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Estou terminando o café da manhã de repente ouço uma gritaria que nunca tinha visto antes na direção da sala. Apresso os meus passos para ver o que se passa. Talvez seria melhor eu continuasse tomando o café do que interferir, pois pode ser uma briga familiar e eles não vão gostar da minha presença.
Pela voz parece ser a Marta dando berros altos.

— … quero saber onde ele estar! — a mãe de Thiago grita desesperada.

Cléo e Laissa descem as escadas ao mesmo tempo quase correndo com os rostos completamente assustados, assim como eu. Pelo semblante confusos quer saber também do que se trata.

— Calma meu amor, talvez alguma criada colocou ele em outro lugar. — Marcelo passa o braço nas costas de Marta para acalmá-la.

Eu ainda não sei o motivo dessa gritaria, mas imagino que algo tenha desaparecido. Esses dias na casa de Thiago, eu nunca tinha visto Marta tão irritada. Hoje ela está totalmente fora do controle, precisa ser colocada no sofá com a ajuda do marido.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Cléo pergunta aproximando da mãe, passando a mão nos cabelos desgrenhados.

A gritaria aqui embaixo acordaram as garotas que dormiam tranquilamente.
Permaneço alguns metros de distância, só quero saber por qual motivo Marta está tão brava. Renato passa por mim depressa com um copo d'água na mão e entrega a mãe.

— O colar que o nosso pai a deu de presente no primeiro aniversário de casamento sumiu. — Thiago explica em pé próximo a mãe, acariciando o ombro dela.

— Como assim sumiu? — é vez de Laissa perguntar com as mãos cruzadas sobre o busto.

— Sumiu, você não sabe? Desapareceu. — Thiago responde também irritado e passa uma mão na cabeça.

— Chame as criadas. — Marta diz depois de beber a água, parecendo estar mais calma. — Você mesmo que não está fazendo nada, chame-as. — Fala de um modo frio olhando para mim.

Saio depressa para a cozinha sem contrariar.
Antes de sumir completamente consigo ouvir Thiago dizer:

— Mãe não fala assim com Alice!

Chamo as criadas e explico o que está ocorrendo na sala. Elas estavam na cozinha conversando como se nada tivesse acontecendo na casa, acredito que não faz parte bisbilhotar discussão da família. As mesma ficam um pouco desesperada e apreensiva ao ter que encarar um possível furto.
Assim que nós chegamos na sala, Marta está em pé com uma caixa na mão e vem até as criadas.

— Quem de vocês entraram no meu quarto para fazer a faxina? — questiona encarando elas.

— Foi eu senhora. Eu e Alice. — Márcia diz nervosa.

Marta olha para mim semicerando os olhos e volta a olhar Márcia do mesmo modo.

— Foi você que pegou o meu colar? — Marta pergunta respirando fundo.

— Não, lógico que não, eu jamais faria isso. — Ela arregala os olhos bem nervosa.

Começo a ficar incomodada, vai sobrar para mim, eu sei que vai. Sou a única que eles não tem a total confiança aqui. Tento me controlar, pois se nervosismo se apossar de mim, vão pensar que fato roubei a jóia e eu não o fiz.

— Ótimo! Se não foi você, então foi quem? Alice? — ela fala meio irônica e me olha.

Não vejo julgamento em suas palavras, apenas uma pergunta, mas mesmo assim fico desesperada, eu não quero que eles pensam que sou uma ladra.

— Não. Eu não o peguei. Sou de uma família simples, mas nunca faria isso. — Tento me defender e minha voz sai anormal.

— Alice também não faria uma coisa dessa. Eu a conheço pouco tempo e sei muito bem que ela é boa pessoa. — Márcia diz me defendendo chamando a atenção de Marta para ela.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora