28. Continuar tentando

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— Pode entrar, senhora! — O médico sorriu, gentil. — O senhor Park irá... — Foi interrompido pela abertura da porta, ação que nos assustou. E quem saiu do quarto foi Noah, que segurava um notebook com as duas mãos e se surpreendeu ao me ver. Então ele sabia do estado de saúde do chefe? — Ah, Noah, veio anotar as informações do prontuário para os familiares do Kevin?

— S-Sim... — Ele acenou fortemente com a cabeça, atordoado. — Como vai, senhora?

— O Noah sempre esteve por aqui? — Questionei o médico, pouco me importando com o que ele pensaria a respeito da minha grosseria com o norte-americano.

— Sim, desde o início — franziu o cenho. — Ele não passou as informações do prontuário? Nós não ligávamos justamente porque o Noah fazia esse papel de ponte entre o hospital e a senhora — olhou para o rapaz e em seguida para mim.

— É... Ele me mantinha atualizada, sim — sorri fechado, profundamente incomodada. Aquele mentiroso havia me dito que não sabia de nada sobre o Jisung. — Eu apenas perguntei porque quis conferir se o trabalho foi feito corretamente — menti, tentando eliminar o constrangimento que se instaurou ali. — Noah tem um histórico de faltas.

— Ah, está explicado! — O profissional riu enquanto o outro permaneceu acuado, certamente com medo até do meu cheiro. — Podemos seguir?

— Claro — encarei o funcionário do meu marido. — É bom saber que você, assistente pessoal do Kevin, está com o Samuel e os demais nisso tudo — cerrei os olhos para o mais novo. — Agora sai da minha frente, por favor.

— Tud... Tudo bem, senhora — apertou o notebook nas mãos e afastou-se depressa.

Já um pouco irritada, dei passos firmes e corajosos na direção da porta e segurei a maçaneta com força, esforçando-me para controlar todos os impulsos. Eu tinha que continuar mantendo o controle. Eu sou forte, sei disso. E assim que respirei fundo pela última vez, girei a peça com afobação e destranquei a sala. O momento havia chegado. Poucos segundos depois, ao escancarar aquela porta, eu me vi de frente para Park Jisung. O homem com quem havia me casado anos atrás. Ele estava deitado sobre uma cama que mantinha o seu tronco levemente inclinado e a sua magreza chamou a minha atenção de imediato. Porém, mesmo debilitado, Kevin esforçou-se para sorrir ao me perceber ali. As minhas pernas bambas seguiram um trajeto aleatório até ele, fazendo-me esbarrar na ponta do móvel que lhe oferecia conforto, e logo as nossas mãos estiveram juntas novamente. Depois de tantos meses de distanciamento.

— Kevin... — sussurrei chorosa. Era doloroso vê-lo tão frágil. — Oi.

— Amor... — o loiro murmurou, tendo os olhos abarrotados de lágrimas. — Que... Que bom... — Tentou falar mais, porém foi interrompido por sua própria careta de dor.

— Não, não fala nada agora — acariciei a sua bochecha delicadamente. — Vamos ter tempo pra conversar bastante em breve — sorri, tentando ao máximo segurar a vontade de chorar. Eu esperava encontrar o meu marido fraco, mas não imaginava que o tempo em coma induzido havia retirado tanto peso dele. Até os seus lábios pareciam menores, murchos. — Eu estou aqui. Ninguém vai me tirar de perto de você.

— Por... Por que... Demorou? — Insistiu em falar e fez justamente uma pergunta complicada. Céus... O que eu responderia?

— Senhor Park, sem extravagâncias — o médico alertou e inconscientemente me salvou. — Nós combinamos.

— (s/n)... — O meu marido chamou ainda mais baixo.

— Estou ouvindo.

— Eu te amo — disse de uma vez, tossindo logo após.

Impostor | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora