Se quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama?
Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...
PS: Se preferir, dê play na música acima, e ouça baixinho. Obtendo uma ainda melhor experiência de leitura!
Aos olhos de Evan
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Nessa noite, para ele, eu queria que tudo fosse perfeito. Não era todo dia que ele completaria mais um ano de vida, e apesar de todas as surpresas que fiz para Vittinho durante o dia, ainda faltava essa. A cartada final.
Não suportava mais essa sensação ruim, de algo entalado na garganta. Não aguentava vê-lo e guardar para mim mesmo os sentimentos que surgiam. Não queria mais tocá-lo e não poder dizê-lo tudo o que tinha aqui dentro. Não sei se havia bebido demais, e era isso que estava me encorajando a ser quem sou. No entanto, eu não suportava mais.
Precisava colocar tudo para fora. Era chegada a hora de enfrentar o que eu sentia, e confrontar meus medos, cara a cara.
Quando se encontra alguém como o Vittor, não se pode deixar que escape entre seus dedos, principalmente quando escapar parece tão fácil. Você tem de agarrar a oportunidade, porque talvez ela não surja novamente.
Quando chegamos ao nosso destino, estacionamos minha motocicleta. O rapaz arqueou as sobrancelhas observando aquele local. Ele me olhava com uma cara de "Aonde diabos você me levou?".
Pisquei para ele, e passei o braço por seus ombros.
Lado a lado, encarávamos de pé aquele enorme salão de dança. Era majestoso, suas luzes brilhavam e movimentavam-se lá dentro; tão irradiantes e vivas que podiam ser vistas do lado de fora. Desde onde estávamos, dava para ouvir as músicas tocando em seu interior; assim como o barulho das pessoas que dançavam, que pareciam animadas.
- Mané... - Vittor olhou-me de lado. - Não te disse que não sei dançar?
- Não é necessário saber. - sorri, encorajando-o. - Só tem de se soltar. Deixar fluir. Se deixar levar, entende?
O novato vagueou seus olhos entre o salão e eu, e parecia incerto sobre adentrar ou não o estabelecimento.
- Vamos, você vai curtir! - pisquei para ele. - Ninguém aqui liga se você sabe ou não dançar. Elas vêm aqui para distrair-se e se esquecer de seus problemas. Estão muito preocupadas com suas próprias danças.
Vittinho deixou transparecer um leve sorriso no canto dos lábios, ainda que, eu tenha notado preocupação em seus olhos. - Evan... Se entrarmos os dois juntos nesse salão, não têm medo do que vão pensar? Quer mesmo se arriscar?
Ao longo de nossa história, principalmente nessas fases que iniciam nossa navegação, eu cometi vários erros. Entretanto, naquela noite, eu estava muito seguro de mim. Finalmente começava a criar coragem de me arriscar a amar, uma coisa da qual nunca me senti capaz. Quando Vittor me fez aquela pergunta, finalmente entendi o porquê de sua insegurança. E ao menos uma vez na vida, um impulso me levou a fazer a coisa certa.
