capítulo 39

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_ Tô precisando da sua ajuda, veado.
Rafael desviou o olhar da tela do celular para mirar Jonas, que estava diante de si, em pé, enquanto ele estava sentado no sofá do escritório.
Jonas sentou ao seu lado, exalando empolgação. O sorriso iluminava o seu rosto e os olhos brilhavam, o que levou Rafael a concluir que o assunto que seria iniciado teria Bruno como principal tema.
_ O que você quer, Jonas?
_ Eu convidei o Bruno para jantar hoje a noite.
_ E?
_ De início, eu fiz o convite para jantar num restaurante francês que ele adora, cujo o chefe é um grande amigo nosso... o Claude Bernard, você o conhece.
_ Sei.
_ Então, o Bruno começou a fazer aquele cu doce de sempre. Alegando que não quer me dar esperanças, que só podemos ser amigos, que um encontro não seria adequado e blábláblá.
_ Mas no fundo, ele tá doido pra te dar.
_ Exatamente. Ele tá doido pra me  dar e eu para comer ele. Meu saco da inchado de tanto tempo que não gozo.
_ Você sem gozar? Ah, conta outra, veado. Safado do jeito que tu é, pelo menos uma bronha tu tá tocando.
_ Mas não é mesma coisa. O cu do Bruno é mais gostoso do que a minha mão.
_ Tá bom. Aonde é que você quer chegar com tudo isso?
_ Então, para convencer o Bruno a sair para jantar comigo hoje à noite, eu disse que você e a Olivia estariam com a gente.
_ Má nem pensar! Hoje eu tirei a noite pra curtir a minha mulherzinha. Já combinamos de sairmos para jantarmos SOZINHOS e depois, vamos pegar um motelzinho, porque eu também sou filho de deus. Não vou mudar todo o meu programa para te ajudar não.
_ E não precisa. Eu também quero ficar sozinho com a minha borboletinha e tenho planos mais picantes. A única coisa que você vai ter que fazer é confirmar  que vai ao restaurante, caso o Bruno pergunte.
_ Tá bom. E quando chegar lá? Ele não vai ver nem eu e nem a Olivia. O que o "senhorito" pretende dizer?
_ "Oh! Que pena! O Rafa e a Olivia não puderam vir. Nossa! Como eu lamento por isso."
_ Tu é muito pilantra!_ Rafael disso sorrindo e dando um tapa leve no rosto de Jonas.

....


_ Você não vai sair vestido desse jeito!_ dona Chiquinha exclamou abismada no quarto de Jonas. Para ela,  é uma afronta aos bons costumes o neto ir a um restaurante da alta gastronomia vestido com uma calça jeans, uma camisa azul marinho  da marca Pólo e um sapatênis.
_ Qual é o problema com a minha roupa, vovó?
_ Jonas, você está indo ao Claude Bernard,  um restaurante muito bem conceituado! Não pode ir vestido como se fosse a uma churrascaria. E além do mais, eu conheço o Bruninho. Ele, ao contrário de você, tem bom gosto. Com certeza vai estar deslumbrante num Armani preto e cheirando a perfume Dior.
_ Isso é verdade._ Jonas disse sorrindo, orgulhoso do bom gosto do marido e imaginando-o se arrumando com capricho.
Lembrou -se de como Bruno parecia uma mulher na hora de se arrumar. Demorava horas para isso. Caprichando desde o banho, passando hidratante de pele e uma deliciosa loção pós-barba.
_ Bruno deve estar tão cheiroso.
_ E você querendo ir assim! Mas nem pensar.
_ Eu não curto muito usar ternos como o Bruno. Nem tenho um!
_ Eu vou resolver isso!
Dona Chiquinha pediu para a empregada pegar o terno que foi do seu falecido esposo. Devido às memórias afetivas que tinha com as roupas do finado, ela sempre as mantia num guada-roupas que ficava no quarto vazio. Sempre os mandava para lavanderia, para preservá-los.
Jonas herdou a mesma altura e porte físico do avô,  o que fez com o que o traje o caísse como luva.
Vendo o neto diante do espelho, vestido com um traje preto, uma camisa social branca e uma gravata azul celeste, sapatos Oxford cap toe CNS pretos muito bem engraxados e os cabelos bem penteados,  o que raramente acontecia, já que Jonas sempre os deixavam desalinhados, ela se orgulhava da elegância do rapaz.
_ Você é tão parecido com o seu avô, quando ele era mais novo! Tão bonito quanto! Eu tinha muito orgulho do meu marido. Caminhava com ele bem agarrada nos braços para mostrar para as outras que ele tinha uma companheira. É porque o mulheril caía em cima do Bernardo.  E ele era safado igual a você.
_ Que isso, vovó? Que mau juízo a senhora está fazendo de mim.
_ É verdade! Você é safado como o seu avô. A diferença está só na sexualidade. Se você gostasse de mulheres, bonito e safado do jeito que é, não ia perdoar nenhuma, assim como você faz com os homens.
_ Eu estou tentando mudar. Sou um homem casado e quero o meu marido de volta.
_ Assim espero. Eu rezei muito para que você e Bruninho se acertassem de uma vez e que tudo volte a santa paz. Só não cometa a burrice de deixar este homem te escapar novamente. Você já fez a burrice de dispensar o Patrick, agora não vai me perder o Bruno, que é um ótimo rapaz e que você o ama.
_ Amo muito! Amo demais,  vovó! Eu sou louco por aquele homem! Não vejo a hora de ter ele nos meus braços e de voltar para a casa! Ah, como eu o amo!_ Ele disse abraçando e beijando o rosto da avó.

Borboletas sempre voltam 2Onde histórias criam vida. Descubra agora