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— Alice, espera!

Viro para trás vendo Thiago alguns metros atrás de mim vestido com o short e a camiseta no ombro. Continuo caminhando sem dar atenção, ele corre até me alcançar. Enxugo as lágrimas que insistem em cair.

— Desculpa pela minha irmã. Ela sabe ser chata as vezes.

Ele passa o braço na minha cintura. Olho-o e sacudo a cabeça.

— Então ela é sempre chata? Porque desde quando ela me viu, só sabe dar patadas. Nem sequer conversou comigo para tirar as dúvidas.

Ele respira fundo e olha para frente.

— Talvez ela está achando estranho a sua presença. Com o tempo irá acostumar.

— E como a Cléo não é assim? Ela quis me conhecer primeiro. — Disparo.

Thiago coça a nuca e diz:

— Não sei. Elas são diferentes. Até com os irmãos, às vezes Laissa age dessa forma.

Balanço a cabeça para dispersar os pensamentos negativos.

— Eu não aguento mais isso! Eu vou embora. Eu não quero sofrer novamente. — Sussurro.

As lágrimas voltam com tudo, não consigo contê-las. O meu rosto banha em lágrimas. Thiago me aperta contra o seu corpo. Me sinto confortada com o abraço.

— Não chore, fique calma. Você não precisa sair de casa. Eu não vou aceitar que alguém te machuque.

E mais uma vez ele me convence a ficar em sua casa, não sei porquê quer me prender aqui.

Thiago me leva para o quarto e me deixa sozinha.
Vou direto pro banho e ao sair coloco um macaquinho lilás.

No horário do jantar, prefiro não sentar na mesa, janto na cozinha com as criadas. O lugar que é o mais ideal para mim, onde eu posso conversar a vontade, sem preocupação.

— O que deu na senhorita para jantar conosco hoje? Seja o que for, foi bom. Estávamos sentindo sua falta. — Fabiana fala sorrindo.

— Eu também estava sentindo falta de vocês. É tão bom ter com quem conversar. — Respondo pegando o prato para colocar a comida.

Elas entreolham, depois volta a me olhar com um sorrisinho.

— Eles não conversa com a senhorita? — repreendo Márcia com o olhar. — Desculpa.

Eu já havia falado à elas várias vezes, para conversar comigo sem formalidades.

— Conversa. É que. Não é. — Tento procurar as palavras. — Conversar com vocês é diferente. Entende?

— Sim. — Respondem.

Elas pedem para fazer o meu prato, mas eu não aceito. Elas não são pagas para me servir, e sim, a família Rezende.

O frango caipira que elas prepararam está divino. As criadas mandam muito bem na cozinha.

— Muito boa essa comida. Parabéns!

Elas sorriem, bastante feliz, como se ninguém tivesse elogiado.

Ninguém naquela casa nunca elogiaram elas?

— Você fala isso todos os dias. — Cristina relembra.

— Talvez porque vocês sempre fazem uma deliciosa refeição? — pergunto sorrindo.

— Obrigada. — Márcia diz com um sorriso radiante.

— Vocês tem que me ensinar a fazer desse jeito.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora