beleza cruel • ksj + kth

a passeata dos derrotados

"Eu quero que você me ame como ontem, não solte essa mão nunca mais" (heartbeat - bts)

- Desculpa Seokjin - Namjoon responde, franzindo as sobrancelhas - Mas é tarde demais - ele fala por fim. Namjoon entra de volta no prédio, sem nem olhar para trás.

Finalmente dentro do elevador, o empresário volta a respirar e aquele pequeno espaço se torna seu pequeno mundo. Ele não esperava que seria tão difícil ver Seokjin, ver aqueles olhos se encherem de lágrimas pelas suas próprias palavras que Namjoon sabia que iriam o machucar. Tais palavras, que eram necessárias para proteger o seu melhor amigo do que só ele sabia que já havia passado por causa de Yoongi.

O caminho até o apartamento do artista é frio e parece se alongar a cada passo, Namjoon ensaia suas respostas para as perguntas que ele faria. A porta se abre com um som arrastado apenas para encontrar a sala de estar vazia e a Tv falando sozinha, o programa que assistia de repente ficando desinteressante.

A porta no final do corredor está aberta e a música melancólica ecoa pelas paredes da casa até Namjoon e quando ele chega no estúdio parece mais triste ainda.

- Quem era? - Taehyung pergunta, sentado na frente de uma tela e de costas para seu amigo. Seus dedos parecem ir direto para a tela como um imã criando uma imagem que Namjoon ainda não sabia quem era.

- Ninguém importante - Namjoon responde, cruzando os braços. Ele solta uma tosse, como seu pulmão se apertasse com a mentira

- Era ele? - outra pergunta do artista, o tom de voz aumentando com esperança de ser o florista. Taehyung não precisa falar o nome para Namjoon saber de quem ele referia.

Seu rosto se vira um pouco, tanto que Namjoon consegue ver seu perfil parcial e como ele estava atento para a resposta do seu amigo.

- Não - Namjoon mente de novo, olhando para o chão envergonhado. O rosto de Taehyung se vira novamente para a tela - Não acho que ele queira te ver.

A mentira de Namjoon quase entala na sua garganta e o sufoca; suas intenções eram boas mesmo que os meios de conquistar o "certo" estavam errados. Se Namjoon não queria que Taehyung se machucasse ainda mais e voltasse para aquela época obscura do seu passado, precisava cortar suas esperanças pela garganta e esse tinha sido o sacríficio de Seokjin.

- Eu sei que não - Taehyung comenta do fundo da sua garganta, ele coloca o pincel de lado para esfregar suas mãos no seu rosto e logo volta a pintar. Namjoon se pergunta a quanto tempo ele estava trabalhando naquela obra.

Diferente dos cenários que Namjoon imaginou, Taehyung não o pergunta mais nada e continua a pintar em silencio - a não ser pela música que toca no plano de fundo, a única coisa que impede o artista de escutar seus próprios pensamentos.

Namjoon anda pelo estúdio, olhando as telas incompletas, abandonadas e escondidas pelos cantos. Ele queria conversar com Taehyung e entender o que ele estava sentindo mas ele já havia visto isso antes com outra pessoa e a resposta para a cura era a arte. Ele mesmo se curaria por meio da arte.

Seus olhos encontram no canto do estúdio uma obra que já conhecida e agora reconhecia aquele rosto. A imagem dos seus olhos castanhos chorosos e pedintes ainda fresca na sua mente faz Namjoon se sentir mal ao cobrir aquele quadro com um pano novamente. Taehyung não precisava ver aquele rosto tão cedo.

- Namjoon - Taehyung chama, sua voz tão baixa que ele mal escuta. Seu amigo anda até ficar ao seu lado - O que isso parece para você? - ele sinaliza com a cabeça para o quadro na sua frente.