Capítulo 36

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Capítulo 36

Bruno se virou e sentou à mesa, indicando que estava disposto a conversar. Jonas sentou em frente a ele, o olhando de jeito carinhoso.
Bruno abaixou o olhar para conter a vontade de abraçar o marido.
_ Eu acho que vou me arrepender de estar tendo esta conversa. Você é uma pessoa muito explosiva, Jonas. Sempre parte para as gritarias e acusações.
_ Eu prometo que não farei isso. Só quero te ouvir.
_ O que te fez querer me ouvir?
_ Eu me arrependi de tudo que fiz. Eu te acusei de ter me traído na boate e fiz a merda que fiz e estou pagando um preço alto por isso. Te perder está me doendo muito, Bruno. Eu sinto tanto a sua falta! Sinto falta do seu corpo, além do sexo, eu sinto falta do seu sorriso, dos seus abraços, de como torce a boca quando ficava nervoso comigo, sinto falta do calor do seu corpo quando dormiamos juntos, de ouvir a sua voz me dando bom dia pela manhã.
Bruno foi traído pelos próprios sentimentos. Ele queria aparentar indiferença pelas palavras de Jonas, mas as lágrimas não o permitia.
Jonas o segurou pele  queixo, erguendo a sua cabeça e enxugando as suas lágrimas.
_ Oh, meu amor, hoje, eu percebo que você só queria atenção. Eu estava te negligenciando por causa de dinheiro e te acusava de incompreensão. Mas, na verdade, quem estava sendo incompreensivo era eu.
Bruno desabou no choro, não conseguindo  expressar uma palavra, o que fez Jonas se sentir péssimo.
_ Eu sei que o que fiz está doendo em ti. É por isso que você fez o que fez. Foi o modo que você encontrou de expressar a sua dor, fazendo com que eu sentisse a mesma coisa. Eu sinto muito por ter te magoado.
_ Tá doendo muito, Jonas! Dói demais! Puxa, a gente passou por tantas coisas para ficarmos juntos! Você quase morreu para me salvar! Eu passei oito anos sofrendo por não poder me aproximar de você. Meu coração sangrava quando eu tinha que suportar você com o meu primo! E quando, finalmente, tínhamos tudo para sermos felizes, você jogou tudo fora!
"Eu não vou mentir pra você. Eu adorava e adoro até hoje todos os benefícios financeiros que você me proporciona,  mas eu te amava muito e só queria estar ao seu lado. Eu só queria desfrutar da companhia do homem que eu amo."
_ Você ainda me ama, Bruno?
Bruno ficou impactado com a pergunta. Não tinha forças para mentir, e optou por abaixar a cabeça em silêncio.
Jonas soube interpretar o sim. Segurou na mão do marido e disse:
_ Eu também te amo, minha borboletinha.
_ Eu não confio mais em você. Não consigo olhar pra você sem me lembrar que teve um caso com aquele asqueroso. Até hotel pra ele você pagou! Comigo você não queria sexo, estava sempre cansado, mas por ele você tinha tesão. Por quê? Porque ele é mais jovem? Por que é mais bonito? Ou mais gostoso? Você me humilhou tanto!
_ Eu não tive um caso com ele. Aconteceu só uma vez. Eu paguei o hotel para afasta-lo da nossa casa. E eu nunca deixei de ter tesão por você! Daniel não é melhor que você em nada! Muito pelo contrário, ele não chega aos seus pés. Você é lindo, é inteligente, é educado, é culto, é nervosinho sim, mas é gostoso pra caralho! Você me deixa louco! Você sabe disso. Eu sou viciado em você._ Jonas deu um sorriso maroto._ Você amarrou a minha piroca, cara. Você me incendeia.
Bruno desviou o olhar para o lado, com medo de transparecer o seu desejo. Sorria internamente, ficando menos triste. Contudo, queria dar o braço a torcer para a sedução de Jonas.
_ O Daniel me disse que vocês tiveram um caso.
_ É mais uma das mentiras dele! Aquele lá vive contando caô! Viu o que ele fez com padrasto? Desde que pôs os pés na nossa casa, só nos envenenou! Ele vivia me dando molhe, eu ignorava, mas ele insistia. Depois ele fez a sua a cabeça te convencendo a acreditar que eu te traía com o Rafa! Na época, eu fiquei com raiva de ti, mas hoje, eu consigo te entender! Daniel te convenceu a contratar um detetive particular e depois me convidou para ir com ele no shopping para escolher um presente pra você. Ele me mostrou que um cara me seguia. Mas, ele sabia que era o detetive. Ele queria que eu descobrisse e brigasse contigo.
_ Que filho da puta!_ Bruno disse socando a mesa.
_ A gente se deixou levar pela lábia dele! Principalmente, eu. Naquele dia que você chegou na pizzaria e encontrou o Daniel lá, ele foi atrás de mim para me perseguir. Tem feito isso direto! Todo mundo tá de testemunha. Eu não quero nada com ele e mesmo assim, o desgraçado não sai do meu pé.
"Bruninho, eu errei! Mas, eu nunca deixei de te amar. Fui fraco, impulsivo, burro, eu reconheço tudo isso! Mas nunca houve nenhum outro dono do meu coração que não fosse você. "
_ Eu nem sei o que dizer. Como pude ser tão manipulável para o Daniel? Como fui tão trouxa?
_ A culpa foi toda minha por não ter te alertado que o Daniel me dava molhe. Também tive culpa por ter te deixado de lado. Se tem alguém que merece sofrer nessa história, esse alguém sou eu. Você não merece uma lágrima.
A vontade de abraçar Jonas aumentava em grande escala. Para conte-la, Bruno se auto abraçou.
_ Eu só quero uma chance para fazer diferente. Lembra da viagem que te prometi? Então, Eu posso deixar o Rafa segurando as pontas e podemos tirar um momentinho pra gente. Precisamos espairecer a cabeça, curtir um pouquinho.
_ O nosso problema não é geográfico. Não é uma viagem que vai resolver. Eu não confio mais em você. Ainda sinto dor quando lembro de tudo.
O garçom bateu na porta, perguntando se poderia anotar o pedido.
Bruno autorizou a entrada e pediu sushi e Jonas fez o mesmo.
Quando o garçom saiu, o casal retomou a conversa.
_ Eu não quero mais brigar contigo, Bruno. As nossas brigas só servem para nos machucar! A gente só se xinga e se acusa! Eu não sinto só tesão por você! Eu tenho um carinho enorme por ti! Te admiro! Quero ter uma boa convivência contigo! Eu sei que você odeia barracos! Quero poder esbarrar contigo sem ter aquele climão.
_ Eu também.
O garçom entrou trazendo os pedidos e saindo em seguida.
_ As nossas famílias se dão muito bem. A minha avó te adora e eu adoro a sua mãe e tia. Temos amigos em comum. Será normal nos cruzarmos. Seria bom para ambos se não nos odiassemos.
_ Você tem razão, Jonas. Eu não te odeio. Nunca te odiei. Mas, eu estou muito machucado.
_ Eu sinto muito. Me perdoa?
Bruno respirou fundo e disse:
_ Eu te perdoo sim, Jonas! Eu não quero travar uma guerra contra ti. Nós vivemos uma linda história de amor e eu sou muito grato a ti por tudo que fez por mim. Sou grato por ter salvado a minha mãe e sou grato por ter me dado a redação...enfim, você é muito especial pra mim. Só não confio em ti para voltar a ter uma relação.
_ Eu entendo,  meu bem. Mas você me deixa muito feliz e aliviado com a sua generosidade de ter me perdoado. Eu já ganhei o dia aí.
_ Acho que dar pra sermos amigos.
_ Eu vou adorar ter um amigo gostosinho assim. Vou fazer várias homenagens no banho para o meu novo amigo.
Bruno não conseguiu conter a risada.
_ Você não presta mesmo! Tudo pra você deve acabar em putaria!
_ A culpa é sua por ser tão tesudinho. Me deixa louco!
_ Ah, é? Não pode te dar uma mão que você quero  o corpo inteiro, né  Jonas? Pode sossegar o facho. Eu disse que seria o seu amigo e não o seu peguete.
_ A gente terá uma linda amizade. Ela será como a bandeira LGBTQIA +.
Bruno sorriu.
_ Que ousadia! Nada de amizade colorida! Safado!
_ Como você está? Como vai o trabalho na redação?
_ Vai bem. Estou com um projeto novo com a Duda. Lançamos um podcast.
_ É mesmo? Que legal!
_ É um podcast que se chama  "Papo furado".
_ Como assim?!_ Jonas perguntou sorrindo.
_ Falamos sobre coisas do dia a dia. Como coisas que nos trazem conforto, vida adulta, assuntos que são triviais, mas que muitos se identificam. Conseguimos patrocinadores. E audiência está sendo boa.
_ Cara, eu fico muito feliz por isso! Você quero quis ter um podcast. Eu vou ouvir.
_ Não precisa fazer isso para me agradar. Eu sei que você é um homem muito ocupado.
_ Fui. Hoje, em dia, dei uma freada no trabalho. Quero aprender com os meus erros. Mas, me fale mais sobre isso.
A conversa fluiu de um jeito leve. Jonas ouvia demonstrando interesse pelo trabalho de Bruno, o que deixou o jornalista motivado.
Após o almoço, Jonas o convidou para visitar a nova pizzaria, que ainda estava em obra.
Mostrou a Bruno o projeto do local, mostrando como ficaria após a obra.
Em seguida, o ofereceu para levá-lo para casa.
E Bruno aceitou, já que tinha deixado o carro na redação.
Ambos estavam felizes conversando no caminho.
Porém, a conversa foi interrompida com uma ligação de Rose.
_ Fala, mãe!
_ Filho,  Você vem jantar comigo hoje? A mamãe fez carne assada do jeito que você gosta.
_ Vou sim. Daqui a pouco, eu tô chegando aí.
_ Tá bom, meu amor. Beijinhos.  Te amo.
_ Outro. Também te amo.
Ao encerrar a ligação, Bruno pediu para que Jonas o deixasse na casa da sua mãe.
Ela ficou surpreendida ao ver o carro de Jonas buzinando da sua porta.
Imaginou que aconteceria mais uma briga. Mas, ao ver o filho descer do carro sorrindo com o brilho nos olhos, ficou feliz imaginando que o casal havia se reconciliado.
Ela não quis sair para fora de casa, com medo de estragar o clima do casal, ficou assistindo tudo pela janela da sala.
Jonas levou Bruno até o portão.
_ Você vai entrar?
_ Hoje não. Mas, manda um beijo pra Rose.
_ Tudo bem. Eu vou indo. Boa noite, Jonas.
Jonas o segurou pela mão e os seus olhos se emcontram.
Bruno sentiu os braços de Jonas o envolver.
_ Acho melhor você ir.
Jonas o olhava sério, fitando a sua boca. Bruno estava trêmulo, sentindo o calor do corpo do marido.
_ Eu não vou resistir a essa boquinha.
_ Jonas! Se comporta!
_ Impossível!
Jonas o puxou pelo cabeça  e o beijou. Com a outra mão,  acariciava a coxa de Bruno.
Da janela, Rose sorria comemorando.
_ Eu...Eu...Eu... melhor você ir, Jonas.
Jonas penetrava o seu olhar malicioso em Bruno,  o deixando arrepiado. Tocou em sua face, a acariciando.
_ Você tá quentinha, minha borboletinha. Tá pegando fogo? Pode deixar que eu tenho uma Mangueira bem cheia para apagá-lo.
Bruno sorriu mordendo os lábios e o empurrou.
_ Para se safadeza. Eu tenho que ir. Tchau.
Bruno virou de costas para entrar e sorriu ao sentir um tapa na bunda.
_ Gostoso!
_ Que cafajeste!
Jonas mandou um beijo antes de entrar no carro e sair.
A felicidade de Bruno era visível na sua feição risonha e olhar brilhante.
_ Que alegria é essa, meu filho?_ Rose perguntou, fingindo  não saber de nada.
_ Nada. Só estou de bom humor.
_ Eu vi o Jonas. Se acertaram?
_ De uma certa forma...sim.
_ Graças a Deus! Como é Deus é bom! Atendeu as minhas preces!
_ É,  mas não se empolgue não, dona Rose. Eu não reatei com o Jonas. Apenas conversamos, colocamos tudo em pratos limpos e decidimos que, apesar de separados, teremos uma relação amigável.
_ Separados? Sei! Isso aí vai acabar na cama.
_ Mãe! Você  não era tão ousada!
_ Não é ousadia. É verdade. Agora, que vocês terão uma relação amigável, eu vou poder convidar o Jonas para assistir o jogo do  aqui em casa?
_ Uh, é! A casa é sua, mãe. Convide quem quiser._ Bruno disse sorrindo.
_ Ah, meu amor! Eu quero tanto te ver feliz!
Rose o abraçou forte e beijou o seu rosto.

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