PS: Se preferir, dê play na música acima e ouça baixinho, para que tenha uma melhor experiência de leitura.
Aos olhos de Evan
Os laços entre mim e Vittor estavam se ampliando em uma velocidade descomunal, e sentia que a detenção que teríamos juntos seria a primeira de muitas! No entanto, ainda não era hora dela, neste momento tínhamos aula, e éramos obrigados a assisti-la. De todas as matérias, esta era a que mais me deixava nervoso e assustado, e era o real motivo de chamar o colégio de Inferno. Não por ser uma matéria complicada, mas sim, por ser aquela mulher a administrá-la. A professora era a senhorita Yolanda, minha amável mãe!
Os sorrisos que estampavam nos rostos de mim e de Vittor se desfizeram quando adentramos a classe. Encarar minha mãe nos olhos já me dava calafrios, e principalmente quando me olhava daquela forma, tranquila e perspicaz. Eu esperava uma bronca, como de costume, especialmente depois de termos feito o que fizemos, mas ela estranhamente sorria, e nos observava com seus olhos gélidos e insensíveis. De duas, uma. Ou Yolanda não sabia de nada do que houve, ou ela tramava alguma coisa. Desejei que fosse a primeira opção.
- Atrasado como de costume, Ian Evangelista. - declarou. - Sentem-se os dois, têm sorte de eu estar de bom humor. - sorriu, e nos observou assentar-nos. Talvez tenha sido minha imaginação, mas considerei que mamãe mostrou uma estranha curiosidade por Vittinho.
- Perdón, professora. - disse meu amigo ao meu lado. - A culpa foi minha.
- Não assuma a responsabilidade, Vittor Hugo. - a professora fez três estalidos com a língua. - Conheço bem o filho que tenho.
- Com licença, a senhora disse filho? - quis saber, estreitando as sobrancelhas.
- Sim, pelo visto não é surdo. - ironizou minha mãe, mas ninguém achou graça. - Sou Yolanda Evangelista. E esse rapazinho é obra minha, apesar de mal agradecido. - ficaram em silêncio, os dois, se encarando fixamente. Era como se estivessem tendo uma conversa por telepatia, e eu podia sentir a tensão presente. Após um tempo, ambos deram um fim aquilo, e pudemos dar início à aula.
Não entendia bem o clima naquele dia. Para mim, Vittinho e mamãe estavam tendo um diálogo civilizado, afinal, era costume ela ser sempre irônica, em todas as situações. No entanto, havia mais. Infelizmente eu não pude perceber a tempo, mas Yolanda já estava agindo, e rápido. Eu não tinha conhecimento de que Amaya havia falado com ela a respeito de Vittinho, principalmente sobre o suposto fato de ele gostar de mim.
Enquanto terminava as anotações do quadro, alguém bateu na porta da classe, e a professora foi averiguar quem era. Pude notar seu sorriso nefasto e vencedor, quando proferiu que havia alguém me chamando.
Levantei-me, e caminhei até a porta. Minha mãe fechou-a atrás de mim, deixando que eu e Amaya conversássemos a sós.
- Ian, tenho uma novidade pra te contar! - minha garota sorria alegremente, e me encarava com olhinhos brilhantes. Forcei-me a rir também, e a ser simpático. Não seria ignorante com quem não merecia, ainda que esse encontro inesperado tenha sido um tanto estranho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAY
RomanceSe quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama? Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...