11 - II

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Carrego as duas malas cheia para o quarto. Cléo levanta da cama e vem até mim, seu semblante está triste. Ela e Thiago são as únicas pessoas que eu sei que acreditam na minha inocência.

— Alice, para onde você vai? — pergunta um tanto preocupada colocando as mãos nos bolsos traseiro de sua saia jeans, que vai até a metade das coxas.

— Eu não sei. Vou fazer a mesma coisa que fiz, quando vim para cá. Eu não sabia para onde estava indo e cheguei aqui — respondo parecendo ser uma coisa simples sair sem rumo.

Solto as mãos das malas e a deixo no chão e suspiro. Não pensei que passaria por essa, ser acusada dessa maneira, na verdade eu nem sabia para onde ía e onde chegaria até chegar aqui nessa fazenda. Só não esperava ser expulsa por um roubo que não cometi.

Cleonice me encara por uns segundos com o olhar ainda triste.

— Eu não sei o que aconteceu com o colar de mãe para ele aparecer no seu quarto, mas eu não desconfio de você. — Ela diz novamente e mais vez sinto verdade em suas palavras, é uma pena que as palavras deles não fará Marta mudar de opinião.

Cléo quer que eu me sinta bem em relação a tudo isso. E ela estar conseguindo, com suas palavras eu me sinto forte. Sei que tenho alguém especial ao meu lado. Uma verdadeira amiga.

— Obrigada por confiar em mim. Eu quero muito saber o que aconteceu. Bom, agora não importa, não vou perturbar vocês. — Volto para o closet, tentando conter as lágrimas, que insiste em vir a todo custo.

— Alice você não pode ir para um lugar onde não conhece ninguém. — Cléo caminha atrás de mim, bastante preocupada.

— Por quê não? Eu vim para esse povoado sem conhecer vocês e não aconteceu nada. — Falo pegando as roupas e colocando dentro da sacola.

Quase fui engolida por uma sucuri, mas apareceu um lindo homem e me salvou.

— Dessa vez pode acontecer diferente e você quase se deu mal na mata. — Adverte cruzando os braços.

— O quê? Não estou entendendo você! — pergunto tirando a atenção das roupas para ela.

— Alguém pode te fazer algum mal! — passa a mão no rosto inconformada com a minha decisão.

— Não, não vai. Aqui ninguém me fez mal —  volto a pegar as roupas dobradas num compartimento do armário.

— Alice entende, não é porque aqui ninguém te fez mal algum, que em outro lugar irá acontecer a mesma coisa. Você não encontrará outro Thiago.

Permaneço em silêncio. Não posso dizer que ela está errada, porque ela não está. Também não vou concordar, pois eu não tem outra opção, a única  é sair sem direção mesmo.

— E para onde eu vou? Você quer que eu me esconda no porão? — questiono colocando a sacola perto das malas de roupas assim que retorno para o quarto.

— Não seria uma má ideia — considera erguendo uma sobrancelha.

— Você está maluca? — deixo escapar um sorriso irônico.

— Eu não estou maluca — afirma.

Começo a caminhar em direção do closet novamente não ligando para sua ideia louca. Cléo me interrompe ficando na minha frente e diz:

— Senta aqui na cama e vamos conversar primeiro.

— Cléo eu preciso sair daqui antes do meio dia, ouviu o que sua mãe disse? — menciono para relembrar que tenho horas contadas nesta casa.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora