Se quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama?
Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...
PS: Se preferir, dê play na música acima e ouça baixinho, lhe beneficiará com uma melhor experiência de leitura.
Aos olhos de Vittor
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Enquanto as paisagens passavam depressa pelas janelas do ônibus, percebi que as rotas que ele seguia não eram tão estranhas assim. Perguntei a um rapaz se esse veículo ia para o bairro onde moro, e ele me fez acreditar que passava próximo. Além do mais, explicou-me ainda o caminho que eu percorreria a pé, o qual o agradeci veementemente. Vou te matar, Evan. Você é um mané.
Eu não estava com raiva, não de verdade. Obviamente também não o mataria, no máximo daria leves tapinhas em seu peito. Até que o ocorrido era engraçado, era de se esperar vindo daquele cara. É, Evan. Como o disse antes, para mim é impossível não gostar de idiotas feito você.
Sorria feito um tolo enquanto o ônibus fazia seu percurso. Como pude cair nessa pegadinha? Por que Evan tinha de ser tão ridiculamente brincalhão? Talvez esse tenha sido um dos muitos motivos de eu estar caidinho por aquele mané. Estava na mão dele, apesar de odiar admitir isso.
O veículo parava de ponto em ponto, e as pessoas desciam. Disseram-me que eu seria entregue por último, o que faria com que eu chegasse meio tarde em casa, talvez após o almoço. Não havia de me preocupar com meu pai, pois já deixei a comida pronta antes de ir à escola, como sempre o fizera.
Estava feliz, apesar de tudo. A manhã mostrou-se intensamente alegre, graças a Evan. E, ainda que Yolanda tivesse tentado estragá-lo, seu filho animou-me, e foi meu porto seguro. Sem ele, eu estaria perdido. Sem sua certeza, sua preocupação... Ian Evangelista fazia-me forte, como jamais fui. Que sorte a minha de encontrá-lo, eu era realmente um puto de um sortudo.
Sentava-me nas cadeiras do fundo do veículo, e a essa altura já era o último passageiro, o que me permitia pensar com clareza. Relembrava dos momentos bons de hoje, em como Evan me abraçou e preparou aquela surpresa para mim. Nunca vou me esquecer disso, aonde quer que eu vá, sempre terá um pedaço de Evan em meu coração. A curiosidade de provar seu gosto, seu corpo, estava me matando. Uma vida não é suficiente para te amar por completo, meu bem. Se eu renascesse por mil vezes, em todas elas eu te encontraria, só para te amar.
Sorri, com a certeza de que o amava com todo o meu ser. No fundo eu sabia que não importava o que acontecesse, eu nunca deixaria de amá-lo, sempre o amaria. Aonde quer que fosse. Não se surpreenda se eu nunca te esquecer, mané.
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