15 - Longe Demais Para Alcançar

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Aos olhos de Vittor

Sempre me considerei um cara de palavra, um cara de honra. Por toda a minha vida, eu continuamente paguei as consequências pelos meus atos, e pelos meus erros.

No dia de ontem, logo após o surto com Esther, procurei por Nathan. Como ele "não tinha tempo", marquei de encontrá-lo hoje, no feriado, na orla que fica em frente à escola. Contaria tudo o que havia acontecido.

Não sei se seria correto expor Esther dessa maneira, mas pelo jeito que ela demonstrou não sentir nada por ele, me senti na obrigação de fazê-lo. Tinha de me livrar desse peso na consciência e deixar Nathan ciente da namorada que tinha, ou ele se magoaria mais tarde.

Pior, talvez Esther pudesse usar isso contra mim.

Ainda deitado em minha cama, senti raios de sol batendo em minha face, tirando-me do sonho ruim que estava tendo. Sonho do qual já nem me lembrava mais, porque já se esvaíra de minha mente. Da porta do meu quarto, que havia deixado aberta, consegui ver a cozinha, e notei que meu pai já tomava café junto à mesa. De súbito, percebi que já deveria ser tarde.

Levantei-me em um sobressalto. Corri para a pia de escovar os dentes, e em seguida para o chuveiro. Droga! Tenho de ir depressa. Senão, Nathan vai embora.

Vesti uma roupa qualquer, dei um abraço em meu pai, e avisei que já teria de ir.

– Hoje é feriado dos trabalhadores, não tem aula. – relembrou-me. – Pra quê tanta pressa?

– Marquei de ver um amigo. – disse apressadamente enquanto empurrava um pão em minha boca. – ¿Qué hora es?

Meu pai respirou fundo, com uma calma extremamente estressante. – Oito horas da manhã.

– Puta merda! – xinguei a mim mesmo, e saí em disparada pela porta da frente. Marcara com Nathan às oito e meia, mas, com a lerdeza que os motoristas de ônibus dirigem, provavelmente me atrasaria.

Travei no meio da rua, e voltei correndo para casa. Apesar da pressa, não tinha o direito de tratar meu pai com essa educação, esse não era eu.

– Meu pai! – chamei-o. – O café tava ótimo, valeu! Eu vou tomar cuidado na rua. Sei o quanto se importa comigo, e também me importo muito com você, meu velho.

– Sabia que voltaria. – meu pai sorriu, ainda da cozinha. E eu corri para o ponto de ônibus.

*****

O automóvel parou ao lado de Paraíso, e ao descer, reparei imediatamente na orla em frente ao colégio.

Avistei Nathan, que impaciente, olhava vez por outra as horas em seu relógio de bolso. Corri em sua direção, e sentei-me no mesmo banco que o rapaz, ao seu lado.

– Salve, meu parceiro. – o cumprimentei com um meio-sorriso. – Já tava agoniado para ir embora, não era?

Nathan estreitou seus olhos azuis para mim, e balançou negativamente a cabeça. – Relaxa, está tudo bem. É que eu só estava meio ansioso pra saber do que se tratava. – explicou. – Digo, presumi que era algo bem importante, já que você está usando nosso feriadão pra essa conversa.

– É, tinha de ser hoje. – concordei. – Já que nesses últimos dias de aula você só me ignorou e me evitou.

Lo siento, hermano. – lamentou, com sinceridade no olhar. – Era muita responsabilidade pra mim, te mostrar aquelas fotos. Se Esther não o fizesse, eu nunca teria conseguido.

Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora