A minha garganta trava, eu não consigo falar uma palavra. Desvio os meus olhos e ele solta o meu braço.
— Me responde Alice. — Diz ainda na minha frente.
— Não. Não exatamente.
— Como assim?
Ele volta para a cama. Vou até ela e sento ao seu lado.
— Eu fui assediada. — Sussurro com a voz falha.
Um reflexo passa na minha mente.
Ele passa a mão na minha perna e me olha com os olhos dilatados e pergunta:— É muito bom, não é?
Eu tento me soltar, gritar, mas é tudo em vão. E isso faz a raiva dele aumentar apertando minha coxa com força. Lágrimas escorrem do meu rosto ao vê-lo me tocar.
Volto a realidade quando Thiago segura em meus ombros e pisca várias vezes antes de falar:
— Com palavras? Mas como assim, você não gosta que toca em…
Sinto as lágrimas acumular no canto dos meus olhos, mas eu interrompo ele:
— Não. Não foi com palavras. Quer dizer com palavras também. Ele me tocava contra minha vontade.
Thiago passa as mãos sobre o rosto, leva uma até à cabeça e coça a mesma. Vejo que o seu rosto muda de cor, mostrando que está com raiva.
— E quem foi? Algum parente? Amigo? — pergunta me olhando preocupado.
— Ai você quer saber demais! — reclamo.
— Eu disse para me contar tudo Alice.
Lágrimas querem descer. Tento impedir, mas é em vão. Não consigo.
— Foi um médico. — Sussurro com a voz trêmula.
Começo a chorar descontrolada. Thiago me abraça. O seu abraço é um bom lugar para me acalmar. Ele beija a minha testa. Esse gesto dele é muito carinhoso, ninguém nunca fez isso comigo, nem mesmo o meu tio. Ele só me abraçava, mas o seu abraço é todo cheio de amor.
Choro muito.— Por isso eu não gosto de hospitais. — Completo com a voz ainda trêmula.
— Um médico. — Ele sussurra repetindo as minhas palavras.
Abro meus olhos sonolenta. Assusto ao perceber que não estou no meu quarto.
Levanto rápido sentando na cama. Vejo Thiago em frente ao espelho penteando o cabelo.— Acordou!? — ele pergunta virando para mim.
— Por que eu dormir aqui? — questiono preocupada.
Ai meu Deus, eu dormir com ele?
— Você chorou até dormir. — diz tranquilo vindo até mim.
Fico tentando formular uma pergunta, para saber se ficou longe de mim durante a noite, ele parece ler o meu pensamento e responde:
— Não se preocupe, eu dormi no tapete.
Olho para onde ele aponta. Suspiro de alívio.
Levanto e vou para a porta da sacada.— Você podia ter me levado para o outro quarto. — Falo olhando para ele.
Thiago concorda, murmura um pedido de desculpa e volta para o espelho. Saio um pouco constrangida e com raiva.
****— Lice vamos para o riacho? As meninas chegaram. — Cléo fala parada no porta do quarto.
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Sem Direção (Concluido)
أدب المراهقينEm busca de uma vida melhor e para esquecer os seus problemas, Alice Dantas foge de sua casa. Sem muitas escolhas ela percorre sem rumo por um caminho desconhecido. Ao se ver perdida numa mata, pensando ser o seu fim, um desconhecido salva a sua vid...