Capítulo 22 - Luz no Submundo.

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K R I S T O F F    B J O R M A N


Emma é uma bomba-relógio.

As bordas da minha vista capturam o movimento do véu sombrio conjurado pela filha de Phobos, que nos segue conforme avançamos e faz tremeluzir as chamas das tochas. Apesar do rosto inocente e dos olhos castanhos apavorados, a aura da garota é massiva com a promessa de morte.

Não acho que Emma vá nos machucar. Quer dizer, não intencionalmente. É que parece que seus poderes respondem igual um mecanismo de defesa. Ao pressentir qualquer perigo, suas habilidades de pesadelo funcionam para amedrontar os inimigos e cobri-la com um véu de poeira negra. O problema é que ela não controla isso — o que pode nos matar.

Olho de soslaio para trás, a aura medonha da semideusa aciona cada instinto de fuga que tenho. Só que Jamie está ali também. Não sei o que esse cara faz para conter a Garota Bomba-Relógio, mas funciona. E estou contando com ele.

— Ali! — Emma aponta o corredor do meio. — Anna foi por ali!

É quando ouço a cacofonia agonizante de um coral de choros.

"Por favor!"

"Nos ajude!"

"Eu sinto muito..."

Os lamentos vão ficando mais altos, até abafar o guincho suíno da Porca Clazmoniana. Inspiro, tentando não pensar em Astrid, e o ar da caverna me sufoca com seu cheiro poeirento e mofado. Odeio esse lugar. Não fui feito para esses túneis cavados na terra, meu ancestrais são montanheses.

Concentrado na missão, quase não reparo quando Hans para abruptamente de correr. Minhas botas deslizam, freando, e me viro. Em seu rosto, encontro uma expressão que mistura confusão, urgência e determinação.

— Se eu não voltar em dez minutos — ele diz —, podem ir sem mim.

Franzo o cenho.

— Cara, do que você tá falando?

— Não podemos nos separar — Jamie avisa, quase tão ansioso quanto Emma —, pra onde você vai?!

— Deve ser influência desse templo, não sei — o filho de Vênus retira uma das tochas do suporte na parede de pedra, caminhando para trás. — Sigam o plano. E, Kristoff, ne demergat in misericordia.

— Hans! — Berro.

No entanto, o semideus já havia virado as costas, seguindo direto para o poço de escuridão, voltando por onde viemos. Ele só não é engolido pelas sombras graças ao fogo na tocha que carrega, mas logo some de vez, ao virar à esquerda no túnel.

Ne demergat in misericordia, ele havia dito.

Não afunde na misericórdia.

Travo a mandíbula, empunhando a lança de ouro celestial.

— Vamos — chamo os dois semideuses restantes, apontando à frente com um movimento de queixo —, Vanellope e Anna precisam de ajuda.

— Vamos — chamo os dois semideuses restantes, apontando à frente com um movimento de queixo —, Vanellope e Anna precisam de ajuda

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Equinócio de AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora