{23} Socos e Petúnia

289 81 113
                                    

— Minha querida amiga, ouça meu conselho e vá embora.

Daisy entrelaçou os dedos sobre o colo, cruzando as pernas e ignorando totalmente a sugestão de Nathan.

Sua mãe me convidou para almoçar, não vou ir embora de jeito nenhum.

— Olhe bem, Isy, eu não estou exagerando quando digo que meu primo é insuportável. Poupe seu tempo e vai fazer algo mais legal, sei lá, catar flores novas para sua coleção, por exemplo. — O rapaz sentou ao lado dela, com uma expressão de súplica que a fez rir.

— Por favor, Hyeon, o Theo não deve ser esse monstro que você descreve.

— Theodore — corrigiu, sério.

Isso, o Theodore pode até ser chato, mas insuportável parece exagero. — A moça sorriu com tranquilidade. — Vai ser divertido conhecer sua família, não vejo a hora.

— Eu tentei te salvar, mas você é muito teimosa, vai ter que ver com os próprios olhos. — Nathan afundou o rosto nas mãos, frustrado.

Mina, que estava passando em frente a sala, parou ao ver o filho tão agoniado.

— Nate? Qual o problema?

— Ah, mãe, nada demais. — Endireitou-se, forçando um sorriso.

— Isy? — A mulher recorreu à ela.

— Ele está tentando me convencer a ir para casa — ignorou o olhar ferrenho do amigo —, diz que quer me livrar de conhecer o Theodore.

— Nathan! Não acredito nisso. — Mina cruzou os braços.

— Eu estou errado? Esse... — engoliu o xingamento, procurando um adjetivo que não lhe rendesse um tapa da mãe. — Ele é um idiota, não o quero perto da Isy, na verdade, seria um sonho se o Theodore desaparecesse da face da Terra e de brinde levasse os pais.

A rainha primeiro ficou horrorizada com a fala do filho, porém, seria hipócrita se dissesse que nunca quis o mesmo.

— Querido — colocou um sorriso maternal no rosto e se abaixou em frente a ele —, não deixe que eles escureçam seu coração, quem é ruim quer transformar os outros em iguais. A maior forma de lutar contra o mal é fazendo o bem.

— Mas mãe, eles tratam a senhora tão mal, não se importa?

— Já me importei, hoje não mais. — Apertou a mão do garoto. — Prefiro pensar nos meus pais, nos meus outros irmãos e sobrinhos que eu amo e que me amam. A vida fica muito pesada quando olhamos só para as partes ruins. Você não fica feliz em pensar que tantas pessoas maravilhosas vão passar alguns dias conosco?

O príncipe refletiu um pouco nas palavras da mãe, ainda que seu coração doesse de tanta raiva, ele sabia que deveria seguir o conselho dela.

— Sim. — Deu o melhor sorriso que pôde.

— Ótimo! Faça questão de apresentar a parte boa da família para a Daisy, está bem?

— Certo.

— Eles chegaram. — O rei apareceu na sala, fazendo o coração de Nathan se contorcer.

Daisy, percebendo a cara dele, segurou seu braço e sussurrou um "vai ficar tudo bem", torcendo para que ficasse mesmo.

A família real e Daisy saíram para a entrada, a fim de receberem os visitantes. A lady sorriu com sua simpatia natural quando a rainha Amelie se dirigiu a ela.

Amor, coroas e papelOnde histórias criam vida. Descubra agora