12 - Contando Estrelas

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Aos olhos de Evan

Minha visão estava embaçada quando abri os olhos, e demorou certo tempo até ajustar-se à paisagem

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Minha visão estava embaçada quando abri os olhos, e demorou certo tempo até ajustar-se à paisagem. Sentia uma leve dor de cabeça, e o gosto de álcool percorria minha boca; mas além dele, havia um gosto bom e doce, um gosto do qual adoraria provar novamente.

Quando minha vista enfim ajustou-se, mirei a cama na qual deitava, e não vi ninguém. Senti um estranho desconforto no peito, e um sentimento ruim entalado na garganta. Tudo não passara de um sonho, então?

Antes de o desespero tomar conta de mim, dei-me conta de que o quarto em que estava não era o meu habitual, e sim, de outra pessoa. Notei também que estava desnudo, e que nessa cama havia dois lençóis.

Vesti um short, e me levantei. Com um suspiro de alívio, abri a porta do quarto e reparei na escuridão da casa. Havia um cômodo que não estava escuro, pois era iluminado pela luz do luar e das estrelas: A cozinha.

A porta de trás estava entreaberta, e resolvi caminhar lentamente para ela em passos silenciosos e retraídos. Vislumbrei o quintal da casa de Vittinho, era de chão e meio vazio, continha alguns vasos de plantas que eu não podia enxergar devido à escuridão, um balanceio no centro, e um varal com poucas roupas estendidas.

Vagueei meus olhos pelo perímetro, e sorri no canto dos lábios quando avistei o novato do lado esquerdo, sentado em um banco de madeira. Vittinho estava absorto em seus pensamentos, tão concentrado que nem me notara ali na porta, observando-o. Ele também só vestia um short, mas estava nu da cintura para cima. Seus olhos atentavam-se ao céu, mirando as estrelas com certo fascínio. Encostava-se na parede de blocos, e brincava com seu colar de corvo.

Resolvi aproximar-me lenta e sorrateiramente, e por detrás de si, tapei seus olhos com ambas as mãos, para que adivinhasse quem eu era.

Vittinho arfou em um suspiro rápido, mas logo rendeu-se a um sorriso calmo e desconcertado. – Meu parceiro, pode levar o que quiser, por favor. Mas não leve meu coração, porque ele já tem um dono.

Eu ri de um modo meigo, e sentei-me de seu lado, passando a mão por seus ombros, e encarando-o diretamente. O novato mirou seus intentos olhos castanho-escuros nos meus. – E quem seria esse dono, ¿puedo saber? – perguntei, já esperando pela resposta.

– Quem mais, mané? – Vittinho franziu a testa, e voltou a observar as estrelas. O imitei, para tentar enxergar o que ele também enxergava.

– Sabe... – sussurrei, sem parar de mirar o céu estrelado. – Quando acordei e não te vi de meu lado, tive medo de que tudo não se passasse de um sonho.

Vittor sorriu e respirou profundamente. Respondeu-me ainda sem parar de observar o luar que refletia em sua face parda e inteligente. – Bem, ele era um sonho há muito tempo atrás. No entanto, nós o tornamos realidade. A única coisa que um sonho precisa para se tornar real é de alguém que acredite nele. – os ventos frios da noite balançavam seu cabelo, e arrepiavam seus pelos. Cheguei mais perto do novato, e abracei-o para que não sentisse frio.

Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora