14. Paciência e compreensão

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— Por que está me pedindo isso? — Murmurei a pergunta e não obtive resposta.

Park afastou-se um pouco e apoiou o meu rosto em suas mãos antes de me beijar. Nossos lábios moviam-se lentamente enquanto os seus dedos acariciavam as minhas bochechas com lentidão, em um carinho tranquilizante. Aquele beijo era carregado de puro amor. De repente, uma batida no vidro nos fez cessar o contado e rapidamente focar a atenção em quem estava do lado de fora. Um homem sorria gentilmente para nós dois e pediu, usando as mãos, para que eu abaixasse a janela.

— Posso ajudar em algo? — Meu marido perguntou com gentileza, o que não era muito do seu feitio antigamente.

— Vocês chegaram agora ou vão sair? — Ele perguntou apressado, claramente desestabilizado. — Não há vagas e eu preciso entrar pra buscar o meu filho

— Nós vamos sair — Park respondeu antes de sorrir fechado.

— Um minuto — completei.

— Muito obrigado, meus amigos — estendeu a mão para apertar a minha e fez o mesmo com a de Kevin, que teve que esticar-se para alcançá-la.

— Bonzinho como está, você vai me deixar ainda mais apaixonada — falei quando estávamos sozinhos e eu já manobrava para sair da vaga. Kevin apenas riu.

Após buzinar para o homem e ser retribuída, segui o caminho até a nossa residência. Conversávamos animadamente sobre o quão divertido havia sido o jogo e o loiro afirmou gostar de basquete desde a infância, o que justificou o fato de ele saber tanto sobre as posições dos jogadores e pontuações. Chegamos em casa e depois que cada um tomou o seu banho e trocou de roupa, Kevin foi sorrateiramente até a cozinha e me surpreendeu quando retornou para o quarto com dois sanduíches feito por ele. Isso era completamente novo também.

— Amanhã tenho um compromisso — falei assim que terminamos de comer. Park me olhou com curiosidade.

— Posso saber qual? — Cruzou os braços e cerrou os olhos me fazendo rir.

— Não é nada de mais, só vou visitar uma casa de acolhimento — coloquei o meu copo vazio sobre a bandeja e o encarei.

— Idosos?

— Não. Animais.

— Posso ir contigo? — Seus olhos pareceriam brilhar agora. — É que... Eu gosto de animais, você sabe.

— É? — Franzi o cenho. — Não sei, não — ri. — Você nunca falou se gostava ou não, na verdade.

— Sério? — Pressionou os lábios. — Achei que já tinha te dito.

— Nunquinha — nos encaramos por um tempo. Enquanto Kevin estava sério, eu sorri. Era tão bom vê-lo se abrir mais, porém era uma pena que isso só esteja acontecendo agora. — Admite que está querendo ir comigo porque chegou ao ponto de não conseguir ficar distante de mim.

— Eu realmente quero ir — agora foi a minha vez de cruzar os braços enquanto Park ria alto. — Mas também quero muito ficar mais tempo ao seu lado. Pode acreditar.

— Não acredito.

— É mesmo? — Aproximou-se e me puxou ao seu encontro pela cintura. Kevin uniu os nossos lábios em mais um beijo lento, carinhoso. — Acredita agora?

— Totalmente — sorri.

Com preguiça de descer para levar a louça que usamos, Kevin colocou a bandeja no chão e deu de ombros quando eu gargalhei. O meu marido se aninhou em meus braços após deitar e eu não pude conter o sorriso gigante. Aquela viagem para a Inglaterra significou muito, devo admitir. A partir de hoje, vou pensar nela como um modificador de Kevins, onde houve a saída daquele marido desleixado e a chegada do companheiro dedicado. Passar aquele tempo longe de mim foi a melhor coisa que Park poderia ter feito, isso é fato.

Impostor | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora