Se quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama?
Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...
PS: Se preferir, dê play na música acima e ouça baixinho, lhe beneficiará com uma melhor experiência de leitura.
Aos olhos de Vittor
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Oito. Este era o número de dias que eu havia passado sem receber notícias de Evan.
A escola tornara-se tediosa sem ele, e o fato de Nathan estar me ignorando não ajudava nem um pouco, porque não fosse ele, mas ninguém podia me dizer o que estava de fato acontecendo.
Yolanda passara esse tempo estranhamente feliz. Em todas as aulas que havia dado na semana sempre era vista com um sorriso de vitória nos lábios, o que indicava que com certeza possuía algo haver com isso.
Mil coisas se passavam pela minha cabeça, e a ansiedade vinha tomando conta de mim. Será se os pais do Evangelista haviam mudado-o de escola? De cidade? Talvez, finalmente depois de Evan contar sobre nosso amor, sua mãe tenha transferido-o para um reformatório apenas de garotos?
Eu me cobria com o lençol e continuava deitado na cama, enquanto meu pai avisava incansavelmente na porta que eu estava atrasado. Não queria mais dar as caras no Colégio Paraíso, ao menos enquanto Evan não reaparecesse... Não, sabendo que o motivo de seu desaparecimento súbito possa ter sido minha culpa...
Seria essa minha sina? Minha maldição? "Um cara que destrói tudo o que toca", fora como um rapaz do México me descreveu após os acidentes que houveram no passado. Após, por minha irresponsabilidade, um garoto que eu pensava amar ter ficado em estado de coma. Talvez, inacabável.
Flashes dessa época vagaram pela minha mente, como fantasmas. Um desentendimento, uma briga, uma queda, e a escuridão. Entretanto, não era o garoto do México que minha imaginação mostrava, era Evan.
Balancei a cabeça para voltar à realidade. Aquilo passara. Tudo mudara. Já não era mais aquele monstro. Não mais. Tinha de parar de me culpar e buscar uma solução para as tempestades atuais.
Tudo estava mostrando-se muito doloroso para mim, e sabia que tinha de fazer algo, tinha de agir. Mas como?
Era difícil ir para escola e não vê-lo mais. Seu cheiro em minha cama continuava intacto, e eu encontrava consolo abraçando meu travesseiro. Procurava-o nos meus sonhos desejando estar com ele, mas não encontrava seu rosto, por mais que tentasse.
Meu peito apertava. Por que tinha de ser assim...?
Tomei coragem e abri a porta para meu pai, avisando-lhe que fosse para o trabalho, e eu logo chegaria à escola. Ele me encarou, visivelmente preocupado, mas assentiu. Em silêncio seguiu seu rumo.
Atentei-me ao espelho, e entendi sua inquietação. Eu estava um lixo, estava acabado. As olheiras tomavam de conta em meu rosto, e meu semblante era de completa desistência.
Forcei-me a sorrir, lembrando-me de Evan. Levantei a cabeça e decidi encarar mais um dia de aula, ainda que, sem esperanças.
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