{2} Origamis e Daisy

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Príncipe! Onde se enfiou, mocinho? — Judith chamou em uma mistura de grito e sussurro, não queria alarmar que havia perdido o garoto de vista mais uma vez. — Deixe de besteira e apareça.

A babá apoiou as mãos nos joelhos, ofegante. Espiando pela fresta da cortina, Nathan abafou a risada com a mão.

Achava a mulher uma boa cuidadora, no entanto se considerava grande demais para ter uma. Doze anos já era o bastante para não precisar daquele tipo de supervisão.

Escorregou para longe ao vê-la virar o corredor, só não percebeu que era uma armação da babá. Quando colocou os pés para fora ela apareceu de novo.

— Droga — praguejou, começando a correr.

— Espere aí! — Judith tentou acompanhar o ritmo do menino, mas foi uma batalha perdida para seus hábitos sedentários.

Nathan olhou para trás para ver se já estava longe o bastante, mas acabou esbarrando em uma das colunas que ornamentavam o corredor, fazendo o jarro de flores se estilhaçar no chão.

Apertou os olhos, ciente de que era um dos vasos favoritos de sua mãe.

Sua bolha de pânico foi estourada pelo som dos passos atrás de si. Fez uma escolha rápida e deixou para levar a bronca depois.

Correu mais um pouco e chegou na porta dos fundos do palácio. Cumprimentando os guardas tão conhecidos, os quais já tinham visto o jovem príncipe fazer aquele caminho mais vezes do que podiam contar, correu pela trilha de cascalhos que levava para uma pequena área arborizada.

Parou e olhou para cima, contemplando por um instante o refúgio, sua casa na árvore. Subiu pela escada improvisada e adentrou-a.

Era um espaço pequeno, mas confortável. Em um canto haviam algumas almofadas que proporcionavam um lugar confortável para passar o tempo, em outro uma escrivaninha e, na parede posta a da janela, uma estante vazia.

O príncipe sentou em frente à mesa coberta por uma bagunça de papéis e pegou uma das folhas. Nathan foi fazendo dobras no papel com a agilidade dada apenas pela repetição, em pouco tempo um pequeno pássaro surgiu ali.

Uma por uma, foi tornando as folhas em uma variedade de origamis.

Aprendera aquela habilidade com sua professora, uma senhora de origem japonesa, a qual teve a capacidade de atravessar as barreiras e cativar o garoto tão fechado.

A arte do origami atraiu Nathan pelo simples fato de exigir concentração, estar focado em alguma coisa acalmava sua mente, ele podia se distrair e obter a satisfação de uma tarefa bem feita.

Estava centrado no que fazia quando ouviu um barulho. Deixou o trabalho pela metade e se aproximou da porta.

"Será que a Judith foi tão esperta assim?" — pensou, esperando ver a loira lá embaixo.

Entretanto, para sua surpresa, tudo que viu foi uma menina de olhos esbugalhados.

— Que susto! — Ela levou a mão ao peito.

— O que está fazendo aqui? — o garoto indagou tão surpreso quanto, descendo os poucos degraus.

— Eu que pergunto. O que faz aí? A srta. Pathon está parecendo uma barata tontinha a sua procura, já revirou todos os quartos. Deu um trabalhão te encontrar, porém consegui graças ao meu alto poder de observação. — Desandou a falar. — Bom, talvez eu tenha te seguido, mas assim não soa tão bem.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora