PS: Se preferir, dê play na música acima e ouça baixinho enquanto aproveita a história.
Aos olhos de Evan
Apenas o fato de saber que estava magoando-o, doía mais em mim do que nele.
Nesses dias que eu havia passado longe com Amaya, estaria mentindo se dissesse que em algum momento fui realmente feliz. Estava fazendo o que era preciso, e, por mais que fosse tão doloroso, era o que tinha de ser feito.
Eu esperava do fundo do meu coração e de minha alma, que Vittinho me perdoasse um dia. "Em todas as vidas, almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem, mas às vezes, não a ficarem juntas". Foi o que ele dissera naquela madrugada, enquanto juntos, víamos o dia amanhecer. É... Talvez nessa vida, não ficaríamos de fato.
Éramos como dois amantes desafortunados, e teríamos de esperar a outra reencarnação para tentar algo.
Nessa tarde quente e ensolarada, caminhava descalço pela areia da praia, sozinho, e em silêncio. Eu via as pessoas brincando e se divertindo, e acredito que, pelos olhares curiosos que me davam, se perguntavam o que eu fazia ali, tão cabisbaixo e entristecido.
Bem, eu tinha de ter meu momento de solidão, ainda que depois dele, tivesse de voltar para Amaya com um sorriso no rosto. Não podia deixar que ela desconfiasse de nada, mesmo que enganá-la também partisse meu coração.
Essa garota era especial, e nunca tivera culpa alguma da ganância e ambição tanto de meus pais, como dos seus. Amaya sempre fora terna e sincera, e tentou ao máximo cuidar bem de mim. Eu também me esforçaria para tentar amá-la, ao menos que um pouquinho. No entanto, sabia que meu coração sempre pertenceria ao novato. Eu iria crescer, ter filhos, envelhecer, e ainda assim, chamaria por seu nome em meu último suspiro...
Sentei-me num local mais ou menos vazio, de frente para o mar, sentindo as ondulações das águas beijarem levemente meus pés. Apanhei um graveto, e comecei a desenhar rabiscos ao meu lado.
É, Vittinho... Você com certeza me tem na sua palma. Aconteça o que acontecer daqui para frente, saiba que aonde quer eu vá, levarei você no meu peito. E sempre me lembrarei de sua imagem antes de dormir.
Uma ondulação maior molhou-me, me trazendo de volta à realidade. Percebi que, sem querer, os rabiscos na areia do mar formavam o rosto do novato. Não pude conter minhas lágrimas depois disso. A sensação de saudade em meu peito era perfurante, e eu não sei se isso era possível, mas tinha medo que morresse de amor.
Quem já fora eu... Quem já fora Ian Evangelista... Sempre cheio de esperança e ousadia, sem medo de desafiar o destino... E hoje? Nem mesmo eu me reconhecia. Estava rendido, havia desistido. Perdi as esperanças no momento em que perdi meu amor.
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Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAY
RomanceSe quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama? Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...