Sem Direção (Concluido)

18 - II

O tempo foi passando e a nossa garota crescia saudável e bonita. Nós dedicamos muito à ela e montamos um quarto e grifamos o seu nome na porta de cor vermelho. Logo o meu irmão descobriu que seria papai e ele ficou bastante feliz com a chegada da linda Rose um mês depois do primeiro aniversário da Lana. Se não fosse a cobra da Isa, nós formariamos um quarteto lindo e duas bebês muito belas. A Isadora chegou a um nível absurdo que proibiu a convivência da Rose com a nossa filha. Em um momento de raiva em contei um pouco da nossa situação para o Rodolfo deixando-o de queixo caído com a revelação. E a Isa fez o seu teatrinho de que era eu que não gostava dela e procurava qualquer coisa para deixá-la triste, não sei se meu irmão acreditou ou fingiu.

No mesmo ano, no último mês de 2000 eu engravidei outra vez, uma gravidez não desejada, pois nós queríamos cuidar primeiro da nossa primogênita para depois pensar em ter outra criança. O meu marido sempre compreensível me pediu calma e com certeza nós conseguiríamos cuidar de mais uma criança, porém não poderia descuidar novamente… No sexto mês estava nós no mesmo hospital para descobri se agora viria um homem. E veio outra garotinha, não consegui conter a alegria e comecei a escolher um nome para ela. Um mês depois Rodolfo também descobriu que seria pai de outra garota.

Eu percebi o quanto a Isa tinha inveja de mim, pois sempre que eu engravidava ela também fazia o mesmo e para completar duas garotas igual a mim, bom essa parte ela não escolheu foi o destino mesmo.

— Eu não acreditava na minha tia quando dizia que eu fui indesejada e ela tinha razão — afirmo entristecida.

— Não fique desse jeito Lice, aquela bruxa queria te deixar triste, o que importa é que você foi criada com amor pelos nossos pais, assim como eu. Me dê o diário para eu continuar lendo — pega o livro da minha mão no momento em que estendo para ela.

O meu nome também teve um significado para eles, verdadeira ou de linhagem nobre, que para os mesmo eu seria muito sincera e traria grande felicidade para ambos. Talvez seja por isso que falo o que penso, sou sincera com as pessoas, exceto se minha vida estiver em jogo. E foi no final de outubro que nasceu Fátima a minha prima.

No horário do almoço pedimos outra vez pizza e com pouco queijo. Eu não gosto do mesmo e tem que ser moderado para misturar com os outros ingredientes, pois eu já disse que não como o queijo sozinho, mas dentro de outras coisas como; bolos, pão de queijo e bem pouco no macarrão.

— Nem acredito que falta tão pouco para terminar — comento após finalizar a refeição e abrindo o diário visualizando as poucas páginas restante. — Tenho curiosidade de saber o que a mamãe escreveu antes de morrer — começo a ler baixinho: " Despedimos do Rodolfo e prometemos de dedos cruzados…"

— Hum, nem pensar! — Lana reclama de boca cheia e avança em minha direção para tomar o objeto das minhas mãos. — Vamos descobrir quando chegar lá! — me lança um olhar repreensível.

— Ah, então anda logo — peço impaciente.

Ao mesmo tempo que eu quero ouvir eu não quero, pois eu sei que está perto de chegar ao fim e não retornarei mais aqui para ler esse livro e vou ficar querendo saber o que mais a nossa mãe escreveria sobre nós. Ela também iria se alegrar quando eu começasse a estudar assim como foi com Lana?

Mamãe estava feliz que a minha irmã sabia ler corretamente e era muito inteligente. A mesma desejava que isso também acontecesse comigo e já me ajudava a escrever o meu nome e a ler, pois eu estudaria com seis anos. Eles planejavam a minha festa de cinco anos, mas não chegou a realizar porque morreram no início de julho.

"Já fazia dois anos que o meu Diogo jogava em jogos de loteria e nunca ganhava. Eu pedi para ele parar de só gastar e não ganhar nada, mas o meu amor seguia confiante e dizia que um dia ganharia e mudaria a situação da nossa vida. Porém nós tínhamos uma vida boa, conseguiam cuidar bem de nossas pequenas...