18 - III

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Passo a mão na cabeça tentando processar o que acabou de ser revelado. Não. Será? Isadora não é capaz disso, é? Alana não está brincando com umas coisas dessas. O seu semblante está muito sério e não é brincadeira. Mas como, ela poderia ter me matado!

— Por que não me disse nada até agora? — continuo incrédula.

— Não era o momento certo — começa a falar, porém a interrompo.

— Sabia que ela poderia me matar né? — questiono cruzando os braços.

— Quem iria te matar garota? — Nassur aproxima de nós enquanto Thiago permanece no carro.

— Ela não é boba. Isadora queria o dinheiro e quando ela viu o testamento, esperaria você ficar maior de idade e te obrigaria a passar para ela — aponta o dedo para mim.

Recuo a minha cabeça um pouco para o lado e engulo em seco. Sinto os meus olhos arder de raiva. Então era por esse motivo que ela me obrigava a fazer as coisas, um treinamento para o futuro e eu não negar por já estar submissa.

— Estou entendendo, falando sobre a tia que te criou certo? — O irmão de Lana questiona e eu afirmo.

— Eu vou acabar com ela! — berro chamando a atenção de algumas pessoas que passam.

— Calma Alice. Você vai acabar com ela no tribunal, não dessa forma que está pensando. Precisamos denunciá-la o quanto antes. Está disponível depois de amanhã? — coloca as duas mãos no meu ombro.

Afirmo com a cabeça e fico inquieta fechando e abrindo os punhos.

— Certo, então vamos quinta-feira na delegacia. Agora fique calma, por favor — pede me segurando outra vez.

— O que está havendo? — Thi pergunta olhando diretamente para mim.

— Então tudo certo Lana. Tchau, veremos na quinta — abraço-a — Tchau Nass — me despeço dele também. —  Foi um prazer conhecer a família de vocês — digo quando já estou seguindo para a Hilux. — Vem Thi — chamo ao vê-lo parado — te conto no caminho.

Só percebo que não tinha cumprimentado ele assim que o mesmo acomoda ao meu lado. Dou um beijo suave em seus lábios.

— Desculpa, nem te cumprimentei, parece que nem estou com saudades — acaricio seu rosto. — É que descobri tantas coisas.

— Tudo bem amor. O que descobriu para deixá-la tão irritada? — ele também faz carinho na minha bochecha.

— Não vai acreditar no que eu descobri ontem…

Começo a relatar que Isadora não gostava da nossa mãe de verdade até o que descobri hoje e o possível envolvimento dela na morte dos nossos pais. Thiago ouve tudo atentamente e sem desviar a atenção do caminho que segue.

— Estou em choque. Não esperava que a sua tia fosse uma assassina — diz horrorizado.

— Calma aí Thi, também não é bem assim, nem sabemos direito ainda — falo observando a carreta que ele ultrapassa.

— Não acredita na sua irmã? — ergue uma sobrancelha para mim e torna a olhar para a br.

— Acredito sim, só não gosto de afirmar sem constatar de fato.

— Mas ela não vai chegar em você e afirmar que matou eles — responde depois de alguns minutos, aproximando da entrada do povoado.

— É, tem razão. Espero nem vê-la na minha frente, pois eu vou xingá-la um monte — fecho os punhos outra vez.

— Voce não pode fazer e nem falar nada, ou ela levará para o julgamento — me orienta.

O sol está se pondo e nós vamos chegar na fazenda quase à noite. As árvores estão mais verdes do que nunca, a natureza fica linda nessa época do ano. Do nada o meu namorado freia o automóvel bruscamente na beira da estrada, ao olhar para ele e para as árvores atrás de si percebo que é mais ou menos onde entrei quando fugia da Isadora.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora