Capítulo 12
Isabel untava a forma de bolos enquanto ouvia Bruno narrar sobre a sua desconfiança a respeito da suposta infedelidade de Jonas.
Devido o calor sufocante, ela prendeu os cachos num coque.
_ Eu acho que você está viajando, Buba._ Isabel disse, limpando as mãos no avental.
_ A mensagem era muito suspeita. E sem contar que ambos passam a maior parte do tempo juntos. E, assim como o Jonas, Rafa não está comparecendo no sexo.
_ O Rafa é hétero! Ele jamais vai sentir alguma atração sexual pelo Jonas. A Cinthia me disse que eles são amigos há anos. Desde que eram crianças.
"Eles são cunhados e sócios, por isso é normal que passem a maior parte do tempo juntos."
_ Eu sei disso! Mas, estou sendo consumido pela dúvida. Como o Daniel disse, o detetive pode me esclarecer se há algo de errado ou não.
_ Esse tal de Daniel está colocando caraminholas na sua cabeça._ ela afirmava apontando a colher de pau para Bruno._ Já pensou se o Jonas descobre que você colocou um detetive na cola dele? Vai ficar puto e com razão. Eu acho que você deveria sossegar o facho. O Jonas já não disse que vai tirar umas férias para vocês viajarem? Então, cara, relaxe!
_ Na verdade... bom... Ah, vou dizer! Eu tenho medo do Jonas fazer comigo o que fez com o Matheus. Pronto, falei!
_ Bruno, era outro contexto. Jonas sempre te amou. Como você sumiu por anos, ele decidiu namorar o Matheus. Aí você voltou e ele se viu dividido. Agora, vocês estão juntos e casados. E você está com ciúmes de um cara hétero?! Tenha dó, né!
_ Você acha que estou sendo muito neurótico?
_ Pra caralho!
_ Você tem razão. Eu vou relaxar. Eu não vou procurar detetive nenhum.
Isabel despejou a massa de bolo na forma e a pôs no forno.
_ É a primeira vez que faço bolo de coco. Reze para que fique bom.
_ Você não gosta de bolo de coco! O que houve, mulher? Passou por baixo do arco-íris?
_ Não é para mim. É para o Patrick. Eu quero agradá-lo, coitado.
_ Como ele está?
_ Tentando superar. Mas, está muito triste. Isso tudo é tão absurdo! Eu não consigo me conformar que alguém pode ser tão monstruoso para acabar com a vida de uma pessoa, só porque se incomoda com ela faz na cama, o que não é conta de ninguém.
_ O mais triste é que é algo que todos nós estamos sujeitos a passar.
_ Nem me fale. A situação não está boa pra ele. O casal está com problemas financeiros e foram morar na casa da sua tia.
_ Eu estou sabendo disso. Sabe, eu não conheço esse Patrick. Só de vista mesmo e de tanto que Matheus o xingava por ciúmes do Jonas. Mas, eu tenho muita pena desse cara. Eu conheço o Matheus infelizmente. Sei que é um moleque mimado e imbecil. Ele não está acostumado a segurar o rojão da vida. Garanto que vai acabar abandonando o Patrick.
_ Eu duvido muito disso. Matheus mudou muito. Ele trata o Patrick muito bem. É muito atencioso, carinhoso e protetor. Acho que aqueles dois vão envelhecer juntos.
_ Deus te ouça.Naquela ensolarada manhã de domingo, Jonas tirou uma folga para jogar futebol com os amigos.
Após a pelada, chegou em casa suado, retirando a blusa e as chuteiras. Dani estava sentada no sofá da sala lendo o livro Todo dia, de David Levithan. Sua atenção foi roubada pela visão de Jonas.
Desejou ser os pingos de suor que percorriam a sua pele alva. Os cabelos molhados davam um charme a mais. O jovem não pode deixar de observar o volume por cima do short branco.
Sentiu o seu corpo reagir áquela visão. Um calor o dominou e o seu pênis mediano dava sinal de vida.
Lançou sobre Jonas um olhar provocativo e um sorriso sexy, mordendo a ponta dos lábios.
Jonas tentou desviar o olhar e o sorriso de Dani ficou ainda mais atrevido.
No entanto, o mesmo sorriso foi desfeito quando se deu conta que Rose o observava com um olhar desconfiado da soleira da porta.
_ Minha querida sogrinha!_ Jonas exclamou dando um beijo no rosto da mulher.
Bruno entrou na sala vestindo um short de moletom cinza e uma blusa preta de estampa dos Simpsons.
_ Amor da minha vida!
Jonas o puxou e o beijou desejoso.
Dani os observava de um jeito inexpressivo que escondia a sua raiva interna. Sentia-se ofendido com o fato de Bruno ser casado com um homem rico e atraente. Julgava Bruno indigno de qualquer tipo de felicidade. Sentia-se roubado.
_ Você tá suado, amor! _ Bruno disse se afastando de Jonas.
_ É que você é tão gostoso que eu não consegui resistir._ Jonas o puxou para beijá-lo novamente, deixando Dani ainda mais bravo. Bruno se desviou.
_ Vá tomar banho, amor. O almoço já vai ser servido.
_ Eu te amo, porra!_ Jonas disse roubando um beijo e subiu as escadas correndo, antes que Bruno lhe desse uma nova bronca.
_ Bruninho, vem aqui um momento._ disse Rose, o convidando para ir até à cozinha.
_ Eu não confio nesse garoto.
_ Que garoto, mãe?
_ O Japoneizinho.
_ Ele é descendente de coreano.
_ Coreano, japonês para mim é tudo a mesma coisa.
_ Mas não é.
_ O que importa é que você deve abrir os olhos. Esse menino estava comendo o Jonas com os olhos lá na sala. Os olhos dele são pequenos por fora, mas por dentro é maior que as duas Coréias juntas.
Bruno não gostou da informação que recebeu da mãe. Sentiu uma pontada de ciúmes.
_ Abre o seu olho, Bruninho. Camarão que dorme a onda leva.
Os dois arrumaram a mesa para o almoço. Dani entrou se oferecendo para ajudar, trazendo os pratos.
Jonas entrou alguns minutos depois, de banho tomado.
Sentou sorrindo ao lado do marido e o beijou.
_ Hoje você está demais, hein Jonas!
_ É você que me deixa assim, louco por ti.
_ Se beijam mesmo. Vocês são perfeitos juntos. Eu nunca vi casal mais fofo._ Daniel disse, apoiando a cabeça na palma da mão, simulando prazer em vê-los juntos.
_ Filho, sabe quem perguntou por você?
_ Se você não disser, eu nunca saberei.
_ A mãe Lucinda.
_ Sério?! Faz tanto tempo que não a vejo! Estou com saudades.
_ Ela te mandou um beijo e te convidou para ir na gira. Estou pensando em esta semana. Vamos comigo? Faz tanto que você não vai.
_ Faz mesmo. Acho que vou dar um pulinho lá sim.
"Além de lerda, a bicha é macumbeira." Pensou Dani.
_ Eu acho fantástico essas religiões de matrizes africanas. E o preconceito que as pessoas têm por elas me irrita. Agora, eu não sabia que você tinha religião, Bruninho.
_ Eu sou umbandista. Mas, não frequento como deveria. Estou sentindo saudades do terreiro. Toda vez que eu ia, me sentia bem. Revigorado. Me faz tão bem!
_Venha conosco, meu genro?
_ Eu respeito muito a religião de vocês, sogrinha, mas não consigo tê-la como crença. Não é nada ligado ao preconceito. O meu pai é um umbandista roxo, até me levava nas giras quando eu era criança, mas não era a minha praia.
_ Você tem religião, Jonas?_ Quis saber Dani.
_ Não curto muito essa coisa de espiritualidade. Para mim o que existe é o aqui e agora. Somente o mundo físico.
_ Você é ateu?
_ Agnóstico.
_ Jura?! Que coincidência! Eu também sou! Nós temos tanta coisa em comum.
_ Sabe que eu não acho? Acho que o meu genro e o meu filho têm muito mais em comum do que com você.
Bruno ficou envergonhado com o comentário da mãe. Jonas preferiu fingir que não entendeu, se oferecendo para cortar o frango assado.
_ Eu concordo com a senhora, dona Rose. Bruninho e Jonas nasceram um para o outro.
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Borboletas sempre voltam 2
RomanceQuatro anos se passaram e as vidas dos nossos personagens mudaram muito. Jonas e Bruno estão casados e desfrutando de uma boa vida financeira, no entanto o casamento enfrenta uma crise. Para salvar o casamento, Bruno aceita a ajuda do seu estagiári...