Sem Direção (Concluido)

5 - II

Coloco uma calça jeans azul, com um rasgo horizontal nos dois joelho e uma blusa amarela regata gola U, sem deixar os seios à mostra. Pego um blazer e me cubro.
Olho mais uma vez no espelho para verificar a maquiagem. Faço um coque baixo nos meus cabelos negros.

Ao terminar, desço as escadas e vou até a garagem. Thiago me espera dentro do seu carro. Ele abre a porta quando eu aproximo. Me sinto desconfortável com o seu olhar curioso.

— Você está elegante. — Por fim ele diz com um sorrisinho.

Até mesmo o seu sorriso me provoca calafrios.
O pouco tempo que estou convivendo com ele, deu para perceber que a sua cor favorita é preta. A blusa preta com jaqueta azul e calça jeans branca caiu perfeitamente no seu corpo.

— Você acha? — sorrio.

Ele arqueia a sobrancelha em resposta, liga o carro e dá partida.

O meu coração começa acelerar assim que chegamos na entrada da cidade.
A minha tia pode a qualquer momento aparecer onde eu estou e querer me levar de volta para o sofrimento.
Começo a tremer. Não quero passar por aquele sofrimento novamente. Às vezes ela me tratava como criança.

— O que houve? Você parece tensa. — Thiago pergunta ao perceber meu nervosismo.

— Estou com medo da minha tia descobrir que estou na cidade e me fazer voltar para sua casa. — Falo a verdade.

Confio em Thiago, não tem preciso esconder o meu medo dele.

— Alice ela não vai saber. Ela não está trabalhando? — questiona.

— Sim, mas ela trabalha em um comércio próprio. Em uma frutaria na verdade.

— Sei. Mas mesmo assim. Ela não pode te levar contra a sua vontade. Se ela querer fazer isso, pode acionar a polícia. — Diz olhando para os lados certificando se não vinha algum carro.

Apenas assinto.

Quando chegamos no supermercado ele estaciona o carro na lateral do asfalto. Descemos e entramos.
Ele segura uma listra de compras. Ele me fala o que pegar e qual a marca.
O medo que há pouco tempo percorria pela minha espinha, já não sinto mais. Estou mesmo me distraindo, como a mãe do Thiago disse.

Thiago me leva em um restaurante próximo do supermercado, após terminar de fazer as compras.
É um dos mais sofisticado da cidade. Sempre sonhei em comer aqui, mas nunca pude realizar esse desejo. Hoje será meu dia de sorte.
Tento ao máximo ter uma postura elegante. As pessoas que almoçam nele são chiques, não podia contrariar.

Um garçon vem até nós e traz o cardápio.

— Assim que escolher é só me chamar. Vai pedir algo de entrada? — ele pergunta olhando Thiago.

— Eu não, você quer Alice?

Penso uns instante o que responder.

— Também não. — Digo olhando para o garçom que espera a minha resposta.

Abro o cardápio. No almoço tem comidas que nunca tinha visto na minha vida. Com nomes estranho. Começo a sentir tonta de vergonha.

— O que você quer? — Thiago pergunta.

Fecho o cardápio e tento acalmar para ele não perceber a minha vergonha.

— O que você me recomenda?

Não quero escolher algo que eu não gostasse e ter que devolver ou ficar com fome.

— E se eu te recomendar e você não gostar? — Ele estreita os olhos.