Capítulo 32

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As cores verde e amarelo dominavam as ruas da comunidade. Estavam nos postes, nos desenhos dos muros das casas, nas bandeiras de plásticos penduradas nas ruas.
Naquele domingo ensolarado seria transmitido pela TV mais uma partida de futebol com a seleção brasileira em campo contra a Dinamarca.
O cheiro da feijoada vindo da panela de pressão apitando na cozinha do terraço  de Renata exalava por toda a casa.
Ela convidou os amigos e o namorado para assistirem a seleção brasileira em campo.
Marquinhos transferiu a TV de 50 polegadas da sala para o terraço, onde ficou no painel no centro do local. Ela quis alugar algumas mesas e cadeiras no boteco do Alexandre, mas devido aos anos de amizade, o comerciante não cobrou pelas cadeiras e mesas.
Para entrar no clima da copa, Patrick e Emily decoraram o terraço com as bandeirinhas juninas de cores verde e amarelo.
Enquanto Renata preparava a feijoada, Patrick e Emily a ajudavam nos cortes, ele cortando a couve manteiga e a adolescente no bacon e linguiça calabresa para compor a farofa.
Matheus subiu ao terraço trazendo com Marquinhos uma caixa de cervejas para pôr na geladeira.
_ Filho, você não viu o carro da sua tia Rose subindo o morro?
_ Não. Ela vai vir?
_ Vem. Ela acabou de me passar uma mensagem dizendo que estava a caminho._ Renata, ajeitando a toca de rede nos cabelos e secando a mão no avental.
_ O imbecil do Bruno vai vir?_ Matheus perguntou sério com a possiblidade de ter um sim como resposta.
Renata manteve o rosto concentrando na panela, fingindo que não ouviu a pergunta do filho.
_ Mãe! Oh, mãe!
_ Oi, meu bem.
_ Me responda!
_ E se ele vier? Ah, palhaçada isso! Supera!_ respondeu Emily irritada.
_ Cala a boca, pirralha! Mãe, nem precisa responder. Pelo seu silêncio, já sei que convidou o Bruno.
Para tentar amenizar o clima, Patrick se aproximou de Matheus o abraçou,  apoiando a cabeça na sua barriga.
_ Mô, tô com vontade de tomar um cafézinho. Faz pra mim?
O jeito meigo e o sorriso de Patrick fez a raiva de Matheus se dissipar. Ele acariciou o rosto do ruivo e o beijou.
_ Uma hora dessas?!_ Emily perguntou pondo as mãos na cintura.
O celular de Renata tocou anunciando uma notificando uma mensagem no Whatsapp. Ela digitou sorrindo.
_ Pelo sorriso, garanto que a sogrinha está falando com o Wilson.
Todos fizeram "huuuum " para zoar a mulher.
_ Tá apaixonadinha, Renatinha!
_ Tô sim, Emily! Mas, o motivo do meu sorriso dessa vez não é esse.
_ O que é, sogrinha?
_ Além do Wilson, eu convidei a minha sogra e o meu cunhado Diego. Quando o Wilson chamou o Diego, ele perguntou se o Bruninho viria.
Matheus abriu um sorriso.
_ Quer dizer que o Diego tá interessado no Judas? Caralho! Jonas vai ficar muito putooooo!
_ Não vai não. Por que ninguém vai contar pra ele.
_ Quem disse que não, amor? O Betinho vai contar.
Patrick olhou estranhando Matheus. O loiro pegou o celular e mandou um áudio para Betinho.
_ Oh, Nhonho,  tenho uma pra te contar. Não tem o Diego, o irmão do Wilson? Ele tá a fim do Bruno. Vai vir pra cá pra feijoada e o Judas também vem.
_ Ah, que maldade, amor.
Matheus começou a dançar.
_ O que você ganha com tudo isso, Matheus?_ perguntou Renata, girando a cabeça negativamente.
_ Como a diz a baleia "Eu quero que o mar pegue fogo para eu comer peixe assado".
Betinho respondeu a mensagem com uma figurinha de um boneco dançando e um áudio:
_ Bichaaaa, que babado! Brunosa já tá sentando em outro? Genteeee! Que perigosa! Já tô indo pra ir saber mais do babado.

Quando Betinho chegou, sentiu o cheiro de café da soleira da porta da sala.
_ Cheguei na hora boa!_ gritou, entrando na casa com uma sacola de plástico na mão.
Ao entrar na cozinha, flagrou Matheus e Patrick aos beijos.
_ Genta! Uma hora dessas e as bonecas já se pegando? Que pouca vergonha!_ Betinho disse  entregando a sacola a Matheus._ Eu trouxe a cerveja para a linguaruda não dizer que eu só como de graça.
Matheus pegou a sacola.
_ Cara de pau, você trouxe um litrão!
_ Eu ainda não recebi, pitibul boiola! Foi o que o deu para trazer._ Betinho olhou um bolo de cenoura na mesa._ Ah, eu quero um pedacinho. Quem fez? Garanto que ou foi a Patricka ou a Renatissima,  a senhora preguiçosa é que não foi.
_ Aí que você se engana, irmã. Meu príncipe fez pra mim._ Patrick disse sorrindo abraçando Matheus pela barriga.
Betinho pegou no armário um pratinho, um garfo e uma faquinha. Sentou na mesa cruzou as pernas, cortpu o bolo e se serviu.
_ Hum! Até que enfim você prestou pra alguma coisa, Matheusona. Tá bom! Amiga, você deu uma boa surra de bunda e de pau na maricona aí. Só você mesmo para convencer a preguiçosa a fazer alguma coisa.
_ Eu nem vou perde o meu tempo te respondendo, baleia. Amorzinho, vou por o seu cafézinho.
_Eu também quero, Matheusa,  mas com adoçante. Eu estou de dieta.
_ De dieta enchendo o cu de bolo? Ah, para de palhaçada!
_ Vem cá. Vocês vão na parada LGBT?
_ Eu não vou não. Ainda não me sinto bem para ficar no tumulto.
_ E você, veado? Vai ir? As sapatosa vão.
_ Claro que não, anta! Se o Patrick não vai o que eu vou fazer lá? Ao contrário de tu, que é uma baleia encalhada, eu sou um homem casado.
_ Hum! Não precisa humilhar, Matheusa!
_ Você pode ir, amor. Vá com as meninas. Você precisa se divertir um pouquinho.
Matheus o abraçou e o beijou no rosto.
_ Eu vou me divertir sim, mas vai ser naquele quarto com a minha ferruginha.
Patrick sorriu empolgado.
_ Eu quero ir, mas o índio papa cu anda de ovo virado porque tomou um pé na bunda da Brunosa. Ele não vai me liberar. Só se eu inventar que estou me sentindo mal.
_ Você vai perder tempo. O Rafael vai vir com a Olívia para a feijoada.
_ Ah, não!
_ Deixa de ser preguiçosa e vai trabalhar.
_ Você tem macha, Matheusona! Eu quero pegar uns hoje. Que saco! Quer saber vou perturbar o Rafaelo até ele me liberar.
_ Então, irmã, torça para o Brasil ganhar o jogo. Caso o contrário, Rafael vai ficar puto e não vai te deixar a ir à lugar nenhum. Você sabe que futebol afeta o humor dos héteros.
_ Ah, minha Santa Aparecida, faz esse Brasildo ganhar esse jogo, pro Rafaelo ficar muito bonzinho e me deixar faltar hoje para ir à parada._ Betinho disse olhando cruzando os dedos, olhando para cima._ Mas, vem cá,  me conta o babado da Brunosa e Dieguete.
Matheus sorriu, sentando ao lado de Betinho.
_ Você nem imagina...

Borboletas sempre voltam 2Onde histórias criam vida. Descubra agora