5 - III

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O sol brilha radiante nesta manhã. A minha felicidade é grande. Eu mesma não sei explicar o porquê que acordei com tanta felicidade.
Na minha cabeça não passa coisas ruins; que a minha tia pode me proibir de deixar entrar em sua casa ou pode me forçar a ficar lá.

Coisas que ela fazia quase sempre. Me tratando como uma criança.

O sol está diferente. O seu brilho me faz sentir totalmente liberta, livre de qualquer coisa que fosse acontecer. Ou são os meus olhos que me faz enxerga-lo dessa maneira.
Minha animação me faz conversar bastante no café da manhã, o que eu nunca fiz durante o tempo que estou na casa da família do Thiago.

Depois do café, ando até o meu quarto, pegando as duas malas vazias. Thiago me espera dentro de sua Hilux preta.

— O que foi? — pergunto entrando dentro do carro, ergo uma sobrancelha, enquanto Thiago me encara.

Eu sei que posso ter dito umas milhões de vezes, mas os olhos verde oliva dele são muito lindos. Combina com o seu tom de pele.

— Você está diferente. Nem parece a mesma Alice. — Sorri sacudindo a cabeça de leve.

— Como assim, diferente? — questiono deixando escapar um riso.

— Está feliz. Conversou bastante no café da manhã, fazendo até a minha mãe questionar, o que tinha acontecido com você.

O sorriso desaparece do meu rosto por um instante.

Eu não posso ficar feliz?

— Eu não posso ficar feliz por um dia? Não posso conversar? — encaro seus olhos.

Thiago segura na minha mão. Toda vez que eu questiono algo e não é aquilo que eu pensei, ele tem essa mania irritante de segurar a minha mão.

— Não. Não é isso. É que ontem, você estava preocupada com a sua tia. E hoje você reage desse jeito, eu apenas estranhei.

Sorrio novamente.

— Pra falar a verdade, eu também não sei porque eu estou feliz. Acho que... É porque vou ter minhas coisas de volta. Não sei. E sobre sua mãe. Como ela reagiu ontem? — pergunto.

Ele dá de ombros.

— Normal. Ela concordou. Mas disse para não dar o endereço. Ela teme que sua tia possa fazer alguma coisa. Sabe?

Respiro fundo.

— A minha tia não envolve com bandidos. Ela pode até ter me maltratado. Mas roubar,matar é impossível. — Respondo desviando o olhar.

— Eu sei, eu sei. — Diz calmo.

— Como eles reagiram, quando você contou sobre o que aconteceu comigo?

Nossa, eu faço tantas perguntas, com certeza as pessoas ao meu redor irrita com isso. Mas Thiago parece não se importar com os meus questionamentos.

— Eles ficaram comovidos. A minha mãe falou para você denunciá-la. Isso não acontece nos dias de hoje. ' Prender uma adolescente dentro de casa? Em que país ela vive? ' — tenta imitar a voz da mãe.

— Ela não me prendia. Às vezes ela não me deixava sair, ir em festas ou algo assim.

Thiago assente, compreendendo a minha explicação. Vejo uma certa curiosidade em seus olhos.

— Oh;Alice, a sua tia não tem esposo? —  pergunta dando partida no carro.

— Sim. Mas ele é caminhoneiro. De vez em quando ele aparece. Eu gostava quando ele voltava, pois ele não me maltratava. Ele apenas cuidava de mim.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora