PS: Se preferir, dê play na música acima e escute baixinho enquanto lê, para que tenha uma melhor experiência de leitura.
Aos olhos de Evan
Juanito me dava uma bronca daquelas, mas não era necessário, porque meus próprios pensamentos já me magoavam sozinhos. Por vezes dizemos coisas das quais nos arrependemos, e quando percebemos o erro, já é tarde demais.
Juan sentava-se ao meu lado, no lugar de Vittinho, e esfregava em minha cara o quanto agi de maneira insensível e ignorante. Não precisava desse sermão, eu mesmo havia entendido e admitido o quanto foi negligente com as palavras. No entanto, quem me garantiria que o novato tinha esse tipo de sentimento por mim? Na verdade, nem sei se o tinha, realmente, era tudo ideia de Juanito. Mas... Por que Vittor saiu naquele estado? Talvez eu nunca entendesse.
Ouvi o ranger da porta da classe, e avistei Vittinho chegar já vestido, e com a minha camisa limpa em mãos. Observei atentamente o seu rosto enquanto caminhava, na tentativa de distinguir se havia ou não tristeza. Não consegui assimilar nada. Para mim, o novato estava bem. Talvez tudo fosse paranoia de minha cabeça, no final.
Juanito saiu de seu lugar, e Vittinho sentou-se. Olhou diretamente nos meus olhos, e me entregou a camisa meio molhada. Agradeci com um leve sorriso, e a vesti. Aproximei-me de sua cadeira, e passei meu braço sobre seus ombros. O garoto me olhou com curiosidade, e mesmo estando bem próximos, não vi tristeza em seu olhar, apenas o charme habitual.
- Si te dicé algo malo, entonces discúlpame. - sussurrei, bagunçando levemente seus cabelos. Queria que soubesse que eu estava realmente arrependido. - Fui um tolo.
- Está tudo bem, mané. - Vittinho assentiu com a cabeça. - Você não disse nada ruim.
Sorri, e senti um enorme alívio no peito. - Ainda bem. Eu me odiaria se tivesse te magoado! - vi-o sorrir, mas percebi que Vittor havia passado os dedos entre o colar de corvo.
Retirei meu braço de seus ombros, mas coloquei minha mão por cima da dele, na mesa, entrelaçando nossos dedos. Nossos olhares se encontraram, e eu lancei um beijo, de longe. Ele corou e fez birra, virando o rosto. No entanto, cinco segundos depois, Vittinho voltou a encarar, e me mandou uma piscadela. Estava tudo bem entre nós.
Minha mãe adentrou a classe para dar as primeiras aulas, e ao notar minha mão por cima da de Vittor, lançou-me um olhar assombroso, como daquela vez. Não tive medo agora. Sorri para ela, e continuei com os dedos entrelaçados aos do novato. Não deixaria que me intimidasse, não mais.
As aulas que se seguiram foram tranquilas, Yolanda era muito boa em não ver o que não queria. No intervalo sentamos juntos, eu, Vittinho e Juanito. Tudo estava exatamente igual entre nós, a conversa fluiu bem, e as últimas aulas se passaram rapidamente.
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Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAY
RomanceSe quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama? Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...