11 - III

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Thiago pega as duas malas e coloca para fora do carro. A Mari caminha com receio até nós, dá um sorriso tímido e nos cumprimentam. Somente ela e Maria está no momento. Agradeço mentalmente pelo o Fernando não está, assim eu consigo me preparar um pouco mais para encará-lo.

Logo após o meu namorado colocar as malas na sala, ele despede de mim e promete voltar amanhã. Observo-o entrar no carro e partir. Sorrio fraco para Mariana, sem saber o que fazer.

— Então, vamos guardar as malas? — diz sorrindo alegremente. E a Mariana de sempre voltou.

Ela mostra o quarto dela. Como a Cléo disse, o seu quarto não é grande, mas dá para duas pessoas dormirem. A cama de casal fica com a cabeceira colada na parede. De um lado tem um guarda-roupa bege e do outro uma cômoda preta. Em cima da cômoda Mari coloca os seus pertences: maquiagens e cremes. Assim como na sala, a parede é verde cana com cerâmica branca no chão. A casa é toda verde, até mesmo as janelas são verde escuro.
Coloco as malas e duas sacolas no canto do quarto, próximo aos pés da cama.
Maria vem até mim com um sorriso contagiante como a filha e me abraça.

— Seja muito bem vinda, querida. Sinta-se em casa — diz após desfazer o abraço.

— Desculpa, eu nem te recebi bem — Mari comenta quando a sua mãe sai do quarto.

— Não tem problema — dou de ombros e sorrio gentilmente.

— Alice, me conta como vocês brigaram, ao ponto de você sair daquele lugar lindo para morar aqui? E assim tão depressa? — pergunta sentando na cama, se inclinando para trás apoiando nos braços.

Mari não é boba. Ela não consegue processar tudo ainda. Claro. Quem sairia de uma bela casa de uma para outra, por causa de uma briguinha qualquer, para morar em uma casa tão pequena?
Logico que eu não sou uma pessoa  interesseira, a casa da minha tia também não é grande.

— Mari eu vou te falar a verdade. Posso confiar em você? — pergunto e ela faz sinal para sentar na sua cama.

— Claro, pode confiar — diz afirmando com a cabeça.

— Eu quero que você acredite em mim — Mari confirma novamente. — Um colar da mãe da Cléo desapareceu e ela pensa que fui eu. Mas não foi. Eu não sou ladra — afirmo mais para mim do que para ela.

— Isso é uma acusação grave! Não pode! Ela não viu você pegando ou viu? — pergunta e obeserva o céu limpo pela janela que fica acima da cômoda.

— Aí que está o problema. Ela não me viu. Ela encontrou nas minhas coisas — mordo o lábio para não deixar outra onda de choro me invadir.

Mariana coloca a mão na boca aberta e reflite alguns segundos.

— Mas como ela encontrou nas suas coisas? — questiona levantando.

— Eu não sei. Eu quero muito saber —  fico de pé também.

— E todos desconfiam de você? — vira-se para mim.

— Não. Cléo, Laissa e Thiago não demonstraram desconfiança — coço a minha cabeça, pensando se realmente eles não desconfiam de mim, ou apenas quer deixar-me sentir melhor.

— Menos mal. — ela suspirou. — Não precisa se preocupar. Não falarei para ninguém. — Sorri e puxa a orelha e torna a sentar: — Mas você não desconfia de ninguém?

— Não e sim. Eu penso que pode ser Renato, ele levou a sério o roubo, ele me julgou — falo incerta andando de um lado para o outro, no pequeno espaço que tem.

— Não acredito que seja ele, Renato não é capaz de fazer isso — Mari sacode a cabeça várias vezes olhando para o lençol da cama. — Pode ser a Laissa, ela sempre encrencou com você, segundo Cléo — ergue o rosto para mim.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora