V A N N E L L O P E
V O N S C H E E T ZTec! Tec! Tec!
— Vai, funciona — imploro, batendo na tampa da placa de vidro que contém o microbô imóvel. — Funciona, por favor, por favorzinho.
Tec! Tec! Tec!, é o ruído da minha unha no vidro, de novo.
Mas a peça não se mexe mais, não aponta mais freneticamente na direção das outras — na direção de Hiro Hamada. Meu coração bate rápido, as sobrancelhas se unem e a respiração acelera, ao finalmente me dar conta: perdi meu norte.
Levanto de vez, caminhando ligeiro até onde Kristoff está sentado, tropeçando nas minhas próprias pernas, bambas de nervoso.
— Temos que voltar — ordeno —, agora.
O pretor deixa o mapa de lado e franze o cenho, erguendo os olhos castanhos para mim.
— Não podemos voltar.
— O microbô parou — mostro o objeto para ele. — Acho que perdeu a conexão com as outras peças, porque nos afastamos demais.
Assim que levantamos voo em direção ao sul, o microbô passou a apontar para o norte. E, no instante que pousamos, a pecinha parou de responder.
— Sei que está preocupada com Hiro, Vanellope — Kristoff diz —, mas nós temos que ir para o templo da titânide.
— Ficou maluco? — Acuso. — A gente devia estar assim de achar o Hiro, ele precisa de ajuda, tá sozinho e não...
— Eu também quero achar ele — o garoto me interrompe, colocando-se de pé. — Só que a gente tem uma missão.
— Hiro é a minha missão — contesto, recitando a profecia —, a corrida é doce se Fogo é o que procura...
O filho de Marte massageia o espaço entre os olhos, murmurando algo a si mesmo.
— Não temos tempo, Vanellope — ele sentencia —, não dá pra voltar e ficar procurando, esse microbô é muito instável e nem mostra a localização exata.
Fecho a cara, furiosa.
— Então você vai virar as costas pro Hiro?
— Eu não disse isso.
— Mas é o que você tá fazendo!
— Só estou d...
— O Hiro não pensaria duas vezes antes de te ajudar! — Exclamo, sem perceber que a voz vai ficando mais alta e mais aguda. — Podemos achar ele só com esse microbô, e se a gente seguir esse seu plano estúpido de ir por um caminho diferente, vai ser tarde demais e...
— Vanellope — uma Astrid assustada surgiu, pousando a mão no meu ombro —, calma.
Pisco, interrompendo o falatório. Quando uma filha de Ares te pede calma, alguma coisa tá errada.
— Eu tô calma — bufo, antes de virar as costas.
Me afasto do local semiaberto em que o grupo está, seguindo reto.
Bobocas, resmungo mentalmente, posicionando a placa com o microbô como uma bússola. Vou acabar indo atrás daquele miolo mole sozinha!
Respiro fundo por um instante, tentando controlar os nervos. Meus olhos salpicam e as narinas ardem, mas não posso chorar. Desde que Hiro foi levado, tenho essa sensação de que algo está faltando, de que o mundo está travado. Como se o segundo jogador tivesse dado pause e a partida não pudesse continuar. Ou como se eu fosse Player Solo num jogo em que jogam dois.
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Equinócio de Anna
FanfictionAnna estava morta, mortinha. Ou, pelo menos, deveria. É que ao invés de um caixão a sete palmos da terra, a garota se viu sequestrada por dois adolescentes estranhos que a levaram para um lugar mais esquisito ainda: o Acampamento Meio-Sangue. Agora...