A N N A
D E A R E N D E L L E
Assim que o chão terminou de tremer e desenterrar uma menina do centro da terra, os campistas apareceram ao nosso redor com a mesma velocidade que o milho estoura na panela pra virar pipoca. Numa fração de segundo, brotaram adolescentes de camisetas laranja, como a de Elsa, e outros de camiseta roxa, escrito "ACAMPAMENTO JÚPITER". Também, haviam homens com chifres e pernas de bode, meninas hippies de pele verde, uma mulher-galinha e dois caras muito altos, de dentes tortos e algum tipo de deficiência ocular. Acho que é carnaval e esqueceram de me avisar.- Pelo raio mestre de Zeus! - Um homem de cabelos pretos e encaracolados abria espaço pela multidão, usava uma camiseta com hibiscos vermelhos e chamativos. - O que está acontecendo aqui, Quíron?
O homem-cavalo trotou no lugar, os olhos castanhos resignados e cheios de dúvida ao responder:
- Os deuses nos enviaram duas meninas do pós-morte.
As palavras fizeram um arrepio correr pelo meu corpo. Aos poucos, se instala a certeza desesperadora de que já vivi mesmo a minha própria morte, sem brincadeira. Sinto as garras do medo se cravarem no meu estômago, tornando cada vez mais reais as imagens de sangue e neve que antes pareciam só um sonho.
Só que eu me sinto viva. Respirando. Com o coração batendo. Não posso ser um zumbi, não estou com o menor apetite para cérebros.
Mas as pessoas ao redor me olham como se eu tivesse saído direto do "The Walking Dead".
Os campistas murmuram entre si, desconfiados, amedrontados, curiosos. Elsa me aperta em seus braços pálidos, tão gelados que começo a bater os dentes de frio.
- Você fala daquelas duas remelentas ali? - Os lábios do homem de cabelo preto se contorcem de desgosto e ele faz careta como se comesse um sanduíche azedo. - Por que Zeus não nos enviou duas garrafas de vinho?
- Senhor D., Quíron - uma garota loira, com um cinto de caveiras e uma tira de couro na testa, se pronuncia, colocando a mão no quadril. - Precisamos reunir os pretores e os conselheiros de cada chalé e discutir o problema, traçar estratégias contra os nossos inimigos e nos preparar para uma possível guerra e...
- Não se precipite, Astrid - Quíron interrompe, rápido, e a menina revira os olhos azuis. - Não sabemos o que a presença de nossas recém-chegadas significa. Por enquanto, quero que voltem às atividades regulares.
- Vocês ouviram, circulando! - O senhor D. comanda, dispersando todo mundo.
Antes de sair, Quíron se volta para onde minha irmã e eu estamos abraçadas, no chão.
- Elsa, cuide de sua irmã. Você também, Jack.
O rapaz, Jack, carregava a caçula desacordada no colo. Uma expressão assustada mantinha alerta os olhos cristalinos dele.
- Precisamos levá-la ao chalé de Apolo - Flynn alcança o cajado no chão, ajudando Frost. - Ou até Rapunzel.
- Vá com ele, Jack - Elsa diz. - Emma precisa de você.
Ele acena com a cabeça, se apressando em descer a colina carregando a irmã.
Quando ficamos sozinhas, Elsa segura o meu rosto entre as mãos, as sobrancelhas franzidas denunciando a preocupação extrema.
- E você, está bem?
Ri, abrindo a boca pra responder que estou ótima, mas ao invés disso solto um suspiro engasgado, ficando espantada com os flocos de neve que caem preguiçosos entre nós duas.
- Na verdade, não, acho que estou alucinando, quer dizer, está nevando, olha! - Indico boquiaberta. - Ah!
Pulo, encolhendo as pernas ao notar a geada se espalhar na grama até mim.
- Tudo bem, tudo bem! - Elsa está rindo. - Você não está alucinando e nem ficando louca.
- Mas...
- Veja.
A temperatura cai quando a minha irmã abre a mão direita, fazendo gestos circulares com a esquerda. No meio de sua palma, fractais de gelo se aglomeram na estrutura delicada de um floco de neve.
- Não. Brinca. - Parece que os meus olhos vão sacar das órbitas quem nem rolhas de champanhe. - Você é uma bruxa!
Elsa gargalha, musical.
- Semideusa - corrige.
- Semi-o-quê? Oh, "semideusa". Já ouvi em algum lugar, acho...
Uma sombra passa pelo olhar da minha irmã, escurecendo o seu humor do mesmo modo que uma nuvem de chuva escurece o dia ao cobrir o sol. Meu sorriso morre logo depois do dela, sinto um aperto no coração.
- Anna... - Ela hesita, segurando minhas duas mãos, o azul dos seus olhos mais frios que os oceanos profundos da Noruega. - Aconteceu muita coisa no inverno passado, coisas que você parece não se lembrar, embora eu possa te contar. Mas também aconteceram coisas que só você sabe e que precisa me falar.
Minhas sobrancelhas se unem, confusa e ansiosa ao questionar:
- Coisas que só eu sei, tipo o quê?
- Tipo o que você fez depois de morrer.
Olá, semideuses!
O capítulo tarda, mas não falha. O que estão achando do Equinócio de Anna? Como puderam perceber, esse capítulo foi mais curtinho, pra sair mais cedo. O próximo vem amanhã (acho), e prometo que vai ser MUUUUITO interessante, haha.Não esqueçam de votar e comentar, tá? Kkkk
Beijos <3
P.s.: depois boto uma mídia bonitinha no capítulo kkkk
P.s.2: perdoem qualquer erro.
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Equinócio de Anna
Hayran KurguAnna estava morta, mortinha. Ou, pelo menos, deveria. É que ao invés de um caixão a sete palmos da terra, a garota se viu sequestrada por dois adolescentes estranhos que a levaram para um lugar mais esquisito ainda: o Acampamento Meio-Sangue. Agora...