes, antes dela abrir um sorriso, impressionada.

— Droga, Hyeon. — Tinha um misto de reclamação e deslumbre na sua voz quando pegou o colar com um delicado pingente de flor.

— Você não gostou? — O rapaz tombou a cabeça para o lado, preocupado.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora