O copo com água tremia nas mãos de Dani. O choro do jovem causava dó em Bruno.
Dani foi convidado para entrar e sentar no sofá da sala, onde recebeu um copo com água.
Bruno ficou muito preocupado ao vê-lo naquele estado.
O jovem se desculpou muitas vezes por ter incomodado o casal àquela hora da madrugada, mesmo o casal dizendo que não havia importância.
Dani relatou que foi brutalmente agredido pelo ex-padrasto, um homem extremamente cruel e violento que tinha por ele uma obsessão doentia.
_ É muito difícil pra mim ter que falar sobre esse assunto, mas... eu tenho muita vergonha...Ele...abusou de mim por muitos anos. Era horrível e nojento! Eu me sentia sujo, sabe? Eu guardei esse segredo por muitos anos. Foi um tormento. Até que um dia, eu tomei coragem e revelei a verdade para a minha mãe. E foi a pior coisa que eu fiz. Ela não suportou e... retirou a própria vida.
Dani se atirou nos braços de Bruno chorando.
_ Dani, eu sinto muito. Eu não fazia ideia de tudo isso. Você tá sempre alegre na redação, brincando com todos, eu jamais pude imaginar que você estava passando por algo tão difícil.
_ Ele me culpa pela morte da minha mãe. Diz que eu deixei os meus irmãos órfãos...Eu me sinto péssimo por isso. Mas, eu sofria muito. Apanhava e suportava os estupros calado. Era dolorido demais.
_ Você não teve culpa de nada. Ele quem foi o culpado de tudo. Deveria ser preso.
_ Você registrou um boletim de ocorrência?_ perguntou Jonas, cruzando os braços, tentando olhar no fundo dos olhos de Dani.
_ Não! O Cláudio é um homem muito violento. Eu morro de medo de ele fazer algo ruim a mim ou aos meus irmãos por vingança.
_ Onde estão os seus irmãos?
_ Como são filhos dele, estão com ele.
_ Mas, eles não podem ficar com aquele tarado! Que idade têm? Quantos são?
_ É um menino de 9 e uma menina de 12. O Cláudio está atrás de mim! Ele quer me matar! Me atacou, me deixando desse jeito! Por pouco, eu consegui escapar. Eu não tenho pra onde ir. Ele descobriu o endereço da minha casa e foi atrás de mim para me matar!
_ Não se preocupe! Você pode ficar aqui por enquanto.
_ Não, Bruno! Eu não quero incomodar! Eu me ajeito. Eu só preciso passar a noite aqui. Desculpe eu vim te procurar, mas você é a única pessoa em que eu confio. Me perdoe por ter te envolvido nessa confusão.
_ De maneira alguma será um incômodo.
_ Daniel, Você pode nos dar um minuto? Eu preciso trocar uma palavrinha com o Bruno.
_ Claro, Jonas.
Jonas levou Bruno até o escritório.
_ Você tá doido?! Como convida um estranho para ficar na nossa casa?!
_ Ele não é um estranho, Jonas! Eu conheço o Daniel. Ele trabalha comigo há um ano!
_ Você conhece a ponto do iceberg. Você sabe como ele é no ambiente de trabalho, mas não faz ideia de como é na vida privada.
_ Jonas, ele está precisando de ajuda! Eu já passei por algo parecido. Sei o que é sofrer violência doméstica. E olha o estado dele. O cara foi estuprado e a mãe cometeu suicídio. Eu não posso negar ajuda a uma pessoa que está passando por esse tipo de drama.
_ Você nem sabe se essa história é real. Você não acha estranho ele não ter registrado um boletim de ocorrência?
_ Não. Eu não acho. Você sabe que o Gustavo me espancava desde criança, a mim e a minha mãe e o nosso medo era tão grande que não demos queixa na polícia. Ele tá sentindo culpa pela morte da mãe e eu sei o que é isso. Eu também sentia culpa quando a minha era espancada e pela morte da Gabriela.
_ Bruno, o Daniel não é você! É um estranho contando uma história que nem sabemos se é verídica.
_ Ele está todo machucado! Você acha que ele teria o trabalho de se auto flagelar para sustentar uma mentira? Francamente, Jonas! Eu não vou negar ajuda a ele. Eu não ajudei a Gabriela e isso custou a vida dela. Não vou fazer o mesmo com o Dani.Bruno conduziu Dani até o quarto de hóspedes, depois de ter feito curativos em seu rosto.
_ Você pode ficar à vontade. Pode ligar o ar-condicionado e a TV. Quero que fique bem confortável.
_ Obrigado, Bruno. Você é um anjo. Eu nem sei como te agradecer._ Dani disse se ajoelhando aos pés do patrão. Bruno o puxou para cima.
_ Não precisa exagerar. E não há o que agradecer. Só espero que fique bem. Vou te deixar descansar. Boa noite, Dani.
_ Obrigado, anjo. Boa noite.
Quando Bruno fechou a porta. As lágrimas de Dani se converteram num sorriso.
Jogou-se na cama macia.
_ É...me dei bem.
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Borboletas sempre voltam 2
RomanceQuatro anos se passaram e as vidas dos nossos personagens mudaram muito. Jonas e Bruno estão casados e desfrutando de uma boa vida financeira, no entanto o casamento enfrenta uma crise. Para salvar o casamento, Bruno aceita a ajuda do seu estagiári...