26. Vivendo uma mentira

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— Não, isso não é verdade — neguei com a cabeça, disposta a não cair na armadilha. — Por que está fazendo esse jogo comigo, Kevin? — A minha voz já estava embargada pelo choro. — A tatuagem é falsa! Eu tenho certeza de que é falsa! — O loiro suspirou com pesar e esfregou a região com força. Cada letra permaneceu igual, nada foi alterado. — Você fez recentemente, então! — Justifiquei falando alto, um pouco mais descontrolada a cada segundo. — Só pode ter sido isso!

— Me perdoa, (s/a) — Park tentou se aproximar, mas eu me espremi na porta enquanto acenava negativamente com uma das mãos. E ele parou de caminhar no mesmo instante, obedecendo-me. — Eu só quero...

— Não se aproxima de mim.

— Tudo bem! Você está no controle! — Ergueu os braços em rendição. — Só preciso que pare, pense e acredite no que eu digo agora — me olhou fixamente. — Essa história de que sou o seu marido com problema de identidade é bizarra.

— Você se tatuou como o Jimin, não há outra possibilidade — insisti, secando as lágrimas que caíam sem o meu consentimento. — Isso tudo é uma grande mentira! — Aumentei o volume da voz. — Você não é o meu cunhado! Não é!

— Eu sou — falou baixo, mas firme. — Infelizmente.

— Não... — neguei com a cabeça mais uma vez, recusando-me a acreditar no que ele dizia.

— Juro que queria ter tido a oportunidade de te conhecer antes daquele merda do meu irmão — agora era o rapaz quem enxugava os olhos. — Eu deveria ser o seu marido hoje. Nós somos destinados, somos perfeitos juntos e o Jisung apareceu no nosso caminho apenas pra atrapalhar.

— Cala a boca! — O meu grito saiu estridente, fazendo-o pôr as mãos nos ouvidos. — Isso é mentira e eu não vou acreditar, entendeu? Você está mentindo!

— Não estou... — o loiro respirou fundo antes de continuar. — Espere um momento, por favor.

Park caminhou apressadamente até o closet e eu permaneci paralisada, usando aquela porta como apoio para não cair. Eu me sentia fraca, exaurida, a ponto de desabar ali mesmo. As minhas forças haviam ido embora e o que eu mais queria era poder fechar os olhos e quando os abrisse novamente, ter a certeza de que tudo o que Jimin disse foi apenas um pesadelo. Eu chorava em silêncio, não conseguindo imaginar e acreditar que o meu cunhado esteve comigo durante um tempo ainda desconhecido por mim. Aquilo poderia ser real? Eu seria mesmo incapaz de reconhecer o meu próprio marido? Fui ingênua ou burra por acreditar em uma mudança radical como aquela? Céus... Eu desejava desaparecer daqui e me poupar de ouvir qualquer palavra que saísse da boca daquele coreano louco.

— Meus documentos — ele voltou erguendo o seu passaporte e a sua carteira de habilitação na minha direção. — Park Jimin — falou quando peguei os dois. — Aqui está o meu celular pessoal, que possui as mensagens da minha mãe, do meu pai e do Samuel e assim confirmam que houve a troca — estendeu-me o aparelho e, receosa, eu o segurei. — Também tem as fotos que eu tirei com os meus pais ao longo desses anos que o Jisung esteve contigo e longe de nós, as fotos com a minha ex-namorada, as senhas das minhas redes sociais desativadas temporariamente, os números dos meus amigos de trabalho e de faculdade, os e-mails dos meus professores e do meu chefe... — suspirei ao ver o celular com a tela desbloqueada, mostrando-me a área de mensagens recebidas. — Tudo sobre mim — disse rápido, ansioso para que eu conferisse as coisas que ele falava. — Eu sou formado em Engenharia Civil, trabalhei em algumas construtoras, o meu nível de inglês é mediano e...

— E como você fala tão bem? — Sussurrei a pergunta, assustada demais com aquilo tudo que tinha em mãos.

— Aulas intensas, de longa duração por ter tido pouco tempo pra aperfeiçoar.

Impostor | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora