Capítulo 21 - Olhando para o Abismo.

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E M M A
O V E R L A N D   F R O S T

A caverna sombria e úmida, cavada na rocha bruta, está tão escura que não faço ideia do tamanho de sua extensão. A abertura da entrada é uma fenda apertada, que permite apenas um feixe de luz do dia permear o lugar. Vejo a chuva cair forte do lado de fora, onde há o monstro enorme e sonolento, que se esforça para abrir os olhos pequenos e malignos.

Me viro para Jamie, me sentindo inútil. Não tenho poderes curativos como Rapunzel; nem tenho a habilidade de conjurar neve, como Jack ou Elsa, para fazer uma compressa de gelo no tornozelo do rapaz. Não sei nada sobre estratégias de batalha, muito menos lutar. A verdade é que minhas mãos frias e suadas estão tremendo e o coração palpita forte e sem controle, tirando meu fôlego.

Não há nada que eu possa fazer para ajudar o filho de Morfeu. Ele está sentado no chão, recostado numa parede, com a perna estirada. O cabelo é dois tons mais escuro, molhado e colado na testa, e até a camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue está ensopada e suja de lama.

Agacho perto dele, abraçando a mim mesma.

— Tá doendo muito?

— Não — ele mente —, já tô melhor. Me preocupo mais é com você.

Sacudo a cabeça.

— Não se preocupe.

Ele desvia os olhos cor de avelã para o grupo logo a frente, que discute sem parar.

— Parece que estamos encurralados — reparo, angustiada. — O que eles estão planejando fazer?

— Não sei, é impossível entender com todo mundo falando ao mesmo tempo. — Jamie franze o cenho, dirigindo-se aos outros, em seguida. — Ei, pessoal.

Ninguém escuta.

— Que plano estúpido foi esse?! — Uma Astrid furiosa protesta. — É óbvio que ele tá querendo matar a gente, o que você tinha na cabeça para ouvir esse cara, Kris?

Hans interpõe, na defensiva:

— Se vocês tivessem me ouvido e fugido quando eu avisei, nada disso estaria acontecendo.

— Pessoal — Jamie chama novamente, sem sucesso.

— Ainda estamos vivos, né? — Anna se pronuncia, otimista; Seus fios de cabelo rebelde escapam das tranças. — Temos que aproveitar que aquele mostro caiu e mandar ele pro Tártaro!

— Não dá, é arriscado demais — Kristoff contrapõe —, a pele da Porca Clazmoniana é praticamente impermeável e ela ainda fica soltando esse gás venenoso, vamos morrer antes mesmo de chegar perto dela.

— É, e é questão de tempo até ela acordar e matar a gente aqui. — Astrid põe a mão na cintura. Cada detalhe da filha de Ares é intimidador, desde o cinto adornado com caveiras aos olhos azuis cintilantes e elétricos. — Mesmo que a Porca não consiga entrar, vai ser complicado atravessar a caverna. Esse lugar é um emaranhado de túneis, sem falar que estamos no escuro e...

— PESSOAL!

— O quê?! — A loira se vira para Jamie, assim como todos os outros.

O garoto limpa a garganta, sem jeito.

— Sei que não parece, mas estamos num templo, não é bom criar confusão aqui, ninguém quer ofender uma divindade. Além disso — ele pondera —, o plano do Hans não é dos melhores, mas é o único que temos.

Sentada a um braço de distância de Jamie, Vanellope se pronuncia em apoio ao garoto.

— Kristoff é o nosso líder. Se ele decidiu confiar no plano do Hans-çoso, também vou confiar.

Equinócio de AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora