Capítulo 24

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Capítulo 24

Neide interrompeu a varrida do chão para sorrir com a chegar a de Bruno.
_ Olha só! Você voltou, Bruno! Esta casa fica tão sem graça sem você.
_ Bom dia, Neide. Eu não voltei e nem vou voltar. Só vim buscar as minhas coisas. Algumas delas. O resto eu vou pegar depois.
_ Ah, mas que pena! Eu não me conformo com tudo isso! Vocês sempre se deram tão bem! Olha, eu trabalho pro Jonas há anos. Ele sempre gostou de você... Quando você sumiu, há anos atrás, eu via um monte de caras correrem atrás dele, mas o coração do Jonas sempre se manteve fiel a ti.
_ Fidelidade e Jonas são duas palavras que não combinam.
Neide apoiou as mãos na vassoura.
_ E olha que eu te avisei sobre aquele japonês maldito! Te disse que sentia que ele não era boa bisca, mas você não acreditava em mim.
Bruno estava detestando aquela conversa e interrompeu a empregada, pedindo que o ajudasse a armar as malas.
Enquanto arrumava as bagagens, sentia vontade de chorar, mas conteve-se, promentedo a si mesmo que encararia a situação com dignidade. Evitou olhar as fotos do casal para que a tristeza não aumentasse ainda mais.
Despediu-se de Neide com o coração apertado. A mulher o abraçava com força.
_ Eu sinto tanto por tudo isso. Você não merece toda essa safadeza! O Jonas errou, mas ele está arrependido. Vive chorando pelos cantos. Eu acho que você não deveria dar esse gostinho para aquela cobra de olhos pequenos. Não deveria entregar o seu marido de bandeja.
_ Neide, eu preciso ir. A minha mãe está me esperando para almoçar.
_ Eu vou senti tanto a sua falta.
_ Não seja por isso. Você pode me visitar na casa da minha mãe._ Bruno a olhou sorrindo._ Você sabe que eu amo a sua comida. Vai que, futuramente, eu te roube do Jonas e você vire a minha secretária do lar?
_Olha só! Que proposta tentadora! Eu vou acabar aceitando. Eu vou te confessar uma coisa: que Jonas não me ouça, mas eu prefiro a ti como patrão. Ah, aquele menino é muito bagunceiro! Vive deixando as coisas espalhadas pela casa. Agora sem você aqui para pôr um freio nele...hum! Isso aqui vai virar uma zorra! Vou ter um trabalho danado.
Bruno a abraçou sorrindo, sabendo que Neide era das perdas que mais lamentava em perder, pois, tinha por ela um carinho muito grande.

Bruno entrou na casa da mãe portando as malas. As depositou no chão da sala. Mal pode respirar e Rose já pôs as mãos na cintura.
_ Bruninho, o que significa isso?_ ela perguntou apontando para as caixas de móveis que haviam chegado há poucas horas de uma loja.
_ É a mobília do quarto de hóspedes. Ainda bem que elas já chegaram. Eu vou agora mesmo passar uma mensagem para o montador particular. Estou com pressa demais para esperar o da loja. Quero dormir no meu quarto ainda hoje.
Bruno começou a digitar no celular, mandando uma mensagem para o montador.
_ Filho, por que você fez isso?
_ Isso o quê, mãe?_ Bruno perguntou sem tirar os olhos da tela do celular.
_ Tudo isso. Por que comprou tudo isso?
_ Ah, e a bonita quer que durma onde? No chão?
_ Não se faça de bobo, Bruno! Já se passaram duas semanas desde a briga que você e o seu marido tiveram. Já tá mais do que na hora de vocês se acertarem!
Bruno a olhou sério.
_ Oh, mãe, eu não sei se você tá sabendo que eu e o Jonas não tivemos uma briguinha conjugal, que se resolve com um DR e uma noite de amor. O Jonas me traiu! E não tem mais conversa. Eu já conversei com ele e já tomei a minha decisão.
_ Você vai mesmo se manter duro como uma rocha? Olha, como você é teimoso!
_ Sim, mãe! Eu não vou voltar atrás. Inclusive já falei com o meu advogado e ele já deu a entrada nos papéis do divórcio.
Rose arregalou os olhos.
_ Bruno! Pare de agir como uma criança mimada! Casamento é algo muito sério! Mais sério ainda pra pessoas LGBT que lutaram tanto pra ter esse privilégio e você aí, jogando fora por puro orgulho.
_ Mãe, traição é motivo o suficiente para finalizar um casamento. O divórcio não é nenhuma tragédia. Em certos casos é até um alívio.
_ Bruno, o divórcio é um alívio quando o casamento é um inferno como o meu e o do  seu pai foi. Mas, no caso de vocês é diferente! Vocês se amam! Precisam pensar bem e conversarem bastante. Tentar entender e consertar os pontos que erraram.
_ Erraram é uma ova! Ele errou! Eu fui uma vítima, mãe!
_ Os dois erraram! Ele errou por ter enfiado a cara no trabalho e te negligenciado, errou em ter transado com aquela bisca. Mas, você também errou e muito. Quantas vezes eu e a Neide te dissemos que o Daniel não era boa coisa e você ignorou, preferindo acreditar num estranho do que na sua mãe e na moça que trabalha na sua casa? Meu filho, como diz o ponto da pomba gira não "pra ser rainha não basta sentar no trono, tem que saber governar." E você abriu as portas da sua casa para um estranho, acreditando na ladainha dele sem nem ao menos verificar se era verdade! Você colocou a cobra dentro de casa! E ainda fez pior, deu ouvido ao rapaz que te envenenava contra o seu marido e o seu amigo Rafael. Chegando ao cúmulo de contratar um detetive para investigá-los! Ah, tenha dó, Bruno!
_ Eu fui enganado, mãe! O Daniel me tratava muito bem. Como eu ia imaginar que ele era uma cobra?
_ O Daniel não te tratava muito bem. Ele puxava o seu saco. E quem puxa saco puxo tudo, até tapete.
_ Eu errei! Você tá coberta de razão. Mas, acabou! Eu não quero mais falar neste assunto! A minha decisão está tomada e tentar me convencer o contrário será perda de tempo. Agora, mudando de assunto, eu estou morrendo de fome. O que você fez para o almoço? O cheiro está ótimo!
_ É né? Pelo visto será inútil tentar argumentar  contigo. Eu fiz estrogonofe de carne. Bruninho, aquele quarto é muito pequeno! Não vai caber todas as suas coisas. Só os seus livros ocupam uma biblioteca. E as suas roupas? O seu closet  era imenso. Quase do tamanho desta casa.
_ A minha estadia por aqui será provisória. Eu só comprei poucas coisas: um guarda-roupa, uma cama box, um criado mudo, uma cadeira de escritório, uma escravania e um pequeno livreiro com 5 nichos. Só para eu ficar provisoriamente. A partir da semana que vem vou procurar um corretor e alugar um apartamento.
_ E você chama tudo isso de pouca coisa?
Bruno foi andando para à cozinha digitando no celular.
_ Vem logo, mãe! Eu tô morrendo de fome e ainda tenho que passar na redação.
_ Tudo bem! Já vou indo! Porque você é um doce, mas quando está com fome fica amargo como um limão.

Borboletas sempre voltam 2Onde histórias criam vida. Descubra agora