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Aos olhos de Vittor
Após um longo período curtindo a festa, decidimos retornar para casa. Afinal, não poderíamos ficar bêbados, Evan tinha de dirigir.Agradeci-o quando me deu uma carona até minha casa, rodei a chave na abertura da porta, e adentramos. Que horas seriam? Cerca de três da manhã, talvez. Mesmo assim, meu pai ainda não havia chegado. Trocara o turno da tarde pela noite hoje, portanto, só deveria voltar pela manhã.
De luzes acesas e porta entreaberta, observei Evan se despedir de mim. Talvez eu estivesse sendo egoísta demais, porque não queria que ele fosse. Queria-o ali comigo, ao menos para passar a noite. Era muito tarde para voltar para casa, Evangelista morava em um bairro do outro lado da cidade.
O rapaz estava de pé, frente a porta aberta. Detrás de si, a escuridão tentava-o engolir. Os ventos frios sussurravam coisas que não podíamos entender. As estrelas iluminavam a noite, e nos espreitavam lá de cima com tamanha curiosidade. Ainda que a própria lua estivesse cheia, não conseguia brilhar mais que Evan. Era ele quem chamava toda a minha atenção, era apenas ele que eu enxergava. Aquele rapaz de olhos castanho-escuros, de feições selvagens e ousadas... Aquele garoto alto de cabelos desarrumados, aquele cara rebelde e tentador... Sempre fora ele, desde o princípio.
- Tem mesmo que ir...? - questionei, com certa preocupação. - Pode passar a noite aqui, se quiser. O horário é perigoso.
Ian Evangelista ponderou por alguns segundos, olhando-me em silêncio, sua face repleta de mistério. - Não há o que temer, não estou bêbado. - sim, mané. Sei que não está, só queria uma desculpa para que ficasse.
Aproximei-me do rapaz ainda de pé, e pus minha mão sobre seu ombro, olhando-o diretamente. Seus olhos pareciam conter faíscas. Eram tensos, desafiadores, e continham certo tom de desejo.
- Evan. Obrigado, cara. De verdade. - sorri no canto dos lábios. - Obrigado por tudo o que fez por mim. Esse dia foi do caralho. Foi o melhor aniversário da minha vida, desde que ela se foi. - relembrei a doce face de minha mãe, e uma sensação nostálgica fez meus olhos lacrimejarem.
- O que fiz foi muito pouco, se levar em conta o que você merece. - Ian Evangelista deu um meio sorriso, e começou a se afastar aos poucos. - Tenho que ir. Prometi a minha mãe que estaria em casa à meia-noite, e já passam das três da manhã.
- Calma lá, Cinderela. - brinquei, com um sorriso maroto. - O que acontece se passar da meia-noite? Se ficar mais tempo aqui? Vai perder seus sapatinhos de cristal?
Evan riu divertidamente, como um verdadeiro bobo. Suas covinhas transpareceram, e eu corei envergonhado, porque simplesmente o achava lindo quando sorria.
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Querido Evan - Com Amor, Vittor | ROMANCE GAY
RomanceSe quiser o amor, primeiro terá de passar pela dor. Até que ponto estaria disposto a ir por quem ama? Em uma escola de ensino médio na Espanha de 1997, Evan, que é filho de uma professora homofóbica, questiona sua própria sexualidade ao se deparar c...