Capítulo 13

72 6 2
                                    

Capítulo 13

Os sinais da noite mal dormida estavam expressos no rosto de Jonas. As olheiras profundas, a expressão séria e irritada.
Assim que o dia amanheceu, levantou da cama do quarto de hóspedes de dona Chiquinha. Ao ligar o celular, viu que Bruno havia ligado várias vezes e mandado muitas mensagens implorando por perdão e pedindo para conversar. Mais uma vez, ignorou o marido. Ainda estava muito chateado com tudo que aconteceu. Para ele era ofensivas demais as atitudes de Bruno, em prol do ciúme.
Na noite anterior, dona Chiquinha estranhou quando o neto bateu em sua porta pedindo para passar a noite em sua casa.
Nervoso, narrava tudo que havia acontecido, fumando vários cigarros.
Ela o aconselhou a tomar um banho e descansar um pouco para que se acalmasse.
Pela manhã, pediu a sua empregada que prepara-se um reforçado café da manhã para duas pessoas.
Jonas entrou na sala de jantar muito sério. Não tinha a intenção de comer nada. Queria somente tomar uma xícara de café e partir para o trabalho.
No entanto, a idosa insistiu que ele se sentasse ao lado dela para se alimentar corretamente.
_ Meu querido, você vive para o trabalho. Precisa respirar um pouco.
_ Hoje mesmo que devo focar no trabalho, vó. Preciso tentar esquecer a merda que o Bruno fez.
_ Sente um pouco com a sua avózinha. Eu sinto tanto a sua falta._ ela disse com jeito tão meigo, que Jonas se sentiu um monstro por ter cogitado a recusar.
Dona Chiquinha pediu para que ele contasse o que aconteceu com mais calma.
Ela o ouvia em silêncio, fitando a janela aberta, refletindo sobre o que Jonas contava.
Quando ele terminou, ela o olhou no fundo dos olhos e disse:
_ Há algo errado nisso tudo. Uma peça do quebra cabeça que não estou conseguindo encaixar.
Jonas a olhou esperando que a avó concluisse o seu pensamento.
_ Veja bem, querido: Você e Rafael sempre foram grandes amigos e Bruninho nunca se importou com isso. Agora, do nada, ele cisma com essa amizade?! Eu tenho certeza que alguém está fazendo a cabeça dele. E tenho para mim que é aquele mocinho com cara de coreano.
_ O Daniel? Eu acho que não.
_ Foi depois dele ter ido morar na casa de vocês que Bruno ficou com essa desconfiança.
_ Oh vó, o Daniel que me alertou que tinha um cara me perseguindo. A senhora acha que se ele tivesse convencido o Bruno a me vigiar, ele teria dado molhe de me dizer que o cara estava me seguindo?
"Sabe quando começou as paranóias do Bruno? Foi quando ele leu uma mensagem do meu celular, onde Rafael fez uma brincadeira. Dali ele surtou."
_ Vocês dois precisam conversar.
_ Eu não quero nem ver a cara dele. Bruno está louco! Precisa de internação! Pra mim já deu. Ele passou de todos os limites.
_ Não diga isso. Você o ama. Passaram muitas coisas e conseguiram superar juntos, se casaram e construíram uma vida. Meu filho, um casamento não é feito só de bons momentos. Há brigas e crises também. Mas, quando há amor o casal precisa esfriar a cabeça e conversar, para poder se acertar.
_ Eu sei. Eu amo o meu Bruno pra caralho! Eu sou louco por ele, mas no momento estou com muito ódio. Não conseguiria olhar na cara dele sem ter vontade de esganá-lo.
"Vó,  a senhora tinha razão quando preferia o Patrick. Eu me pergunto o porquê que não me apaixonei por ele. Matheus é que deu sorte. Patrick é muito mais fácil para conviver. Mas, eu sou um idiota que só me apaixono por homens complicados, neuróticos e ciumentos."
_ Agora não adianta chorar pelo leite derramado. Você deve esfriar a cabeça e tentar se reconciliar com o seu marido.

Bruno também não conseguiu dormir. Passou a noite inteira em prantos. Degustava lentamente o sabor do arrependimento.
Concluiu que foi tolo por se deixar levar pelo ciúme e ter agido por impulso.
Temia o fim do seu relacionamento.
Decidiu não ir na redação para ficar em casa. Tinha esperanças que Jonas voltaria para casa e eles pudessem conversar.
Feliz internamente, Daniel quis se mostrar prestativo e preparou o café da manhã para Bruno, levando na cama. Perguntou se ele ia à redação e obteve uma resposta negativa.
_ Eu estou indo. Mas, qualquer coisa que precisar você pode me ligar. Eu sinto muito por tudo que aconteceu._ Daniel segurou na mão de Bruno e o olhou de um jeito doce._ Eu estou me sentindo muito culpado por tudo isso. Eu não devia ter te recomendado o detetive.
Daniel esperava que Bruno disse que estava tudo bem e que não precisasse se sentir culpado. Contudo, Bruno apenas o olhava com os olhos vermelhos e o rosto inchado devido as longas horas de choro.
_ Eu só quis ajudar. Não acho justo que o Rafael tente separar vocês. Agora eu temo que ele faça a cabeça do Jonas e...
_ Daniel, por favor,  eu quero ficar sozinho.
_ Tudo bem. Eu estou indo. Mas, se precisar de alguma coisa é só me chamar.
Daniel pôs as duas mãos na face de Bruno, enxugou as suas lágrimas.
_ Eu odeio te ver assim. Me parte o coração.
Levou os lábios em direção aos de Bruno e desviou para a bochecha, onde beijou-a.

Borboletas sempre voltam 2Onde histórias criam vida. Descubra agora